Aracaju (SE), 24 de novembro de 2024
POR: José Lima Santana
Fonte: José Lima Santana
Em: 05/08/2017
Pub.: 07 de agosto de 2017

POLÍTICOS FAST-FOOD :: Por José Lima Santana

José Lima Santana* - jlsantana@bol.com.br

José Lima Santana (Foto: Arquivo Pessoal)

José Lima Santana (Foto: Arquivo Pessoal)

Todo mundo está careca de saber que fast-food é comida rápida, ou, como se diz em Portugal, comida pronta. É a denominação genérica dada ao consumo de refeições que podem ser preparadas e servidas em um intervalo pequeno de tempo. Podem ser sanduíches, pizzas, pastéis e tantas outras.

O interessante é que, no Brasil, há um tipo de fast-food, que, talvez, não se encontre em nenhum outro lugar do planeta, ao menos, com tanta profusão e com tanta falta de caráter. Trata-se de um tipo de político que, nos últimos tempos, tem crescido como erva daninha, como o joio que cresce em meio ao trigal. Uma corja! Um bando de descarados!

Os políticos fast-food são iguais a um vírus, desses que aparecem de repente e vão ficando, contaminando tudo e todos. Ou contaminando quase tudo e quase todos. São políticos que, aparentemente, até parecem ter estatura de dignos mandatários do povo, mas, que, na verdade, não passam de nanicos, de amebas, que vivem do lodo intestinal. Apenas parecem. Malditos sejam eles!

Esses políticos são do tipo fast-food porque ligeirinho, ligeirinho, eles estão prontos para tomar de assalto este ou aquele partido político, ou para fazer parte desta ou daquela coligação. Aproveitam-se o quanto podem, como cupins que devoram a madeira podre. Eles próprios são podres. Posam de bons moços, de cordeirinhos inofensivos. De defensores do povo. Nas entrevistas, eles logram dizer que o povo é a sua razão de estar na vida pública. Que bonito! Porém, nos bastidores, nos porões fétidos dos palácios e dos salões tapetados, eles se arrastam no lodaçal da patifaria mais sórdida que se pode conceber. Ora, eles são lacaios do poder; ora, são os sustentáculos do mesmo poder, desfigurado pelo fisiologismo, nalguns casos, ou, noutros casos, pela corrupção passiva desenfreada. 

Essa corja malsinada aproveita-se da situação de certos governos aos quais dão sustentação, especialmente quando estão nos cargos legislativos, na União, nos Estados, no DF e nos Municípios. Formam um bloco considerável de legisladores que não estão nem aí para o povo e suas necessidades. O que eles querem? O que eles defendem? O que eles fazem? Nada além daquilo que lhes serve. Como dizia uma personagem de determinado programa humorístico da televisão, “o povo é apenas um detalhe”. E que espoliado e sofrido detalhe tem sido o povo!

Os tais políticos fast-food esmeram-se em cuidar do próprio umbigo. Do próprio bolso, de um ou de outro jeito. Descaradamente, põem dinheiro na cueca, em malas etc. Arranjam cargos para os seus apaniguados, muitos deles sem as condições morais e técnicas para exercê-los. Conseguem propinas. Empanturram-se de safadezas. E riem como hienas nas inserções televisivas às quais os seus partidos políticos têm direito, através de uma legislação arcaica, que faz com que o povo pague indiretamente o custo de tais inserções. Os tais políticos que as pagassem de seus próprios bolsos, e não o povo! Afinal, eles ludibriam a fé do povo. Enganam os seus eleitores. Compram os seus votos a cada eleição, de uma maneira ou de outra. E, infelizmente, muitos eleitores se deixam seduzir pelas migalhas que caem de suas mesas faustosas, onde o festim maldito tem lugar. O festim da corrupção. Da pouca vergonha. Ou, melhor, da absoluta falta de vergonha. 

Todo mundo conhece a história de Diógenes, filósofo grego do século IV AC: em plena luz do dia, ele costumava caminhar por Atenas, com uma lanterna nas mãos, à procura de um homem honesto. Pois bem. Precisamos de holofotes, de canhões de luz, para acharmos um homem ou uma mulher que possa, em 2018, merecer o nosso voto (voto de cada eleitor ou eleitora consciente de que é chegada a hora de resgatar o nosso país das mãos lambuzadas dos que aí estão), e que, sem se mostrar como um (a) pérfido (a) salvador (a) da Pátria, possa ter o tirocínio e a hombridade necessários para limpar a sujeira que está tanto sob o tapete, quando sobre o mesmo. 

As camarilhas dos aproveitadores, dos dissimulados, dos cínicos, dos corruptos estão à solta. Estão no Partido A e no Partido B. No C, no D, no E... Em todos os cantos elas, as camarilhas, aí estão. Elas tomaram de assalto o poder, há anos e, especialmente, nos últimos dez, doze, quinze ou um pouco mais de anos, sabe-se lá. Cada uma age do modo que melhor lhe convém. E, o que também é muito grave, cada camarilha tem os seus defensores obstinados, cegos, que se espalham pelos meios de comunicação social, defendendo-as e atacando as camarilhas opostas. São “soldados” da carnificina moral. As redes sociais estão cheias deles: dos “coxinhas” e dos “mortadelas”. Destilam venenos. Vomitam verborreias. Erguem os seus supostos ídolos aos píncaros da “glória”. Transformam-nos em santos. E santos eles devem ser mesmo: santos de pau oco. Santos sem nichos ou sem charolas. Enlameados santos. 

Os políticos do tipo fast-food arvoram-se no direito de levar a vida como numa gangorra, balançando-se para cá e para lá, a depender do lado no qual possam se servir da forma que, momentaneamente, lhes convém. Dou-lhes, caríssimos leitores, um exemplo acabado: alguns parlamentares federais, nos últimos tempos, estiveram em todas as bibocas do poder. Apoiaram os tucanos de FHC. Mudaram de lado e ficaram com Lula e Dilma. Deixaram esta, quando ela já agonizava, e tocaram tambores e panelas em favor do impeachment. Com Temer “brilhando” na Operação Lava-Jato, dele já se afastaram, alegando questões éticas. Ora bolas! Falam de ética, pregam o “fora Temer” (que, diga-se de passagem, deveria mesmo sair do Jaburu e do Planalto), mas ajudaram a botar o Temer onde ele está, e, na última quarta-feira, deixaram-no na presidência. O Brasil inteiro está cheio de parlamentares desse tipo, federais, estaduais ou municipais. O pior tipo de parlamentares, de representantes do povo. Aproveitadores de ocasião. Ladrões que roubam do povo ao qual deveriam servir. 

Os políticos do tipo fast-food não são apenas parlamentares. Alguns estão ou estiveram no Executivo. E alguns destes, por vezes, são mais sujos do que pau de galinheiro, para usar uma expressão popularíssima, com todo o respeito aos leitores, e, também, aos galináceos.

Estou cheio dos políticos do tipo fast-food. Eles não valem um casco de siri podre. Aliás, não valem nada. Felizmente, ainda há políticos que não se enquadram nesse tipo maldito. Podem não ser muitos, mas eles existem, sim. Quem sabe, nem tudo esteja perdido. Oxalá! Que Deus vele por nós e pelo Brasil. E que nós saibamos discernir no momento certo, ou seja, saibamos como votar e em quem votar em 2018. Que não nos enganem mais. E que não nos deixemos mais enganar. 

*PADRE. ADVOGADO. PROFESSOR DA UFS. MEMBRO DA ASL DA ASLJ E DO IHGSE

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