Homilia da serenidade :: Por José Lima Santana
José Lima Santana*
José Lima Santana - Foto: Arquivo Pessoal
Enquanto a Antropologia é o estudo da humanidade, a Antropologia Teológica é o estudo da humanidade a partir de uma perspectiva cristã/bíblica. Assenta-se principalmente na natureza da humanidade – como os aspectos imateriais e materiais do homem se relacionam entre si. Preocupa-se com a relação entre noções como corpo, alma e espírito que, juntos, formam uma pessoa, com base em suas descrições bíblicas.
O que significa que o homem é feito à imagem e semelhança de Deus (Gênesis 1,26-27)? A imagem de Deus refere-se à parte imaterial do homem. É o que o separa do mundo animal e permite que ele tenha comunhão com o seu Criador. É uma semelhança mental, moral e social.
Assim, pode-se dizer que os seres humanos foram criados para ter um relacionamento com Deus e, como tal, Deus nos criou com aspectos materiais e imateriais. Os aspectos materiais são obviamente os tangíveis e que só existem enquanto a pessoa estiver viva. Os aspectos imateriais são os intangíveis: alma, espírito, intelecto, vontade, consciência etc. Essas características existem além da vida física do indivíduo.
Um versículo-chave sobre a Antropologia Teológica é o Salmo 139,14: “Eu te celebro por tanto prodígio, e me maravilho com as tuas maravilhas” (versão da Bíblia de Jerusalém. Editora Paulus).
A serenidade da homilia de Dom Josafá esteve fixada na sua voz tranquila e no conteúdo muito bem contextualizado. Poder-se-ia dizer que, além da serenidade, ficou marcada a gratidão do Arcebispo, expressada inúmeras vezes e dirigida a várias pessoas, do Santo Padre aos fiéis. A gratidão é um dos mais nobres sentimentos do ser humano. Bem diz o Salmo 50, 23: “Quem me oferece uma confissão me glorifica, e ao homem íntegro mostrarei a salvação de Deus” (versão idem).
Chamou a atenção dos presentes na Catedral a citação que o Arcebispo fez das palavras de São Gregório Magno (540? – 604), dizendo o Arcebispo que tais palavras valiam para todos e, muito mais, para ele, sendo muito aplaudido no meio da citação. Eis as palavras do grande doutor da Igreja, proferida por Dom Josafá:
“Um pastor deve sempre se fazer ouvir mais pelos seus atos que por suas palavras, mais pelas pegadas que ele deixa no seu bom caminho e que outros seguirão, que por indicar-lhes com palavras para onde eles devem ir. Assim, antes de fazer ressoar uma santa pregação, é preciso que o pastor se acorde pelo seu empenho em realizar boas obras; é preciso haver o cuidado de primeiro expiar com lágrimas as suas culpas e depois denunciar o que deve ser denunciado. E antes de fazer ressoar palavras que exortam, que proclame com suas obras tudo aquilo que tinha intenção de dizer”.
Ora, quem, numa homilia de posse, cita estas palavras tão profundas de São Gregório Magno, um dos mais profícuos escritores católicos de todos os tempos, demonstra humildade, mas, também, firmeza de propósito.
Na sequência da citação acima transcrita, Dom Josafá afirmou enfaticamente: “Que o Espírito Santo nos ajude desse modo a sermos pastores de atos que sejam agradáveis a Deus, mais do que de palavras doutas. Mas, que não nos faltem as palavras do justo ensinamento porque é esse por certo o que nós devemos realizar”.
Sim, que o Espírito Santo ajude Dom Josafá a ser o bom pastor da nossa circunscrição eclesiástica, para nos guiar, para nos alertar, para nos fazer caminhar em comunhão com o Papa Francisco.
Discorrendo sobre como será o seu programa pastoral, Dom Josafá declarou: “Tudo que fizermos e tivermos de organizar e fazer deverá partir da Tradição e do Magistério da Igreja Católica, isso confirmado e vivificado no Concílio Vaticano II, nas Conferências Gerais do Episcopado da América Latina e do Caribe, nas Diretrizes Gerais da Ação Evangelizadora no Brasil, nas intuições programáticas do Santo Padre, o Papa Francisco, e nas necessidades internas da Igreja de Aracaju”.
O cânone 381 - § 1. do Código de Direito Canônico declara: “Ao Bispo diocesano, na diocese que lhe foi confiada, compete todo o poder ordinário, próprio e imediato, que se requer para o exercício do seu múnus pastoral, com exceção das causas que, por direito ou por decreto do Sumo Pontífice, estejam reservados à suprema ou a outra autoridade eclesiástica”.
Que o poder ordinário seja devidamente exercido por Dom Josafá, para o bem de todos, e que, nesse múnus, ele seja iluminado pela “tocha da fé em Jesus e na sua redenção”. Que ninguém, no Clero ou fora dele, ouse querer pautar a missão que Deus lhe confiou, agora e sempre. Amém.
*Padre (Paróquia Santa Dulce dos Pobres – Aruana - Aracaju), advogado, professor da UFS, membro da ASL, da ASLJ, da ASE, da ADL e do IHGSE.