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Aracaju (SE), 30 de dezembro de 2024
POR: Gabriel Damásio
Fonte: Asscom Unit
Em: 16/12/2024 às 14:02
Pub.: 16 de dezembro de 2024

Faculdades discutem adoção de programas de diversidade e combate ao racismo

A iniciativa é do Ministério Público do Trabalho, que recebeu a apresentação de um programa de diversidade criado e aplicado há três anos pela Unit, envolvendo medidas de conscientização de gestores e colaboradores 

Audiência do MPT-20 que reuniu representantes de instituições de ensino superior apresentou o Programa de Diversidade criado e implementado na Unit - Foto: Asscom Unit

Faculdades e universidades de Sergipe iniciaram uma série de discussões e estudos para a adoção de programas e iniciativas voltadas à promoção da diversidade, à inclusão social e ao combate contra o racismo. A iniciativa neste sentido é do Ministério Público do Trabalho da 20ª Reunião (MPT-20), que promoveu na última sexta-feira, 13, uma audiência coletiva com 13 instituições privadas de ensino superior que atuam em Sergipe. Durante a reunião, foi apresentado o Programa de Diversidade da Universidade Tiradentes (Unit), primeiro programa institucional do tipo a ser criado e implementado no estado. 

Desenvolvido desde 2022 pela Diretoria de Recursos Humanos (DRH) do Grupo Tiradentes, ele envolve uma série de ações de conscientização e de letramento racial para gestores e colaboradores da instituição e de todas as unidades mantidas pelo Grupo Tiradentes em Sergipe, Pernambuco e outros estados que sediam unidades de Ensino à Distância (Unit EaD). O programa foi criado sob quatro pilares e objetivos principais: sensibilizar o público interno sobre a importância da temática, promover a educação e conscientização de gestores e colaboradores, diagnosticar as reais questões e necessidades da empresa quanto ao assunto, e desenvolver projetos que incentivem a inclusão de grupos minoritários, através de processos seletivos e campanhas. 

“Um dos itens da nossa cultura é a valorização do ser humano e a responsabilidade social. Não tem como valorizar e ter responsabilidade social sem entrar nesse tema do racismo. É impossível a gente valorizar o ser humano sem colocar o mesmo peso e sem dar abertura para posições melhores na instituição para as pessoas pretas e pardas. E também procuramos mostrar que, internamente, a gente trata a igualdade racial da forma que ela deve ser tratada”, destacou a diretora de RH do Grupo Tiradentes, Alessandra de Faria. 

A implementação das ações do programa também teve a participação de outros núcleos, como Ouvidoria, Compliance, Jurídico, Marketing e Comunicação (Asscom), além de professores e alunos do Programa de Pós-Graduação em Direitos Humanos (PPGD/Unit). “Com certeza, a universidade tirou isso de um trabalho excelente, buscou excelentes profissionais que entendem na matéria, professoras com a bagagem de doutorado para trazer essa contribuição. Claro que é um primeiro passo. Eu acho que a gente consegue avançar com o passar do tempo, para que as políticas de inclusão racial sejam ainda mais efetivas nas nossas sociedades”, afirma o procurador Raymundo Lima Ribeiro Junior, do MPT-20.

Uma das iniciativas foi uma pesquisa de autodeclaração racial entre os colaboradores de todo o Grupo, que foi feita em paralelo com as palestras e encontros de letramento racial.Ao mesmo tempo, foi realizada uma série de palestras, cursos e workshops sobre letramento racial, que começaram na alta direção da empresa, passaram pelas equipes de líderes e colaboradores, e culminaram com a abordagem do assunto em eventos de formação dos docente como a Semana Técnica Científica, a Jornada Pedagógica e o Encontro Internacional de Formação de Professores (Enfope). 

O programa envolveu ainda a elaboração de materiais educativos como o “Guia de Conscientização e Prevenção ao Racismo”, publicação interna lançada no último dia 20 de novembro, por ocasião do Dia da Consciência Negra. “Começamos como um momento de socializar um conhecimento com a gestão e isso passou por todas as esferas dentro da instituição em Sergipe e em outros estados. Essas discussões saíram do âmbito apenas institucional com os colaboradores e se transformou num produto efetivo que é a cartilha. A gente saiu apenas do discurso e foi efetivamente para a prática de uma instituição que se reconhece como antirracista. Isso é importantíssimo”, comemora a professora-doutora Sara Rogéria Barbosa, atual titular do Departamento de Letras da Universidade Federal de Sergipe (UFS), que foi docente do Grupo Tiradentes e atuou como consultora do Programa de Diversidade. 

Para o gerente de relações trabalhistas e tributárias do Grupo Tiradentes, Ailton Borges de Souza, os valores da igualdade, do respeito e da inclusão estão nos pilares defendidos desde sempre pelos fundadores da instituição, Jouberto Uchôa de Mendonça e Amélia Maria Cerqueira Uchôa. “Com humildade e compromisso social, construíram uma instituição que vai além do ensino, promovendo valores que unem e dignificam as pessoas. Enquanto outras instituições ainda debatem sobre diversidade, o Grupo Tiradentes lidera pelo exemplo, com ações concretas e um compromisso genuíno com a transformação social. Inspirados pelos valores de nossos fundadores, promovemos um ambiente onde cada pessoa é respeitada e valorizada. Seguimos firmes na missão de educar não apenas para o mercado, mas para um mundo mais justo, humano e inclusivo”, definiu.

Referência

O Programa de Diversidade do Grupo Tiradentes será adotado como referência pelo MPT-20, que irá elaborar nos próximos dias a minuta de um termo de cooperação a ser proposto para todas as faculdades e universidades privadas. Ele prevê a construção de um modelo de programas e políticas públicas de inclusão social e racial na iniciativa privada, passando por questões como letramento racial e formação de gerências, chefias e lideranças sobre o tema. 

Segundo o procurador, a ideia é despertar o olhar para a inclusão racial junto às outras instituições de ensino superior, dentro da perspectiva de contribuir para uma presença maior e mais valorizada das pessoas pretas e pardas no mercado de trabalho, atacando questões como a desigualdade social e racial existente no Brasil. “Isso está cientificamente provado pelo IBGE e pela própria Unit, que fez um censo maravilhoso, apontando isso inclusive dentro da instituição. O desafio é mudar a sociedade. E esse primeiro passo que foi dado, com o que a própria Unit já avançou sobre a temática, é fazer com que a gente tente mudar a realidade social. Quem sabe aqui primeiro de Aracaju e de Sergipe, e levar o que a gente conseguir de frutos com essa iniciativa para os demais locais do Brasil”, acredita Raymundo. 


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