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Aracaju (SE), 25 de agosto de 2025
POR: Murilo Gomes
Fonte: Murilo Gomes
Em: 25/08/2025
Pub.: 25 de agosto de 2025

Lei Magnitsky: a legislação que pune violações de direitos humanos e corrupção ao redor do mundo :: Por Murilo Gomes

Murilo Gomes*

Murilo Gomes - Foto: Acervo pessoal

Nos últimos anos, a chamada Lei Magnitsky (ou “Lei Magnitsky Global”) ganhou espaço nos debates internacionais e, mais recentemente, no Brasil.  Por aqui a lei ganhou popularidade quando atingiu o Ministro do STF Alexandre de Morais. Segundo os americanos, o ministro do STF violou direitos humanos  no julgamento dos atos de 08 de janeiro de 2023 e na ação e ações que envolvem o ex-presidente Jair Bolsonaro. 

Trata-se de um instrumento legal que busca responsabilizar indivíduos e entidades envolvidos em graves violações de direitos humanos e atos de corrupção, aplicando sanções econômicas e restrições de viagem. Mas de onde vem esse nome e por que essa lei tem causado tanta repercussão?

A lei leva o nome de Sergei Magnitsky, um advogado e auditor tributário russo que trabalhava para o investidor William Browder, do fundo Hermitage Capital. Em 2008, Magnitsky denunciou um gigantesco esquema de corrupção e fraude fiscal envolvendo autoridades estatais na Rússia, incluindo o atual presidente Russo Vladimir Putin. Pouco tempo depois, foi preso sob acusações controversas e, segundo organizações internacionais de direitos humanos, sofreu torturas e negligência médica enquanto estava sob custódia. Morreu em 2009, aos 37 anos, em uma prisão de Moscou. Sua morte chocou o mundo e se tornou símbolo da impunidade e da perseguição política.

Em resposta, o Congresso dos Estados Unidos aprovou, em 2012, a primeira Magnitsky Act, visando especificamente punir autoridades russas ligadas ao caso. A legislação permitiu que o governo americano congelasse bens nos EUA e proibisse a entrada no país de indivíduos envolvidos na morte de Magnitsky ou em casos semelhantes de violações. Posteriormente, em 2016, a lei foi expandida para uma versão global, autorizando sanções contra qualquer pessoa, de qualquer nacionalidade, responsável por abusos graves aos direitos humanos ou corrupção em larga escala. Diversos países, como Canadá, Reino Unido e membros da União Europeia, aprovaram legislações semelhantes.

Na prática, a Lei Magnitsky não se limita a punir governos, mas busca atingir diretamente os indivíduos que se beneficiam de regimes corruptos e repressivos. Entre as sanções previstas estão o bloqueio de ativos em território estrangeiro, a proibição de realizar transações financeiras internacionais e a restrição de vistos. O objetivo é dificultar que violadores de direitos humanos possam desfrutar de riquezas obtidas ilicitamente, especialmente em países democráticos e com sistemas financeiros sólidos.

No Brasil, discute-se a adoção de mecanismos semelhantes, permitindo que autoridades nacionais possam sancionar estrangeiros envolvidos em crimes contra a humanidade e corrupção transnacional. Defensores da proposta afirmam que o país, ao aderir a esse modelo, reforçaria seu compromisso com os direitos humanos e a integridade global. Críticos, por outro lado, alertam para a necessidade de critérios claros e a prevenção de possíveis usos políticos da lei.

A importância da Lei Magnitsky reside no caráter inovador,  ela transfere a responsabilização do plano abstrato das condenações diplomáticas para ações concretas, atingindo diretamente o bolso e a liberdade de circulação dos violadores. Ao homenagear Sergei Magnitsky, a legislação mantém viva a memória de um homem que perdeu a vida por denunciar a corrupção de poderosos e simboliza a luta internacional contra a impunidade.

Com o mundo cada vez mais conectado financeiramente, leis como a Magnitsky representam um novo paradigma,  a mensagem de que não há fronteiras seguras para quem viola direitos humanos e se enriquece às custas do sofrimento alheio. Essa discussão, agora presente também no Brasil, reflete uma tendência global de ampliar a cooperação internacional na defesa da dignidade humana e do combate à corrupção sistêmica.

*Jornalista e empreendedor


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