Regional de Lagarto: ortopedista alerta para o risco de graves fraturas em idosos decorrentes de quedas

Hospital Regional de Lagarto (Imagem: SES/SE)
O ortopedista Érico de Pinho Menezes, referência técnica em Ortopedia do HRL, revela que a ocorrência de quedas de idosos são mais comuns dentro de casa. “A maioria dos casos de idosos vítimas de queda de própria altura que chegam a um serviço de Urgência de Ortopedia é decorrente de traumas ocorridos no próprio domicílio. Entretanto, com o envelhecimento da população brasileira ocorrida nos últimos anos e com a melhoria das condições de saúde do idoso, fato que o torna mais ativo, quedas ocorridas em via pública estão cada vez mais frequentes”, explica.
Segundo o especialista do HRL, as quedas que ocorrem na rua estão relacionadas às más condições das vias públicas. “Geralmente são calçadas desniveladas, danificadas ou mal sinalizadas”, completa. “Já as que ocorrem no domicílio, decorrem de um ambiente inapropriado para o idoso, com pisos lisos, tapetes soltos, animais de estimação, etc. Cozinha e principalmente banheiro são os cômodos relatados com maior frequência”, salienta o ortopedista.
De acordo com ele, de todos os cômodos, o banheiro é o local mais perigoso para os idosos. “Isso se deve ao fato de nesse cômodo haver pisos lisos e escorregadios, muitas vezes piorados pela presença de água, além do fato de o idoso ter que abaixar-se e levantar-se do assento sanitário, momento em que há grande risco de desequilíbrio e queda”, afirma Érico de Pinho, que há dois anos atua no Serviço de Ortopedia do HRL.
Foi o que aconteceu este mês com a lavradora M.B.M, de 76 anos, que reside no município baiano de Adustina. A idosa foi encaminhada pelo Posto de Saúde de sua cidade ao Hospital Regional de Lagarto, onde na última segunda-feira, 26, submeteu-se a uma cirurgia de fêmur. “Ela pediu a minha irmã para ir ao banheiro e, quando foi se sentar no vaso sanitário, acabou escorregando e fraturando o fêmur”, conta a uma das filhas da paciente, a também lavradora Cristiane Nunes da Conceição, de 34 anos, que nesta quarta-feira, 28, acompanhava a mãe (já se recuperando da cirurgia na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) do HRL). “Até agora não tenho do que me queixar. O atendimento daqui tem sido ótimo”, complementa.
Fraturas
O ortopedista do HRL ressalta que as quedas nesta fase da vida podem representar gravidade porque muitas vezes causam fraturas. Por isso, é preciso ficar atento aos cômodos com muitos móveis, o que dificulta a circulação das pessoas. “Nessa faixa etária é comum uma perda importante da densidade mineral óssea, culminando com a osteoporose e com grandes riscos de fraturas. Nesse contexto, as fraturas mais comuns são as do quadril, principalmente as do colo do fêmur; as do punho, principalmente as da extremidade distal do rádio; e em menor grau, as da coluna vertebral com fraturas por achatamento de corpos vertebrais”, lembra o especialista.
Érico de Pinho alerta que, a depender a gravidade da queda, muitos casos podem evoluir até para o óbito do paciente. “O risco é sempre grande em fraturas do quadril, que são em sua maioria cirúrgicas. Tais fraturas levam a um longo período de internamento com risco muito aumentado de complicações como tromboses, infecções hospitalares, descompensação de doenças clínicas prévias, escaras (feridas) devido ao período de imobilização prolongado dentre outros”, salienta.
O ortopedista aponta, ainda, outros fatores de risco que podem resultar em quedas de idosos, como o uso de alguns medicamentos, dificuldade visual e de equilíbrio, próprios dessa faixa etária acima dos 60 anos. “Perdas físicas inerentes ao idoso, tais como déficit visual e auditivo, hipotrofia muscular, distúrbios do equilíbrio, entre outros, contribuem bastante para o aumento do índice de quedas e fraturas, pois fazem com que o idoso tenha uma resposta lenta e inadequada a situações simples como levantar-se da cama ou sentar-se ao vaso sanitário, por exemplo”, explica. “Medicamentos de uso regular, cujos efeitos colaterais causem tontura, sonolência ou hipoglicemia também favorecem situações de risco para quedas”, acrescenta.
Prevenção
Entre os cuidados básicos para evitar os acidentes com idosos, o ortopedista recomenda tornar a casa um ambiente mais seguro de se viver. “Devem ser evitados pisos muito lisos, principalmente em ambientes com possibilidade de água, como banheiro, cozinha e área de serviço, tapetes com bordas livres, presença de animais de estimação circulando pela casa, ambientes mal iluminados, desníveis como degraus ou escadas”, orienta.
Além desses cuidados, o médico do HRL acrescenta outras medidas preventivas. “A presença de corrimãos e guarda-corpos em ambientes onde o idoso precisa subir ou descer degraus ou sentar-se e levantar-se com freqüência, ajuda a diminuir o risco de queda. É sempre muito importante também a companhia de uma pessoa que possa dar uma atenção especial ao idoso, principalmente àqueles com idade mais avançada e com limitações mais severas”, destaca.
E, em casos de acidentes com suspeita de fraturas, Érico de Pinho também faz algumas recomendações muito importantes. “Sempre diante de um caso de queda, é importante a atenção a sinais imediatos de risco de vida como trauma em crânio, perda de consciência ou vômitos. Sendo o trauma apenas em extremidades, a dor é o sintoma mais importante e não deve ser agravada por movimentos intempestivos. A posição deitada ou a que o idoso se sentir mais confortável deve ser realizada e a rápida ida a uma unidade de urgência deve ser providenciada”, adverte o especialista.