Aracaju (SE), 04 de dezembro de 2024
POR: Assessoria CNEC
Fonte: Assessoria CNEC
Pub.: 13 de outubro de 2016

Censo mostra queda de novos alunos no ensino superior

Rede privada teve queda de 6,9% no total de novos alunos. Levantamento mostra que Brasil tinha mais de 8 milhões de universitários em 2015.

Caiu o número de novos alunos no ensino superior tanto na rede pública (-2,6%) quanto na rede privada (-6,9%) entre 2014 e 2015. Os números são do Censo da Educação Superior 2015, divulgado pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep).
A queda ocorre no mesmo período em que o governo federal mudou regras e reduziu a oferta de novos contratos de financiamento para quem quer estudar na rede privada usando o Fundo de Financiamento Estudantil (Fies). Entidades do setor ind icaram que o quadro, somado à crise econômica, ainda reflete nas matrículas deste ano.
A evolução nos ingressantes na rede pública era constante desde 2009, culminando com o aumento, entre 2013 e 2014, de 16% no total de novos alunos, passando de 2.211.104 ingressantes para 2.562.306. Também foi neste mesmo período que o gasto do governo federal com o Fies saltou de R$ 7,5 bilhões para R$ 12,2 bilhões.
Fies, evolução e crise
Já entre 2014 e 2015, o número de novos alunos na rede privada oscilou de 2.562.306 para 2.385.861, resultando na queda de 6,9%. Esses dados consideram as vagas totais, tanto as oferecidas nos vestibulares daquele ano quanto as que ficaram remanescentes de outros vestibulares ou por causa da desistência de alunos.
Apenas nos dados de 2014-2015 é possível comparar exclusivamente a taxa de ocupação de novas vagas, aquelas oferecidas nos vestibulares do ano. Neste cenário, a rede privada teve um desempenho ainda pior com queda de 8,7%, saindo de 2.307.988 calouros (2014) para 2.105.835 (2015). O mesmo dado não está disponível para comparação com 2013.
Apesar de os recursos do Fies subirem para R$ 17,8 bilhões em 2015, este ano foi marcado pela mudanças nas regras de acesso ao financiamento anunciadas p elo MEC, período em que as empresas privadas de educação passaram a alertar que quase metade dos contratos não foram fechados.
Atualmente, instituições particulares de ensino afirmam que o programa acumula atraso no repasse de cerca de R$ 5 bilhões e o MEC cobra que parlamentares aprovem a liberação de créditos suplementares.
Tendência no total de matrículas
O total de matrículas, que considera quem está cursando graduação em qualquer período ou fase, subiu 2,5% em 2015 se comparado com o ano anterior. Entretanto, o avanço traz embutido uma redução na tendência de crescimento, já que a alta foi de 3,5% na rede privada enquanto houve queda de 0,5% na rede pública. O Inep afirma que a queda nas matrículas na rede pública foi puxada pelas instituições mantidas por municípios.
Se avaliado um período mais longo, o diagnóstico reflete a crescimento do ensino superior no Brasil, estimulado pela expansão da rede federal e por programas como o Prouni e o Fies. Entre 2005 e 2015, o aumento no total de matrículas foi de 75,7%. Em 2015, o Censo verificou que havia 8.033.574 matrículas, contra 4.626.740 em 2005.
Segundo a análise do Censo, a queda foi ocasionada, principalmente, pela rede municipal. Por outro lado, a rede federal cresceu 2,9% no mesmo período. Nos últimos 10 anos, o total de matrículas na rede federal subiu 104%.
Vagas ociosas
O levantamento aponta que, em 2015, mais de metade das vagas (57,9%) oferecidas não foram preenchidas no ensino superior. A rede federal teve o maior percentual de novas vagas preenchidas (90,1%). Se consideradas vagas que já estavam ociosas de anos anteriores, as federais também apresentaram o maior percentual de preenchimento (27,4%), mas, ainda assim, mais de 84 mil vagas remanescentes não foram ocupadas.
Concluintes
O Censo mostra ainda que, entre 2014 e 2015, o número de concluintes na rede pública diminuiu 0,8%, enquanto na rede privada houve aumento de 15,9%.
Se considerados apenas os concluintes em cursos de graduação presencial em todas as redes, houve aumento de 9,4% em relação a 2014. A modalidade a distância aumentou 23,1% no mesmo período.
Privadas em maior número
De acordo com o Censo, na rede de educação superior brasileira, 87,5% das instituições são privadas. Dentro das IES públicas, 40,7% são estaduais, 36,3% são federais e 23,0% são municipais. A maioria das universidades é pública (54,9%), enquanto entre as privadas, predominam os centros universitários (94,0%) e as faculdades (93,0%).
As 195 universidades existentes no Brasil equivalem a 8,2% do total de IES. Por outro lado, 53,2% das matrículas em cursos de graduação estão concentradas nas universidades, onde 94% dos cursos são na modalidade presencial. A maior parte dos cursos de graduação presencial está localizada na Região Sudeste (45,1%).
Perfil dos professores
A maioria dos docentes nas universidades tem doutorado (51,6%), já nas faculdades, o percentual é de 16,5%. A rede privada concentra o menor percentual de doutores em seus quadros. Atualmente, 20,8% dos docentes da rede privada têm doutorado, um crescimento de 8,5 pontos percentuais em 10 anos. Na rede pública, onde a maioria é formada por doutores (57,9%), o crescimento em 10 anos foi de 17,8 pontos percentuais.
Mulheres são maioria
Tanto na modalidade presencial quanto nos cursos a distância, as mulheres são maioria. A idade mais frequente dos estudantes matriculados é de 21 anos nos cursos de graduação presencial e de 33, nos cursos a distância. Pedagogia é a área de curso que possui mais mulheres matriculadas na graduação. Entre os homens, o curso de direito é o que tem o maior número de alunos.
Curso a distância
O número de alunos na modalidade a distância continua crescendo, atingindo quase 1,4 milhão em 2015, o que já representa uma participação de 17,4% do total de matrículas da educação superior. Nesta modalidade, entre 2014 e 2015, o aumento foi de 3,9%. Os cursos de licenciatura lideram as matrículas em cursos a distância, somando 40,5%.
Angolanos
Mais de 30% dos estudantes estrangeiros matriculados no Brasil são provenientes do continente africano. Com 2.263 matrículas, os angolanos são maioria. Na sequência, o ranking por países tem Paraguai (1.104), Guiné Bissau (931), Argentina (894), Bolívia (760), Japão (750), Peru (745), Portugal (701) e EUA (604).


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