Dorense Futebol Clube: garfado em campo? :: Por José Lima Santana
José Lima Santana* - jlsantana@bol.com.br
José Lima Santana (Foto: Arquivo pessoal)
A torcida do Dorense Futebol Clube está na bronca com a arbitragem da última peleja contra o Itabaiana, pela quarta rodada do hexagonal. Um gol absurdamente anulado, que daria o empate ao Dorense, é a causa da bronca. Deveras, um erro crasso da arbitragem, como se pôde ver através de filmagens feitas e que rolam no You Tube. Ainda por cima, o árbitro auxiliar assinalou a validade do gol, correndo para o meio do campo, para, depois, recuar, ao ver que o árbitro invalidara o gol salvador do Dorense, sob pressão da comissão técnica do Itabaiana. As gravações mostram isso. Erros de arbitragem são comuns desde que os ingleses inventaram o futebol. Até em Copas do Mundo já aconteceram aberrações.
Caso o gol de empate do Dorense tivesse sido validado, como deveria ter sido, estaria o Dorense a disputar com o Frei-paulistano o título do campeonato sergipano de 2019, deixando de fora os chamados três “grandes” do nosso acanhado futebol.
E agora? O Tribunal de Justiça Desportiva da Federação Sergipana de Futebol acatou a impugnação do Dorense, para leva-la a julgamento. O que acontecerá? Vamos ver. Um ex-aluno meu, agora, advogado, enviou-me uma mensagem pelo Facebook, dando conta de que o Itabaiana levaria vantagem no “tapetão” em face do seu “nome”, da sua maior importância no futebol desta terra e, ainda, por conta do poderio político da cidade serrana. Será? E é assim que as coisas se resolvem, desavergonhadamente?
Em fevereiro, o Superior Tribunal de Justiça Desportiva anulou uma partida, pela primeira fase da Copa do Brasil, entre o Aparecidente e a Ponte Preta. Motivo alegado pela Ponte Preta? Interferência externa. Pois foi o que ocorreu no jogo entre o Itabaiana e o Dorense, que ocasionou a malsinada anulação do gol do Dorense. Interferência externa. Os vídeos mostram isso sobejamente.
Bem. O que haverá de acontecer, no julgamento do nosso TJD, acontecerá. É de esperar a lisura, a responsabilidade e a decência dos julgadores. A torcida do Dorense e a própria população de Nossa Senhora das Dores aguardam com ansiedade a decisão do Tribunal.
No dia 04 último, uma torcedora do Dorense, Maria Rosália, aliás, minha prima carnal, sobrinha de minha mãe, publicou, no Facebook, uma “Nota de Repúdio”, que, abaixo, a reproduzo. Diz a nota:
“A vida só vale a pena ser vivida quando nós a tornamos digna sob todos os aspectos. No futebol não deve ser diferente. Vida digna importa em responsabilidade. Quem não tem responsabilidade não deve atuar nos setores que exigem acerto em cada ato.
O DORENSE FUTEBOL CLUBE foi absurdamente lesado pela arbitragem na última partida contra o Itabaiana. A imprensa esportiva e todos, enfim, puderam ver a forma como a arbitragem errou flagrantemente, prejudicando o DORENSE.
Não somente eu, como torcedora, mas, sim, todos os torcedores dorenses e toda a população de Nossa Senhora das Dores manifestamos o nosso REPÚDIO a tamanha lesão que foi causada aos nossos direitos de sair de campo com um resultado construído legitimamente. Não devemos aceitar que erros de arbitragem se voltem de forma acintosa e vergonhosa contra os chamados clubes “pequenos”.
Não, não somos pequenos. Somos tão grandes quanto os considerados “grandes”. Os direitos são os mesmos. A dignidade é a mesma. A luta é a mesma. Os direitos à lisura são os mesmos.
Que o Tribunal de Justiça Desportiva tenha a prontidão de rever a referida partida, anulando-a, para resgatar o legítimo direito do DORENSE. Que o comando da arbitragem da FSF possa punir a arbitragem fatídica, cuja atuação prejudicou de maneira ridícula o DORENSE.
Que Nossa Senhora das Dores não se cale. Que possamos gritar para que o nosso grito de revolta ecoe em Sergipe e no Brasil.
Que possamos dizer sempre “NÃO” aos erros que ferem a dignidade de quem quer que seja. O DORENSE não é um cão sem dono. Pode não ter “cartolas” apadrinhados ou apadrinhadores, mas, certamente, é um filiado à FSF como todos os outros, e desta forma, EXIGE que os seus direitos sejam, respeitados e resgatados”.
Essa é, portanto, a nota de repúdio da torcedora.
O árbitro e seu auxiliar foram temporariamente afastados pela Comissão de Arbitragem. Foi o que se noticiou. Mas, isso não repara o erro. Somente o TJD poderá colocar as coisas no eixo. Ou melhor, deverá. Trata-se, pois de um dever-poder, como diz o renomado jurista Celso Antônio Bandeira de Mello. O julgamento deverá ocorrer no curso desta semana, antes do início das finais do campeonato. Se preciso for, iremos a outras instâncias. Os torcedores deverão fazer isso, na conformidade do Estatuto do Torcedor. Não o Clube. Por enquanto.
Como dorense, e, mais ainda, como ex-presidente do Dorense Futebol Clube, por três mandatos, oportunidade em que construí uma das maiores e melhores sedes sociais de um Clube interiorano, na década de 1980, e, mais do que tudo, como responsável direto por ter colocado o Dorense na segunda divisão do campeonato sergipano, quando eu já não era mais dirigente do Clube, ao tempo em que o presidente da FSF era Carivaldo Souza, dileto amigo, associo-me às palavras de repúdio da prima e torcedora Maria Rosália.
O Dorense não é menor do que nenhum clube sergipano. Pode até não ter a imponência, o “nome”, a importância política que advém da cidade serrana, por exemplo, mas não poderá se curvar a uma arbitragem desastrosa.
O Hino Oficial do Dorense, antigo, diz: “Nós os dorenses / Sempre garbosos/ De heroísmo sempre varonil / Vamos trabalhando em nossa terra / Pela grandeza do Brasil / Em campo unidos pelo denodo / Que não esmorece e nem fracassa / Pela grandeza do nosso esporte / E robustez de nossa raça / A mocidade avante! / Avante! Avante! Avante”! Não perderemos o garbo. Não nos curvaremos aos erros e nem ao arbítrio. Não aceitaremos a injustiça. Não!
A impugnação feita pelo Dorense apresenta provas contundentes. O TJD não poderá negar fogo, sob pena de ficar debaixo de suspeição. Com meus 39 anos de advocacia, inclusive, já tendo atuado, em defesa do próprio Dorense, junto ao TJD, no passado, estarei atento aos desdobramentos desse caso. Como bem o disse Rosália, o Dorense não é um cão sem dono.
*PADRE. ADVOGADO. PROFESSOR DA UFS. MEMBRO DA ASL DA ASLJ E DO IHGSE
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