O DIA D: 28 DE OUTUBRO :: Por José Lima Santana
José Lima Santana* - jlsantana@bol.com.br
José Lima Santana (Foto: Arquivo pessoal)
Na eleição de 2014 também ocorreu uma divisão muito nítida entre os eleitores. Todavia, agora, o acirramento tornou-se muito maior. Há até mesmo laivos de ódio entre alguns seguidores dos dois candidatos, por vezes alimentados por atitudes dos próprios candidatos ou de seus apaniguados mais próximos.
Nas ruas, a violência, embora em casos pontuais, começa a ser atiçada por conta do acirramento advindo das mídias sociais, dos palanques etc. Evidentemente, há moleques, bandidos, que se aproveitam da situação para dar vazão aos seus instintos animalescos. E bandidos devem ser tratados como tais, no rigor da lei. Não é admissível que a violência possa ganhar as ruas por conta da eleição. Os próprios candidatos devem posicionar-se firmemente contra todo e qualquer tipo de violência. Devem admoestar os seus eleitores. Devem, eles próprios, conforme o caso, conter-se em certas situações. Devem dar exemplos. Devem ser espelhos. Talvez, um mais do que o outro.
O próprio mercado, no que tange às expectativas em torno da economia, está em sobressaltos. O mercado é conservador, impelido pelo neoliberalismo econômico, e precisa de segurança, de confiabilidade. Um candidato atende mais do que o outro às esperanças do mercado. Porém, este mesmo não tem propostas seguras para a área econômica. O mercado, então, fica “nervoso”. As operações na Bolsa de Valores e o câmbio não se estabilizam a contento.
O que podem os brasileiros esperar em caso da vitória de um ou de outro candidato? De um lado, alguns temem o retorno do PT. Do outro, temem a instabilidade que poderá advir do PSL. Estaremos num beco sem saída? Se correr o bicho pega, se ficar o bicho come? Que situação terrível! Qual o menor dos males? Haverá um mal maior e outro menor?
Vamos esperar o Dia D. O que sairá das urnas poderá ser um filhote de bacurau com pernas de girafa e cabeça de mosquito. Ou outro bicho não muito diferente disso, se for do outro lado.
Há, ainda, os temores de uma retomada do autoritarismo por parte de um dos candidatos. Autoritarismo de direita e de cunho militar. Mas, do outro lado, há também o temor do mesmo autoritarismo, embora sob outro viés com o aparelhamento cada vez maior do estado por parte de um partido, que, segundo alguns, não tem planos de governo, mas, sim, de poder, como, aliás, um de seus membros condenados por atos de corrupção, apregoou recentemente, obrigando o candidato do seu partido a desmenti-lo. Meu Deus! Dois rumos incertos. Numa verdadeira encruzilhada é onde nós nos encontramos.
Os dois candidatos tendem a dizer coisas que nunca cumprirão. Dirão apenas para “encantar” os eleitores. Para seduzi-los, cantando o canto da sereia. Que os eleitores possam se acautelar a exemplo de Ulisses, na Odisseia, que se amarrou ao mastro do navio para poder ouvir o canto da sereia sem correr riscos de atirar-se às profundezas do mar sem fim, para nunca mais voltar. Quanto a nós, brasileiros, não devemos cair nas águas dos mares da quimera, que nos querem afundar.
O Brasil precisa de rumo. Precisa de quem possa nos tirar dessa situação caótica em que nos encontramos, a partir do equilíbrio das contas públicas, cujo déficit beira a 80% do PIB (produto interno bruto).
O mundo está de olho no Brasil. E o Brasil deve estar de olho no mundo. Mas, nós eleitores devemos estar de olho em quem?
*PADRE. ADVOGADO. PROFESSOR DA UFS. MEMBRO DA ASL DA ASLJ E DO IHGSE
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