Aracaju (SE), 24 de novembro de 2024
POR: José Lima Santana - jlsantana@bol.com.br
Fonte: José Lima Santana
Em: 26/11/2016 às 22:45
Pub.: 27 de novembro de 2016

LUZES E SOMBRAS NO CAMINHO DO PAPA FRANCISCO :: Por José Lima Santana

José Lima Santana - jlsantana@bol.com.br

A agência de notícias internacional Reuters, publicou, no último domingo, a seguinte frase: “O papa Francisco encerrou neste domingo o "Ano Santo da Misericórdia" da Igreja Católica Romana, um período que inspirou a esperança entre muitos seguidores, mas também foi marcado por conflitos em todo o mundo e lutas internas dentro da própria Igreja”.

 

CONVITE

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Deveras, um ano muito difícil para o mundo, para o Brasil, e, claro, para a Igreja, especialmente para o Papa Francisco. Há muito tempo, talvez, não se tenha visto um Papa tão aberto ao povo, mas, por outro lado, tão criticado, à surdina e às claras, por certos segmentos da própria Igreja. E também por segmentos do mundo político e empresarial, que defendem o capitalismo selvagem que quer fazer dos trabalhadores e das pessoas mais pobres de qualquer parte do mundo míseros pobres coitados, tornando-os “objetos” da ganância, quando, na verdade, todo e qualquer ser humano é sujeito de todo processo histórico. Cães raivosos ladram contra o Papa da simplicidade e da voz firme contra todo tipo de abuso, dentro e fora da Igreja. Cães de pescoço grosso e cães de rabo fino. De todos os tipos. Estou sendo duro? Poderia ser muito mais. Hoje eu estou ameno. Aliás, tenho procurado, ao longo de 40 anos peregrinando na Igreja, como leigo engajado, estar com Jesus Cristo no meu coração, apesar de muitas quedas e de muita disposição para me levantar tantas vezes quantas foram precisas. E, por vezes, o Jesus que está no meu coração é aquele mesmo Jesus que expulsou os vendilhões do Templo, virou bancas de cambistas gananciosos e afirmou o seu zelo pela Casa do Pai.
    
Não têm sido poucas as sombras lançadas no caminho do Papa Francisco, por aqueles, clérigos ou não, que almejam uma Igreja enclausurada no conforto e na “segurança” das paredes de suas casas e das paredes dos templos. Jesus não teve casa, onde pudesse repousar a cabeça, nem templo (sinagoga) do qual fosse o Sumo Sacerdote. E imaginemos que Ele era e é o verdadeiro Sumo Sacerdote! Porém, nasceu numa manjedoura, numa cidadezinha perdida nos confins da Judeia. E viveu pelo mundo, sempre pronto para estar “em saída”, como no-lo diz o Papa que aí está. E louvado seja Deus, porque Francisco aí está!
    
Ninguém é obrigado a gostar de A ou de B, ou C ou de D. Seja lá quem for, ou de quem for. Todos nós temos o direito de ter preferências, de fazer escolhas. Todavia, na Igreja, quem fez votos de castidade e de obediência (ou, também, de pobreza, no caso dos religiosos e das religiosas) deve ter a coragem e a honradez de cumpri-los. A obediência imediata é para com o ordinário (bispo), mas, por meio da comunhão dos bispos, também com o bispo de Roma, ou seja, o Papa. Assim, o voto de obediência também é dirigido a ele. Há um Papa que alguém pode gostar mais, ou pode gostar menos. Normal. Normalíssimo. Eu, por exemplo, sempre disse a Deus e ao mundo que o Papa da minha predileção foi João XXIII. E teria sido também João Paulo I, que, fato lamentável, nos deixou tão brevemente. Mas, agora, temos Francisco. E eu o admiro por demais. A Igreja precisava de um Papa pastor por excelência. Aí está um.
    
Acima das sombras lançadas no caminho de Francisco por quem tem um lado escuro no coração, ou, quem sabe (e Deus me perdoe!!!), por quem tem a escuridão plena no coração. Quem tinha o que esconder e vivia nas sombras.
    
Um padre que está em Roma, estudando, disse-me que “há uma indiferença muito grande por parte do clero encastelado em Roma, para com o Papa Francisco”. Se isso for verdade, e eu lamento pensar que assim o é, é triste. Insisto em dizer que cada um tem o direito de fazer escolhas, mas, é terrível admitir que são tantas as vozes veladas ou não que se levantam contra Francisco. Ora, cada católico, ou cada bando de católicos que pensam o que bem querem e entendem, parece querer um tipo de Papa para si, e não um Papa para toda a Igreja, como cada Papa é eleito? Deveras! As conveniências pessoas devem prevalecer na Igreja? A Palavra não conta? A Tradição Apostólica não vinga? O Magistério da Igreja não tem lugar? Meu Deus! Que tempos vivemos nós, neste momento!
    
O padre que me falou sobre a indiferença clerical em Roma, no tocante a Francisco, também me disse: “Francisco está no caminho certo”. Eu também acho. Que ele continue desse modo.
    
Criticam tanto o Papa Francisco porque ele tem a coragem de denunciar o que estava há tanto tempo debaixo do tapete, como ele o fez na última quinta-feira, dia 24, quando disse de forma veemente ao discursar, no Vaticano, para delegações de jesuítas de todo o mundo, segundo a Agência italiana ANSA: "O clericalismo é rico. E se não é rico de dinheiro, o é de soberba. Mas é rico, tem um apego às posses. Ele não se deixa ser criado pela mãe pobreza, não deixa que protejam o muro da pobreza. O clericalismo é uma das piores formas de riqueza pelas quais a Igreja é acometida, ao menos em alguns lugares da Igreja e mesmo nas experiências mais cotidianas”.
    
Com afirmações como essa do Papa Francisco dói em quem tem culpa no cartório, em cuja cabeça a carapuça cai! E como isso faz bem a quem quer ver a Igreja de Jesus Cristo livre de abusos e de abusadores! De todos os tipos. De todos os graus clericais. E de parte do laicato também. Afinal, o clericalismo atinge o clero e os leigos, que se deixam arrastar por um clericalismo que, não raro, é mais estúpido do que o clericalismo do próprio clero.
    
Que a Francisco Deus conceda saúde, firmeza, sabedoria e discernimento para continuar combatendo com desvelo os males que corroem por dentro a Igreja de Jesus Cristo. Que ele jamais esmoreça e que tenha vida longa. Que fique latente nos católicos que reverenciam Francisco estas suas palavras, proferidas ao fechar a Porta da Misericórdia: “Pedimos a graça de nunca fechar as portas da reconciliação e do perdão, mas sim de saber superar o mal e as diferenças, abrindo todos os caminhos possíveis de esperança”. Aplausos para Francisco. As luzes hão de superar as sombras no seu caminho. Vivas sejam dadas a Jesus Cristo!

(*) DIÁCONO. ADVOGADO. PROFESSOR DA UFS. MEMBRO DA ASL DA ASLJ E DO IHGSE.
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