DULCE DOS POBRES :: Por José Lima Santana
José Lima Santana* - jlsantana@bol.com.br
Imagem sacra de Irmã Dulce - reprodução/pastoraldacriança
Os cristãos separados da Igreja Católica não compreendem o fato de a Igreja que começou sobre os ombros de Pedro, bafejada pelo Santo Espírito, em Pentecostes, e sequenciada pelos apóstolos de Jesus, para dali, seguir em frente, inclusive passando pela institucionalização do cristianismo como religião oficial do estado romano, tenha instituído a veneração – e não adoração, como eles, os irmãos separados, teimam em dizer de forma absolutamente equivocada – aos santos. Aliás, o fato da oficialização do cristianismo, no Império Romano, não desmerece a instituição que a Igreja afirma ter sido realizada pelo próprio Jesus Cristo, como deveras o fora (Mt 16,18).
A Igreja não começou por atos dos imperadores romanos, Constantino e Teodósio, especialmente. Ela vem, queiram ou não alguns, desde Jesus. Além disso, venerar os santos – e não adorar, repito – não significa idolatria. Idolatria é abandonar o culto ao Deus Uno e Trino, para dedicar-se aos ídolos. Nós católicos não somos idólatras, pois, primeiro, adoramos unicamente a Deus, jamais abandonando-O, jamais trocando-O por nenhum outro (até porque não há outro), e, segundo, a veneração a Maria e aos santos é uma lembrança do que eles fizeram pelo próprio Jesus, como é o caso de sua mãe, e pelo anúncio da Boa Nova com o testemunho de suas vidas, ao longo dos tempos. Mas, doutrinas religiosas são muitas. Compreensões díspares são inúmeras. Cada um diz o que pensa com ou sem fundamento. Resta-nos respeitar o que pensa cada um e cada uma. Que nos respeitem também. Enfim, cada denominação cristã tem o seu modo de servir ao Reino e de anunciar o Evangelho. Não julguemos ninguém. Que Jesus nos julgue, um dia. Não existe um Deus para cada denominação. Existe o Deus único e vivo. O Deus de todos nós. Se caminhamos de forma diferente, que todo caminhar nos leve ao Deus que nos criou e que nos ama. O Deus que Jesus nos ensinou a chamar de Pai. Esta é a nossa esperança.
A 13 de outubro vindouro, o Papa Francisco deverá canonizar a Irmã Dulce dos Pobres, hoje beata. Canonizar significa elevar ainda mais quem é canonizado (a) à veneração – e, mais uma vez, repito, que não significa adoração – por parte dos fiéis, em face do reconhecimento de um segundo milagre atribuído a quem é canonizado (a). Esse reconhecimento não é fácil, como muitos pensam. Há todo um procedimento, que envolve muita gente, inclusive teólogos, leigos cientistas, médicos etc. Não é o querer puro e simples da Igreja, através do Papa ou da hierarquia assentada na Santa Sé. São procedimentos que podem levar vários anos, décadas, e, nalguns casos, séculos.
A Igreja Católica estará em festa. O Brasil católico estará em festa. A Arquidiocese de Aracaju estará em festa. Afinal, a primeira Paróquia dedicada a Dulce dos Pobres, com a construção original de uma igreja, foi erigida na nossa capital, em 2013, pelo então arcebispo metropolitano, Dom José Palmeira Lessa. Para quem ainda não sabe, a Paróquia situa-se na Rua Orlando Tavares Macedo, s/n, no Bairro Aruana. Como chegar lá? Seguindo pela Av. Melício Machado, rumo à Zona de Expansão, passando pelos dois primeiros postos de combustíveis (Petrobrás e Petrox), na primeira entrada à direita, após o segundo posto, em linha reta, cerca de oitocentos metros, situa-se a igreja. Fácil. O telefone da Paróquia é 99910-0013.A igreja está em construção. Falta muito para a conclusão da obra. Nos fins de semana, as Missas são celebradas, aos sábados, às 17:00 horas, e aos domingos, às 08:00 horas e às 19:00 horas. Todos são bem-vindos e acolhidos.
Desde 9 de fevereiro deste ano, estamos, como pároco, à frente da Paróquia, com a colaboração do diácono Francisco e da comunidade, especialmente dos fiéis que a frequentam, dentre os quais as pessoas que fazem parte dos Conselhos Econômico e de Pastoral. Há muito trabalho a fazer. Esperamos que muitos outros possam se somar às nossas atividades.
Maria Rita de Sousa Brito Lopes Pontes (Salvador, 26 de maio de 1914 — Salvador, 13 de março de 1992), mais conhecida como Irmã Dulce, recebeu o epíteto de “o anjo bom da Bahia”. Ela começou a sua vida religiosa no Convento do Carmo, em São Cristóvão (SE). Irmã Dulce ganhou notoriedade por suas obras de caridade e de assistência aos pobres e necessitados, obras essas que ela praticava desde muito cedo. Na juventude já lotava a casa de seus pais acolhendo doentes. Ela também criou e ajudou a criar várias instituições filantrópicas: uma das mais importantes e famosas é o Hospital Santo Antônio, que foi construído no lugar do galinheiro do Convento Santo Antônio. Hoje atende diariamente milharesde pessoas. Foi uma das mais importantes, influentes e notórias ativistas humanitárias do século XX. Suas obras de caridade são referência nacional, e ganharam repercussão pelo mundo. Seu nome é sempre relacionado à caridade e amor ao próximo. Foi indicada ao Prêmio Nobel da Paz no ano de 1988 pelo então presidente do Brasil, José Sarney, porém não foi agraciada. Em 2001, foi eleita “a religiosa do século XX”, em uma eleição que foi publicada pela revista Isto É. Em 2012, foi eleita dentre os 12 maiores brasileiros de todos os tempos em pesquisa feita pelo SBT, para eleger a personalidade que mais contribuiu para o país.
Irmã Dulce foi beatificada em 2011. O milagre reconhecido que lhe valeu a beatificação ocorreu em terras sergipanas.
Neste ano, inclusive, a novena da Irmã Dulce, na nossa Paróquia, ocorrerá de 2 a 10 de agosto. No dia 11, domingo, serão realizadas duas Missas, às 09:00 horas, e às 17:00 horas, logo após será realizada a procissão luminosa pelas ruas do bairro Aruana.
Exultamos, pois, com a canonização da Irmã Dulce dos Pobres, nossa Padroeira. A primeira santa nascida no Brasil. A santa genuinamente brasileira.
Estamos planejando o que deverá ser feito, na Paróquia, para a celebração da canonização da Irmã Dulce dos Pobres, em outubro. Tudo será submetido ao nosso arcebispo, Dom João José Costa, a quem caberá conduzir as comemorações.
O mais importante, contudo, é saber que estamos aqui para servir, como Dulce serviu. E como tantos outros serviram e servem, em todos os lugares e nas mais diversas circunstâncias. Deus quer que sejamos santos como Ele é santo (Lv 20,7; 1Pe 1,16). No mínimo, devemos tentar. Que o Senhor abençoe a todos os que, minimamente, tentam. Todos nós carregamos na algibeira do coração as sementes do Evangelho. Dulce semeou as sementes que o Senhor lhe confiou. E quanto a nós? Semeemos também.
*PADRE. ADVOGADO. PROFESSOR DA UFS. MEMBRO DA ASL DA ASLJ E DO IHGSE
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