População reclama da falta de assistência no sistema de saúde de Sergipe
Cuidando da mãe acamada, Tiago Silva Santos relatou as dificuldades encontradas para que Dona Valdete, de 82 anos, consiga atendimento médico necessário. Há cerca de quatro meses, depois de uma queda da cama, ela precisou ser hospitalizada por conta da fratura no fêmur. Ao todo, a idosa ficou três meses no Hospital de Urgência de Sergipe (Huse), aguardando para fazer a cirurgia para colocação de uma prótese. Depois desse tempo, ela fez a cirurgia, mas a prótese saiu do lugar e, por causa da idade e do seu estado de saúde, não será possível refazer o procedimento.

População reclama da falta de assistência no sistema de saúde de Sergipe (Foto: Assessoria Sergipe Pode Mais)
Sem conseguir se locomover, atualmente, a idosa precisa fazer uso constante de fraldas geriátricas. Ocorre que, mesmo com o cadastramento, o Tiago relata que vem encontrando muita dificuldade para fazer a retirada das fraldas, na unidade de saúde no bairro Santos Dumont, onde moram. Por dia são, no mínimo, nove fraldas que ela precisa. O caso Dona Valdete não vem sendo acompanhado pela Secretaria de Saúde do Estado nem pela Saúde de Aracaju, numa total falta de respeito pela paciente.
Como necessita de cuidado em tempo integral, Tiago Silva Santos largou o emprego para cuidar da mãe. Eles sobrevivem da aposentadoria dela. “A saúde hoje em Sergipe tem uma nota abaixo de zero, porque é muito descaso! A gente espera que essa situação mude, para que a saúde volte a ser o que era ou tente ser melhor do que agora. Já procurei a Secretaria de Saúde onde falam que as fraldas são repassadas à Unidade Básica, mas lá não entregam. Minha mãe recebe apenas um salário mínimo de aposentadoria. A gente precisa pagar aluguel, alimentação e só de medicação são mais de R$ 870, sem contar as fraldas, porque nem os remédios e os materiais que a gente precisa para fazer os curativos – porque ela já está com feridas nas costas e na cabeça, pelo tempo que permanece na cama sem o colchão adequado – a gente consegue pegar no posto”, denuncia Tiago, que conta com o apoio de vizinhos, conhecidos e familiares que moram em outro estado.
Para complicar seu estado de saúde, 15 dias depois da cirurgia, dona Valdete teve um acidente vascular cerebral (AVC) e mais recentemente a idosa sofreu um infarto.
Situação de abandono relatada também por Bruna Tauane Domingos da Cruz, diarista, mãe de três filhos, moradora do Bairro América, em Aracaju. Desde que o filho mais novo nasceu, ela peregrina, semanalmente, à unidade de saúde em busca de exames e atendimento especializado para descobrir do que se trata um cisto apresentado pelo pequeno Bruno Miguel (desde que nasceu). “Era um caroço pequeno, mas que, com o tempo, vem crescendo e até hoje eu não sei do que se trata, porque nunca consegui a consulta com o especialista nem fazer os exames que a pediatra passou”, relata.
Aflita, ela já não sabe o que fazer, pois, toda semana, tanto Bruna quanto o irmão ou a mãe dela vão à UBS Joaldo Barbosa, no Bairro América, onde moram, saber se já está liberado, mas a resposta é sempre negativa. “Já fiz uma ultrassom dos olhos pagando, mas pelo posto de saúde nunca consegui, só tenho os pedidos, nenhum diagnóstico. É uma coisa muito triste, porque só vejo esse cisto crescendo e não sei o que é, se pode ser uma coisa mais grave. Não tenho condições de pagar. Se tivesse já tinha feito tudo e até uma cirurgia no meu filho para tirar isso”, lamenta. Viúva, Bruna sustenta, e cria os três filhos, sozinha.
Já Maria Gilda Alves, 52 anos, trabalhadora rural, aguarda há dois anos a liberação de um exame (histereoscopia diagnóstica) - para uma avaliação aprofundada do útero, depois que alguns exames ginecológicos deram alterados. “Mas eu não consigo! Há mais de um ano eu pesquisei e numa clínica particular no Siqueira Campos [polo de clínicas particulares a preços mais populares] era mais de R$ 600. Eu não tenho condições de pagar”, frisa.
