A ilusão do crescimento das vendas do comércio em 2021 :: Por Marcio Rocha
Marcio Rocha (Foto: Arquivo Pessoal)
Se avaliarmos o comportamento da atividade comercial, os meses mais severos da pandemia, foram também os mais duros para o funcionamento das empresas. Medidas extremas, e necessárias, foram tomadas para garantir a preservação da vida das pessoas. Mesmo que muitas não tenham entendido isso e continuem se comportando como não houvesse problema algum e vivam suas vidas como se nada esteja acontecendo.
As vendas do comércio varejista ampliado apontam um grande crescimento no mês de março, o que era previsto para o mercado. O varejo ampliado, referência utilizada para análise, por considerar todas as atividades comerciais, disparou em março de 2021, comparado ao mesmo mês de 2020, com +23,1% nas vendas e +32,2% na receita. Entretanto, nesse período, já havia o fechamento das lojas do comércio considerado não-essencial. A variação acumulada nos três primeiros meses deste ano é de +7,5% nas vendas e +16,1% na receita. No período corrente dos últimos 12 meses, elevação de +0,3% nas vendas e +5,6% na receita apurada.
Há de se considerar que, com as lojas fechadas em 2020, é natural que haja um indicador de crescimento assustador. Entretanto, não deve ser considerado como elevação real. Tendo em vista fatores óbvios. Somente de agosto em diante, teremos uma noção real de crescimento de vendas. A conta do varejo ampliado empatou com o ano de 2019, considerando que tivemos -18% de queda entre março de 2019 e março de 2020, e elevação de +23,1% entre março 20/21. Ou seja, na conta final, se levarmos em consideração o ano de 2019 como referência, 2021 apenas empata a conta: 100-18% = 82; 82 + 23,1% = 100,9. Variação de 0,9% diante do ano de 2019. Com esse cálculo entendemos melhor o que aconteceu. Não houve crescimento real, de fato.
Para os próximos meses, o fenômeno deverá se repetir, possivelmente até agosto. Então, não é concebível aceitar as afirmações indicativas que a economia está crescendo em 2021. Este será apenas um ano de recuperação e os números reais poderão ser vistos de setembro em diante, para conseguir parametrizar a comparação. Vai ser difícil, complexo e muito duro. Teremos que esperar para poder avaliar melhor qual a real condição da economia, principalmente do comércio.