Um brinde ao Rei :: Por Marcio Rocha
“Aracaju quer trabalho
Aracaju quer vencer
Aracaju quer sair da pior
Para um futuro melhor
Com Reinaldo
Rei, Rei, Rei, Reinaldo
Um prefeito de verdade
Tem que ter dignidade
Rei, Rei, Rei, Reinaldo
Um prefeito de verdade
Tem que ter seriedade”
Esses versos foram do primeiro jingle de campanha eleitoral que me chamaram atenção ainda nos idos de 1992, quando Reinaldo Moura foi candidato à prefeito de Aracaju. Eu tinha apenas 11 anos quando esse importante fato político aconteceu em nossa cidade. Foi uma campanha que me prendeu nos programas eleitorais, não com as propostas. Obviamente, ainda não tinha interesse por política em si, até pela pouca idade. Contudo, as imagens utilizadas, o grafismo da campanha, a postura do candidato que então se apresentava com as propostas para uma cidade melhor naquele momento, me fizeram despertar o interesse no que era a disputa política. Eu ouvia meu pai dizer que Reinaldo era um cara sério, um homem que se mostrava um grande legislador e que estava mais que preparado para ser prefeito da capital na época.
Cresci ouvindo Reinaldo Moura na rádio Jornal com seu programa Jogo Aberto. Não imaginaria que nos sete anos subsequentes, a paixão pelo rádio iria crescer e fazer um garoto que queria seguir a carreira do irmão para ser médico ou entrar para a advocacia, já com uma influência direta de Miguel Britto, que advogava para meu pai, fosse dar uma guinada e procurar os microfones para iniciar sua vida laboral. De lá pra cá são muitas boas experiências vividas e um grande aprendizado para a formação do jornalista que hoje sou.
Aquele cara bigodudo com o vozeirão marcante era amigo de meu velho. E eis que um dia, lá está em casa, tomando uma Antarctica com meu pai, Reinaldo Moura. Eu voltava do colégio quando o encontrei na varanda com seu Cordeiro, batendo papo. Como um bom perguntador, menino curioso, queria saber tudo sobre o rádio. Como era viver de transmissão de notícia e lá tive uma das grandes aulas para a vida. Outros dias passaram, conversas deles lá em casa ou em outros lugares e pude beber com guaraná a sabedoria daquele homem que inspirava os novos nomes que vinham surgindo no mercado. Lá estava eu, começando a trabalhar na área, poucos anos depois.
Reinaldo me chamava de “Esquentadinho”, por causa do meu temperamento forte, minhas posições altamente definidas e pavio curto. Em alguns momentos durante o trabalho era evidente que perderia a paciência com alguma coisa, principalmente em coletivas. Parecia predição quando ele vinha pelo outro lado e dizia “sossegue”. Me poupou de algumas encrencas assim.
Carregarei grandes lembranças de Reinaldo. Os puxões de orelha no início da carreira, quando ele via o talento, a impetuosidade, mas entendia que meu temperamento forte iria me prejudicar. O apoio quando eu vivi os dois piores momentos de minha vida, a morte de meu pai e quando fiquei sem andar por conta do acidente que todos vocês sabem. Além dos grandes momentos de comemoração por qualquer coisa, por aí vai.
A envergadura de Reinaldo Moura sobrepuja todas as correntes políticas, esportivas e comunicativas existentes. Só posso agradecer, Rei. Sua majestade transcende a tudo. Pena que não nos cumpriremos o vinho combinado para você conhecer Arthur Cordeiro. Mas hoje eu ergo uma taça para brindar à sua vida.