Para ela, se antes a situação da saúde já não tava boa, agora está pior. “Já era difícil, mas agora com esse governo está pior ainda. Por isso a gente precisa olhar com muita atenção quem vai eleger esse ano, porque a gente precisa de um governador que olhe para a saúde em todos os municípios, que ajude a liberar esses exames e consultas que a gente espera tanto. Eu acredito que Rogério Carvalho é o nome mais preparado pra isso, porque de saúde ele entende ainda mais e acredito que pode mudar essa situação. A gente já viu como era quando ele era secretário”, declara.
Déda e Rogério equiparam e regularizaram o Sistema de Saúde de Sergipe
Na época, a gestão do ex-governador Marcelo Déda, a partir do trabalho de Rogério Carvalho tanto na Secretaria de Saúde de Aracaju quanto na Secretaria de Saúde de Sergipe (de 2001 a 2010), regularizou os atendimentos, equipou todos os centros de saúde existentes (na época) além da construção de diversos prédios para hospitais e unidades de saúde da família.
“Se tirar o que fizemos na Saúde sergipana não sobra nada. Assumi em 2001 e a Saúde de Aracaju era apenas a Atenção Básica. Na época tinham apenas 38 equipes de Saúde da Família implantadas (ou em implantação). As Unidades de Saúde eram casas alugadas ou prédios construídos no final da década de 80, com o Movimento dos Centros de Saúde, que vem de São Paulo. Tinha uma função meramente programática, ou seja, fazia apenas atendimento de pacientes crônicos ou com doenças infecciosas”, frisa o pré-candidato ao Governo de Sergipe, Rogério Carvalho.
Ainda, segundo Rogério, não existia compromisso de atender a demanda espontânea. “Tinha muita fila e ficha, não tinha muita organização. Ao assumir a gestão da Secretaria de Saúde de Aracaju, a primeira tarefa foi redefinir o modelo gerencial, optamos por organizar as equipes de Saúde da Família, e começamos a introduzir um novo padrão de unidades de Saúde da Família. Construímos uma Unidade Padrão com recepção, gabinete odontológico com duas equipes, dispensário de medicamento, observação com dois leitos, sala de acolhimento, e duas sala para médicos e enfermeiras, ou seja, duas salas por equipes de Saúde da Família. Além de sala de imunização, sala de esterilização totalmente equipadas”.
Sobre sua gestão, enquanto secretário da Saúde do estado, o pré-candidato a Governo de Sergipe relembra que ao assumir a gestão da Rede de Saúde de Sergipe identificou que existia uma ligação entre Estado e poder, ou seja, as forças políticas se apropriavam do Estado, e esse controle refletia diretamente no cotidiano da população. Rogério também pontuou a situação precária do HUSE que não tinha capacidade de atendimento.
“Existiam muitos interesses econômicos (de naturezas distintas) dentro da Secretaria de Estado. Era um faz de conta. Os serviços existiam, mas como forma de permitir que os diversos grupos se beneficiassem. O HUSE, por exemplo, era um hospital com 18 leitos de UTI, sendo seis infantis e 12 adultos. Tinha ao todo 240 leitos somente, além de uma área de trauma, que parecia mais um matadouro fedendo a carniça. Só tinham dois leitos de estabilização, e as pessoas morriam por falta de assistência dentro do hospital. Naquela época, o HUSE tinha cinco salas de cirurgia e três operacionais. As pessoas ficavam meses esperando para fazer uma cirurgia. Lá no HUSE dobramos a capacidade de atendimento, criamos uma UTI com 64 leitos, terminamos o Hospital Infantil de dentro do HUSE, criamos um Corredor de Emergência, fizemos uma sala de estabilização com 20 leitos, criamos uma semi-intensiva com 24 leitos. Todos esses leitos eram monitorados com tudo de mais moderno em tecnologia, naquela época. Aos poucos fomos ampliando a parte de leitos do HUSE e partimos assim de 240 para mais de 500 leitos”, informa Rogério.
