Fevereiro Laranja: doação de medula óssea é crucial no tratamento da leucemia
Fevereiro Laranja (Imagem: Divulgação/ Unimed/SE)
No Brasil, a leucemia ocupa a nona posição nos tipos de câncer mais comum entre os homens e a 11º posição em mulheres, de acordo com o Ministério da Saúde. Desde 2019, a campanha Fevereiro Laranja visa conscientizar a sociedade sobre a doença e incentivar uma das principais formas de cura, a doação de medula óssea.
Bruna Quaranta, médica hematologista cooperada Unimed Sergipe (Foto: Ascom Unimed/SE)
"Leucemia é um tipo de câncer do sangue. A medula óssea é a fábrica do nosso sangue e está dentro dos nossos ossos maiores. Ali, produzimos a série vermelha, a série branca e as plaquetas. Quando se fala em leucemia, significa que uma dessas células ficou doente, por diversas razões, e começou a se proliferar de maneira doente, substituindo as células sadias. Quando a gente tem problema na fábrica do sangue, todo nosso sangue fica comprometido", explica Bruna.
De acordo com a hematologista, quando a doença acomete a série vermelha do sangue, a pessoa vai ter anemia e sintomas associados à anemia, como cansaço, falta de ar, fadiga e indisposição. Quando acomete os glóbulos brancos, a imunidade é afetada e o paciente fica suscetível a ter infecções de repetição, que normalmente não teria. Já quando as plaquetas são acometidas, que são a terceira linhagem e estão envolvidas na coagulação, surge o risco de sangramento, petéquias (pequenas manchas vermelhas ou marrom que surgem geralmente aglomeradas), equimoses (manchas roxas), tromboses e hematomas.
"Temos que ficar atentos aos sinais em todas as faixas etárias, como o desenvolvimento de sintomas como cansaço sem explicação, fadiga, palidez cutânea, sangramento sem justificativa, manchas no rosto e infecções que se repetem. Na leucemia aguda, costumamos dizer que ela não demora para aparecer. É uma doença grave, em poucos dias o paciente vai procurar um Pronto Socorro porque não está se sentindo bem. É muito difícil passar despercebido", alerta a hematologista.
Tratamento e transplante
Uma vez diagnosticada, a leucemia é tratada com quimioterapia venosa. No entanto, com o avanço da medicina, novas alternativas também estão sendo empregadas no tratamento, como a terapia celular, em que se usa a própria imunidade da pessoa para tratar. A radioterapia também é utilizada em alguns casos.
"Os estudos científicos mostram que, na maior parte dos casos, os pacientes que são diagnosticados com leucemia aguda. Nesse estado, intensificamos o tratamento e, depois da quimioterapia venosa, realizamos o transplante de medula óssea. Assim, eles conseguem obter melhores taxas de resposta", ressalta Bruna.
Para se tornar um doador de medula óssea, é necessário realizar um cadastro em um hemocentro. Em Aracaju, O Hemose cadastra doadores de 18 a 55 anos de idade, que estejam bem de saúde e que não possuam diagnóstico de doenças infecciosas. O interessado em ser um doador de medula óssea preenche um formulário com os dados pessoais e tem uma amostra de 5 ml de sangue coletada.
A amostra é encaminhada para o exame de Histocompatibilidade (HLA) e o resultado deste exame, que determina as características genéticas do doador, é incluído no Registro Nacional de Doadores de Medula Óssea (Redome).
De acordo com a hematologista, cuidados básicos com a saúde podem evitar o surgimento da doença. "É preciso ter um bom estilo de vida. É até clichê falar isso, mas precisamos insistir nesta prevenção. Com uma boa alimentação, atividade física diária, já se começa a evitar o surgimento de várias alterações que podem gerar doenças. Em algumas situações, a literatura científica já estabelece o surgimento da leucemia com quem tem contato com produtos químicos, como solventes e benzenos, mas essa é uma exceção, na maioria dos casos a gente fica sem saber os fatores que levaram a desenvolver uma leucemia", conclui Bruna.