Projeto Povos das Águas realiza seminário de lançamento da formação sobre o beneficiamento do pescado em Brejo Grande

No último dia 09 de maio de 2025, o Projeto Povos das Águas: Produzindo Vida e Preservando o Mar, realizado pela Associação dos Pequenos Agricultores do Estado de Sergipe (Apaese) em parceria com a Petrobras através do Programa Socioambiental, realizou o “Seminário lançamento da Formação em Beneficiamento do Pescado”. A atividade formativa iniciou às 9h, no Quilombo Santa Cruz, com a comunidade pesqueira dos municípios de Brejo Grande e Pacatuba.

Para a coordenadora do Projeto, Milena Ferreira, a escolha das comunidades não foi apenas pela característica pesqueira, mas também por serem locais onde o beneficiamento contribuiria ainda mais para a geração de renda das famílias. “São comunidades que têm sua fonte de renda vinda da pesca e dos mariscos. Esses produtos, na sua grande maioria são passados para atravessadores a custo baixo, então o curso de beneficiamento do pescado vem com o objetivo de fomentar nessas comunidades e instigá-los a ter um produto que possa ser oferecido para o PNAE, para o PAA, gerando um lucro maior para as comunidades e tendo um valor agregado”.

O seminário contou com a presença de representantes da Embrapa Alimentos e Territórios, do Movimento dos Pequenos Agricultores de Sergipe (MPA – SE), da Universidade Federal de Sergipe (UFS) Campus Sertão e do Conselho Pastoral dos Pescadores (CPP – Bahia e Sergipe), que contribuíram com a exposição de estudos científicos e sociais sobre os contextos dos modos de vida de pescadores e pescadoras.

Parcerias

Durante a atividade, Daniela Bento, agente do CPP, apresentou dados do recém lançado Caderno de Conflitos, com dados de 2024, produzido pela instituição, trazendo informações sobre os conflitos ambientais da região. “Estamos aqui no território sagrado de Brejão dos Negros e tivemos a oportunidade de trazer um pouco do contexto da pesca no cenário aqui do Baixo São Francisco, e apresentar dados do nosso Caderno de Conflitos, onde trazemos dados e informações sobre os conflitos ambientais, quem são os agentes causadores desses impactos, como isso impacta a vida dos pescadores e como tudo isso tem a ver com a relação de quantidade e qualidade do pescado na mesa dos brasileiros, então a gente agradece o convite e ficamos muito felizes de poder contribuir com esse debate tão importante”, declarou Daniela Bento.

Outra parceria importante para a comunidade pesqueira é a da Universidade Federal de Sergipe, Campus Sertão, como aponta a professora doutora Acenine Balieiro. “A Universidade está como parceira do Projeto Povos das Águas, principalmente para a formação de pescadores e marisqueiras no beneficiamento do pescado, elaborando novos produtos com a principal finalidade de geração de renda da comunidade e o fortalecimento da cadeia da pesca”.

De braços abertos

A Embrapa, percorreu as comunidades participantes da formação realizando o processo de cartografia dos pesqueiros, com o objetivo de traçar um panorama da realidade da pesca, da realidade social, econômica e principalmente ambiental nos territórios. Esse caminho foi percorrido de forma participativa, visando a aplicação dos dados no curso de beneficiamento.

Marielica Assis, moradora do Quilombo Resina (Brejo Grande) e de família de pescadores, reconhece a importância da ação de formação para a comunidade. “Eu gostei do seminário porque vai trazer muitos benefícios para a nossa comunidade. Sobre o beneficiamento do pescado, a gente vai ter oportunidade de aprender mais como fazer alguns quitutes derivados do peixe, dos mariscos e vai ser uma fonte de renda para a nossa comunidade”, apontou Marielica.

Continuidade da formação

O seminário de formação serviu também para apresentar o calendário das oficinas de beneficiamento do pescado e mariscos, que se iniciam no dia 21 de maio. Adriano Prysthon, pesquisador da Embrapa e engenheiro de pesca, pontuou que a pesca artesanal ainda é um desafio para muitas instituições e que o conhecimento deve vir dos pescadores e pescadoras artesanais.

“A pesca artesanal ainda é uma temática nova dentro da própria Embrapa, mas a gente vem alcançando esse público e essa tem sido a primeira oportunidade da Embrapa de participar junto às comunidades pesqueiras aqui no estado de Sergipe. É sempre um aprendizado muito grande, mas acho que o principal deles é a relação íntima com o ambiente, eles dependem desse ambiente, então é uma relação de pertencimento, não só do que eles exploram, mas de que eles também têm consciência de que eles fazem parte desse ambiente”.