Aluna sergipana conta como vivenciou internato de Medicina em hospital dos EUA
Marina Teixeira, estudante de Medicina da Unit, passou um mês em Boston, nos Estados Unidos, onde conheceu a tecnologia empregada nos hospitais americanos, bem como os hábitos e culturas da cidade
Marina Mendes Teixeira, estudante de Medicina da Unit e participante do internato Clerkship Health Alliance (CHA), em Boston (Estados Unidos) - Foto: Acervo pessoal
Manter uma rotina de hábitos saudáveis e ao mesmo tempo vivenciar uma mudança profunda em seus conhecimentos e visões de mundo, a mais de 6,8 mil quilômetros de distância. Essa experiência foi vivida pela estudante sergipana Marina Mendes Teixeira, que está no 12º período de Medicina na Universidade Tiradentes (Unit) e esteve, em abril deste ano, em um internato de 30 dias no Cambridge Health Alliance (CHA), em Boston, nos Estados Unidos. Ela fez parte da primeira turma de intercambistas que foi enviada para lá em 2024, dentro do programa Clinical Experience Abroad: Clerkship for Medical Students, mantido há três anos a partir de uma parceria entre as duas instituições.
A aluna, que também é atleta de triatlo e crossfit, encarou uma rotina puxada de estudos e atividades práticas nos hospitais e centros de saúde mantidos pelo complexo, uma das principais referências em assistência à saúde nos EUA. Uma rotina que começava diariamente às 5h40, pelo horário local. “Eu acordava, realizava minha corridinha matinal, fazia meu café da manhã, e ia para o CHA de ônibus ou de Blue Bike (um sistema público local de compartilhamento de bicicletas). Nos horários vagos, eu estudava ou ia para a academia, porque eu amo exercício físico. Você consegue fazer sua própria rotina e sua jornada diária, de acordo com a sua grade de horários”, conta Marina.
Ela diz também que o internato tem uma grade de matérias obrigatórias para serem cursadas, como as que compõem o programa curricular do curso, a atenção primária, as aulas acadêmicas e as visitas às clínicas e hospitais, com a presença de intérpretes. No entanto, cada aluno tem a autonomia de escolher até duas especialidades médicas para formar a grade. Dentre as diversas especialidades, Marina escolheu a cirurgia plástica, uma das áreas na qual pensa em se especializar, e a cirurgia robótica, que lhe chamou mais a atenção devido aos equipamentos e recursos de última geração que estão disponíveis no sistema norte-americano. “A tecnologia nos âmbitos hospitalares domina, e isso me impressionou muito”, atesta.
Outro ponto destacado por ela foi as diferenças existentes entre as realidades dos sistemas de saúde do Brasil e dos Estados Unidos. A principal deles é que o Brasil tem um Sistema Único de Saúde (SUS) público e gratuito, que incorpora a universalidade, integralidade e a equidade; enquanto que os EUA têm um sistema majoritariamente privado e regulado pelas leis de cada um dos seus 50 estados, com despesas muito altas para os pacientes. “A medicina se completa diante das inovações de todos os países. Cada país tem o seu espaço na evolução da área da saúde. A maioria dos países desenvolvidos desfrutam mais da tecnologia, enquanto os subdesenvolvidos desfrutam menos. Cada país tem sua forma de sistematizar a saúde. Cada sociedade tem suas regras e leis, e a saúde se enquadra no perfil do país”, acredita Marina.
Choque cultural
A grande experiência que ela guarda, contudo, foi o choque cultural proporcionado pelo período que fez o internato em Boston. Para a estudante, a sua visão de mundo não é mais a mesma, e foi justamente isso que ela buscou ao se candidatar para o programa da Unit. “Cada país tem as suas regras, leis éticas e morais que estão enraizadas na sociedade. O choque cultural é imenso e aquele costume que você tem como ‘errado’ pode ser ‘certo’ em outra população. Então as diferenças culturais são importantes porque cada ser tem as suas crenças e fé que os fazem mover adiante. O choque cultural faz expandir pensamentos e opiniões, fazendo com que enxergamos novos horizontes. É um crescimento pessoal muito importante”, afirma.
Marina Teixeira voltou a Aracaju no começo de maio, com os quatro intercambistas que formaram a primeira turma. Outras duas foram enviadas a Boston respectivamente em agosto e agora em setembro, com outros 10 alunos de Medicina aprovados em um processo seletivo interno. Prestes a se formar, ela considera que o internato no CHA ultrapassou as expectativas em relação ao crescimento acadêmico, profissional e pessoal, fortalecendo ainda mais a sua paixão pela carreira que abraçou. “Hoje, eu posso dizer que a Medicina faz parte da minha vida, e acredito que é um aprendizado eterno. Me fascina a forma como o raciocínio consegue salvar vidas, assim como a fé consegue transformar vidas”, concluiu.