Especialista analisa a evolução dos direitos das mulheres
Mesmo com a conquista de espaços, as mulheres continuam a ser vistas como peças secundárias.
Especialista analisa a evolução dos direitos das mulheres (Foto: Assessoria Unit)
O ditado popular avisa: “viver é um ato político”. Para a mulher, atribuições como ter uma profissão, trabalhar fora ou simplesmente ir às urnas em dia de eleição foram conquistas alcançadas com o tempo, mas que ainda causam estranhamento para algumas pessoas. Para especialistas, a evolução dos direitos das mulheres diz muito sobre a sociedade e reflete em sua política a forma como trata o gênero.
Segundo Gabriela Maia Rebouças, doutora em Direito e professora do Programa de Pós-Graduação em Direitos Humanos da Universidade Tiradentes (Unit), o primeiro evento marcante para a evolução dos direitos das mulheres na política e participação social ativa foi acesso ao voto, mas que demorou, tendo em vista o histórico de lutas. “Quando pensamos nisso, nos perguntamos porque esse direito não chegou junto com o direito dos homens de votar. No Brasil, o voto das mulheres só foi autorizado no século XX”, disse.
Em diversas esferas, o papel da mulher é bem estabelecido. No entanto, possui uma carga de preconceito em que, mesmo que seja permitida a sua participação, como no caso de atividades parlamentares, é exigido dela competências maiores que as dos homens. “Não raro, exige-se dessa mulher uma postura masculinizada, grosseira, que ela seja capaz de brigar ou então cobra-se coisas que não se cobram do parlamentar homem”, afirma Rebouças.
“Esse é um dado interessante na política: as mulheres podem assumir posições de trabalho, mas a política ainda é um campo em que há uma certa dessintonia entre direitos já conquistados, por exemplo, o direito ao voto, de ser votada e a igualdade plena de direitos políticos entre homens e mulheres, consagrada na nossa constituição. Mas, a prática não mostra isso. Ela mostra que mesmo no ambiente da política há uma rejeição muito grande desta mulher que quer ter voz”, acrescenta.
Atualmente, existem cotas partidárias para mulheres, que visam estimular e fomentar a confiança representativa. No entanto, de acordo com a professora, essa parcela de votos destinados a mulheres não garante que as candidatas recebam a mesma atenção que candidatos homens. Geralmente, elas ocupam posições secundárias como vices ou suplentes.
“A política deve ser feita de uma forma diferente para que seja inclusiva para todos os gêneros e pessoas que não se identificam nessa colocação de homem ou mulher. No campo social, precisa-se abrir espaço para mudar mentalidades. Mudando a cultura machista mudaremos estruturalmente a nossa sociedade. Enfrentar as desigualdades, os preconceitos e o machismo não é querer colocar a mulher em proeminência, é querer uma sociedade igual entre as pessoas, reconhecer as diferenças e permitir que elas coexistam de uma maneira saudável, digna e produtiva”, enfatizou Gabriela.