Dom João José Costa e o Pálio :: Por José Lima Santana
José Lima Santana* - jlsantana@bol.com.br
Dom João José Costa e o Pálio (Imagem: Reprodução/CTV)
“Uma vez confeccionados, os pálios são abençoados pelo Santo Padre, guardados numa arca junto ao túmulo do Apóstolo São Pedro, o primeiro Pontífice, e entregues pelo próprio Papa, no dia 29 de junho de cada ano, na Solenidade de São Pedro e São Paulo, aos Arcebispos nomeados após a celebração do ano anterior. O uso do pálio, que nos primeiros séculos do Cristianismo era exclusivo dos Papas, passou a ser usado pelos Metropolitas a partir do século VI, tradição que vigora até os nossos dias. Qual o significado do pálio usado pelo Arcebispo? Para entendê-lo, é importante ter presente que a Igreja Católica está organizada pelo mundo afora em províncias eclesiásticas. Cada uma é formada por algumas dioceses (não há número determinado) e uma arquidiocese. À frente dela esta o Metropolita, que é o Arcebispo da diocese-sede. As palavras “arqui” e “arce”, colocadas junto às palavras diocese e bispo, vêm da língua grega, e significam “a primeira”, “o primeiro”. Assim, a Arquidiocese e o Arcebispo são “a primeira” e “o primeiro”, não em linha de importância, mas para serem aquela e aquele que devem estar a serviço e promoção da comunhão.” (Dom Jacinto).
Após a sua nomeação de Arcebispo, deve o Metropolita pedir ao Bispo de Roma, o Papa, o pálio, símbolo de seu “poder” (o serviço e promoção da comunhão) na própria Província Eclesiástica e de sua comunhão com a Sé Apostólica. Uma vez recebido o pálio, o Arcebispo usa-o unicamente dentro das funções litúrgicas, sobre os paramentos pontificais, dentro da Província a que preside, e unicamente nela, como diz Dom Jacinto. Como todos o sabem, a Província Eclesiástica de Sergipe é composta pela Arquidiocese de Aracaju e pelas Dioceses de Propriá e Estância.
Vejamos o que disse o Papa Bento XVI sobre o pálio na homilia que ele fez, no dia 29 de junho de 2005, ao entregá-los aos Arcebispos daquele ano: “Estais para receber o palio das mãos do Sucessor de Pedro. Fizemo-lo abençoar, como pelo próprio Pedro, pondo-o ao lado do seu túmulo. Agora ele é expressão de nossa responsabilidade comum diante do ‘supremo pastor’, Jesus Cristo, da qual fala Pedro na sua Primeira Carta. O pálio é a expressão da nossa missão apostólica. É expressão da nossa comunhão, que no ministério petrino tem a sua garantia visível”. Citação feita em artigo publicado na internet por Dom Jacinto Bergmann, Arcebispo de Pelotas, no Rio Grande do Sul. (https://formacao.cancaonova.com/espiritualidade/palio-a-expressao-da-missao-apostolica/ Acesso em 25 de junho de 2017).
Que todos nós católicos na Arquidiocese de Aracaju possamos, ao nosso modo e como pudermos, ajudar Dom João a ser sempre digno do pálio que ele está recebendo das mãos do Papa Francisco, nesta quinta-feira, 29 de junho de 2017, dia da Solenidade de São Pedro e São Paulo – e a usá-lo com toda a consciência do seu significado. Certamente, ele o fará com prudência, firmeza e determinação. Em Roma, Dom João optou por receber o pálio sem comitiva. Possivelmente, por dois motivos: primeiro, a impossibilidade de convidar membros do clero que pudessem viajar às expensas da Cúria Metropolitana, por absoluta impossibilidade financeira momentânea para tal; e, segundo, dada a sua simplicidade, que não se coaduna com as pompas. Para Dom João, receber o pálio não se trata de uma festa, mas da confirmação de sua missão, que é o amor, a caridade pastoral em relação ao rebanho que lhe foi confiado. E, obviamente, a sua ligação fraterna com os bispos da Província Eclesiástica da qual ele é o Metropolita. Mas, acima de tudo, a sua estreita relação com o Papa, o sucessor de São Pedro.
Que o clero aracajuano possa se unir em torno do seu pastor. Precisamos de unidade. Que o laicato também se integre cada vez mais ao seu pastor. Com cinco meses e dez dias, à frente da Arquidiocese de Aracaju, Dom João procura dar sequência ao profícuo trabalho desenvolvido por Dom Lessa, em duas décadas à frente da mesma Arquidiocese. Cada pessoa, em qualquer atividade, tem o seu ritmo e o seu estilo de trabalho. E não seria diferente entre Bispos e Arcebispos que vão se sucedendo. Ademais, assim é a vida. Embora nem todos o queiram compreender. Infelizmente.
No dia 15 de setembro vindouro, o Núncio Apostólico virá a Aracaju para fazer a entrega definitiva do pálio a Dom João José Costa, como manda a tradição. Aguardemos.
*PADRE. ADVOGADO. PROFESSOR DA UFS. MEMBRO DA ASL DA ASLJ E DO IHGSE
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