Legado na saúde
Numa sequência de ações que colocaram toda a Rede de Saúde de Sergipe nos eixos, Rogério tinha deixado um legado de desenvolvimento e estruturação física na Rede de Saúde de Sergipe, entre as quais destacam-se: a construção da UPA Nestor Piva e a construção da UPA Fernando Franco (no Augusto Franco), a construção de 13 novas Unidades Básicas de Saúde da Família e reforma das outras 31 existentes, a construção e a reforma de hospitais regionais (Lagarto, Propriá, Boquim, Porto da Folha, Poço Redondo, Glória, Itabaiana, Estância e Socorro), a retomada administrativa dos hospitais de Propriá, Nossa Senhora da Glória e Itabaiana, Neópolis, além da maternidade de Capela, duplicação do HUSE, reforma da Maternidade Nossa Senhora de Lourdes, criação da Unidade de Terapia Intensiva Neonatal (UTIN) e a UTI do Hospital Santa Isabel e inaugurou a Unidade Vascular Avançada (UVA) do Hospital Cirurgia. Ainda teve a criação do Centro de Cirurgia Bariátrica do HUSE, a criação dos CAPS para atender e acolher pacientes com transtornos psicológicos e psiquiátrico, criação do Centro de Especialidades Odontológicas, inauguração do Centro de Referência da Criança e do Adolescente, reformou o CEMAR da rua Bahia, no Siqueira Campos, criação do Centro de Especialidades do Augusto Franco, criação do centro de Especialidades em Fisioterapia (Cefismo), implantação do Programa Academia da Cidade, além da criação do Samu Aracaju e do Samu Estadual, que era uma referência de Sergipe, em pronto-atendimento, para o restante do Brasil. Ainda na época de Rogério Carvalho, enquanto secretário, foi feita a maior compra de equipamentos médicos da história de Sergipe, algo em torno de 50 milhões investidos, o que supriu todos os hospitais e espaços destinados aos cuidados com a população.
“Precisamos pensar a Saúde de Sergipe efetivando as diretrizes que regem o SUS (a universalização, equidade, integralidade, descentralização, hierarquização e a participação da comunidade). As políticas públicas do SUS no Estado de Sergipe seguem o grande desafio e missão de fazer cumprir estes princípios”, pontua Rogério.
O pré-candidato enfatiza que a Secretaria Estadual de Saúde precisa estimular e articular as políticas públicas tanto voltadas para a atenção básica quanto para as especialidades, dialogando mais proximamente com os municípios. “O processo de fortalecimento da saúde pública demanda um sistema de regulação e informação que fomente a Programação Geral de Ações dos Serviços de Saúde, que viabilize o acesso universal, equânime e transparente da oferta. Desta forma, a assistência à saúde tem que ser inovadora, transparente, eficiente e voltada para sua população”.
Rogério conta que é fundamental se criar um modelo de gestão que considere a participação popular e que este seja fomentando através da tecnologia. “Implementar sistemas de tecnologia que estabeleçam melhorias nos serviços de regulação, indicadores de saúde e gestão participativa são essenciais neste processo”, diz.
Plano de Governo
Na construção do seu Plano de Governo, o pré-candidato Rogério Carvalho tem dedicado atenção especial às ações voltadas para a modernização de sistemas e serviços em diferentes áreas públicas, o que refletirá, diretamente, na vida dos sergipanos. “Enquanto médico, vejo que as gestões tecnológicas da informatização precisam identificar as necessidades de saúde, o fortalecimento do Sistema de Regulação como a inteligência e observatório da rede de atenção à saúde, a descentralização e hierarquização dos serviços nos diferentes níveis de atenção e a integração das redes assistenciais, a fim de fortalecer a regionalização da saúde, como maiores desafios para a política pública que busca respostas satisfatórias a população do SUS no Estado de Sergipe”.
Rogério tem expressado também uma visão crítica em relação à situação da Saúde de Sergipe, enfatizando que a estrutura vigente é oriunda da gestão de Marcelo Déda, enquanto prefeito de Aracaju e na sequência governador de Sergipe. “Conheço a estrutura da Saúde de Aracaju e do estado porque fui secretário das pastas municipal e estadual durante quase dez anos. “A SES não possui política assistencial, apenas a manutenção dos projetos deixados da minha época enquanto secretário. O Estado precisa retomar o seu protagonismo junto aos municípios”, finaliza Rogério Carvalho.