Aracaju (SE), 01 de novembro de 2024
POR: Shirley Vidal
Fonte: Shirley Vidal
Em: 04/07/2024 às 08:48
Pub.: 04 de julho de 2024

Dra. Fabiana Almeida explica como a pele repercute as emoções :: Por Shirley Vidal

Shirley Vidal*

Dra. Fabiana Almeida explica como a pele repercute as emoções - Foto: Assessoria

Dra. Fabiana Almeida explica como a pele repercute as emoções - Foto: Assessoria

Regular o estresse é um dos grandes desafios para a saúde do ser humano. O excesso de preocupação e ansiedade desencadeiam muitas vezes em doenças dermatológicas. Já diria o livro de Pierre Weil: “O corpo fala”. Nessa entrevista com a dermatologista graduada pela UFS, Dra. Fabiana Almeida, a médica elucida como a pele, o maior órgão do corpo, repercute os sintomas emocionais. Dra. Fabiana fez residência em Dermatologia pela UPE, é Membro da Sociedade Brasileira de Dermatologia e tem formação em Eneagrama, sistema de autoconhecimento que auxilia na compreensão do comportamento humano e suas motivações. Ela realiza atendimento dermatológico clínico, estético e cirúrgico no Centro Médico Jardins - sala 1314. E mantém canal de comunicação com pacientes pelo instagram: @fabianaalmeida.dermatologia. Confira nosso bate-papo:

Shirley Vidal (SV) - O estresse e a ansiedade podem desencadear uma resposta inflamatória na pele?

Fabiana Almeida (FA) - Sim, tanto o estresse agudo quanto o crônico induzem a liberação de substâncias inflamatórias, desencadeando diversas alterações que podem prejudicar a funcionalidade dos sistemas do nosso organismo, incluindo a pele, órgão que compartilha a mesma origem embrionária do sistema nervoso central. A consequência é o aumento das chances de surgirem alergias, dermatites e lesões inflamatórias ou infecciosas na pele.

SV - Quais doenças dermatológicas os pacientes podem desenvolver com o excesso de cortisol, um dos hormônios do estresse?

FA - Primeiro é importante salientar que o cortisol em si não é um vilão e sim um hormônio anti-inflamatório, cuja presença em níveis normais é fundamental para que tenhamos ânimo e energia vital. Acontece que níveis permanentemente elevados pelo estresse interferem no sistema imunológico por prejudicar a comunicação intercelular e, consequentemente, a funcionalidade da pele, facilitando o aparecimento de doenças, principalmente acne, erupção acneiforme, estrias, manchas, fragilidade cutânea, escurecimento de áreas de dobras da pele (acontose nigricans), além de agravar outras dermatoses.

SV - E quais os tratamentos indicados por você nesses casos?

FA - O tratamento medicamentoso direcionado para cada doença especificamente é importante para a melhora dos sintomas, mas é fundamental que o paciente compreenda e perceba em seu contexto de vida essa correlação com o estado emocional para que se motive a buscar meios que ajudem a reduzir o estresse e a ansiedade. De uma forma geral, a atividade física, atividades que promovam relaxamento e consciência corporal como a yoga e a meditação, alimentação saudável, sono adequado, reservar tempo para algum hobby ou atividade prazerosa que demande uma atenção plena e, quando há abertura, o acompanhamento terapêutico e, em alguns casos, também psiquiátrico.

SV - Do que se trata a dermatite emocional ou nervosa? Há cura ou alívio dos sintomas?

FA - Há dois tipos principais de dermatite que se enquadram nessa classificação: a seborreica e a atópica. A dermatite seborreica costuma vir associada à caspa e oleosidade e cursa com vermelhidão e descamação nas regiões seborreicas como couro cabeludo, face, meio do peito e meio das costas. Predomina em adultos e tem muita relação com estresse e privação de sono. 

A dermatite atópica apresenta um componente genético e imunológico e costuma acometer crianças com histórico pessoal e/ou familiar de rinite e/ou asma. Cursa com pele seca, vermelhidão, coceira intensa e tem forte relação com o estado emocional do paciente.

Ambas costumam se apresentar em crises de intensidade variável e o objetivo do tratamento, tanto medicamentoso quanto comportamental, visa o controle dos sintomas, podendo haver remissão das lesões por longos períodos.

SV - No caso das pessoas que desenvolvem urticárias, como proceder?

FA - O primeiro passo é buscar identificar causas externas e avaliar há quanto tempo as lesões surgiram para diferenciar entre urticária aguda e crônica (mais de 6 semanas). Nos quadros agudos o anti-histamínico costuma resolver com facilidade, mas nos crônicos, quando não se identifica um fator externo, temos a urticária crônica espontânea, que é considerada uma psicodermatose. Acomete principalmente mulheres entre 20 e 40 anos e o tratamento pode necessitar de altas doses de anti-histamínicos ou até de uma medicação imunobiológica. Nesses casos é importante indicar a terapia e ajustes no estilo de vida para reduzir o estresse, que caibam no contexto de vida de cada paciente.

SV - Pacientes também relatam sobre coceiras ou queda de cabelo. Além da indicação medicamentosa, tem algum tipo de prevenção que indicaria?

FA - O prurido é um sintoma que pode estar associado a várias dermatoses ou pode surgir sem lesões prévias, tendo relação com a ansiedade, pois o ato de coçar a pele ajuda a aliviar a tensão. Como o ressecamento da pele também contribui para a coceira, é indicado o uso de hidratantes para manter a barreira cutânea íntegra e a introdução de técnicas de relaxamento como meditação, yoga, mindfulness, além da terapia.

Com relação à queda de cabelo por causas emocionais, temos o eflúvio telógeno, que é auto-limitado, e a alopecia areata, que, apesar de ser uma doença auto-imune, também tem influência do estresse e ansiedade. Na prevenção também entram as técnicas de gerenciamento do estresse, além da manutenção de um couro cabeludo saudável, alimentação balanceada e sono reparador.

SV - Doenças como psoríase e vitiligo estão ligadas ao fator emocional?

FA - Embora o fator emocional não seja o único responsável nesses casos, pode contribuir para o surgimento das lesões. Além disso, por serem doenças que costumam ser visíveis, o constrangimento social gerado pelas lesões pode influenciar negativamente o estado emocional dos pacientes com psoríase e vitiligo.

*Shirley Vidal é escritora, jornalista, designer gráfico e atua como assessora de comunicação e imprensa na agência @vipconecta. Pós-graduada em Comunicação Organizacional (Unit/SE), MBA em Marketing Digital (ESPM/SP) e MBA em Psicologia Positiva (PUC/RS). Lançou em out/2021 o livro de crônicas 'Reflexões da Pandemia'. IG e LinkedIn: @shirley_vidal


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