"Vento de Esperançar": livro coletivo resgata memórias de infância e fortalece vozes femininas
Publicação reúne histórias de mulheres de diferentes territórios sergipanos que fazem parte do projeto Rede Solidária de Mulheres de Sergipe, realizado pela Associação de Catadoras de Mangaba de Indiaroba (Ascamai), em parceria com a Petrobras e com o apoio da Universidade Federal de Sergipe (UFS) e do Movimento de Catadoras de Mangaba de Sergipe (MCM) e propõe reflexão sobre memória, cidadania e transformação social.
O livro é resultado da oficina “A escrita que habita em mim”, realizada em março de 2025 com mulheres de diferentes comunidades acompanhadas pela Rede. A obra reúne memórias de infância, experiências afetivas e histórias de vida que, ao serem compartilhadas, se transformam em potência narrativa e instrumento de fortalecimento coletivo.
Organizado por Rita Simone Barbosa, Mirsa Barreto e Manoel Luiz Cerqueira Filho, o livro é o resultado de um processo de escuta, criação e troca entre mulheres que, ao revisitarem suas vivências, ressignificam suas trajetórias e reafirmam seu lugar na construção de uma sociedade mais justa e sensível. As histórias nasceram das rodas de conversa e dos exercícios propostos durante a oficina, revelando as muitas infâncias que habitam cada mulher e ampliando os sentidos da palavra “esperançar”.
Para a jornalista do projeto e uma das organizadoras do livro, Rita Simone Barbosa, a experiência reforça a importância da memória social como ferramenta de transformação. “A oportunidade de mergulhar na infância das mulheres lideranças da Rede, com toda a diversidade do verbo simbólico de seus territórios, reafirma a relevância da memória social como elemento essencial para a construção da verdadeira cidadania. As imagens simbólicas que emergiram de suas meninas interiores foram fonte de cenas, textos e relações. Ver esse texto de esperançar brotar junto com Manoel e ganhar forma com o olhar atento de Mirsa foi um presente”, ressaltou.
As ilustrações do livro ficaram por conta da jovem artista Juliana Barbosa, que imprimiu à obra uma linguagem visual sensível e potente. Seus traços ampliam o universo simbólico do texto e dialogam diretamente com os sentimentos expressos pelas autoras. As personagens Brisa, Celeste e Dona Sindola, figuras centrais da narrativa, representam diferentes vozes e visões de mundo, entrelaçando educação emancipatória, liberdade e democracia.
Entre as participantes da oficina está Sarah Jennifer Souza de Oliveira, jovem da comunidade de Ribuleirinha, que contribuiu diretamente na elaboração do livro. “A gente escreveu com o coração, lembrando das histórias das nossas mães, avós e vizinhas. É bonito ver como tudo isso virou livro, virou arte, virou força para outras mulheres”, disse.
Vento de Esperançar está disponível gratuitamente em formato PDF . A leitura é um convite à sensibilidade, à escuta e à valorização das vozes femininas que seguem, todos os dias, escrevendo novas histórias de resistência e afeto.