Veterinário alerta sobre os riscos de medicar animais sem prescrição médica
Medicamentos como anti-inflamatórios e analgésicos podem desencadear reações graves nos animais

A administração de medicamentos a cães e gatos sem a devida orientação veterinária pode ser muito prejudicial à saúde dos animais. A pesquisa Radar Pet, conduzida pela Comissão de Animais de Companhia (Comac) do Sindicato Nacional da Indústria de Produtos para Saúde Animal (Sindan), mostra o comportamento dos donos de pets diante de problemas de saúde dos seus animais. O estudo, que entrevistou 1.751 tutores brasileiros, revelou que 19% dos participantes preferem medicar seus pets por conta própria, enquanto 9% recorrem à internet em busca de informações.
O médico veterinário Allan Rezende, explicou que muitas substâncias podem ser tóxicas ou desencadear efeitos adversos graves quando utilizadas sem um diagnóstico adequado e sem o conhecimento das doses seguras. “A automedicação pode levar a complicações graves como danos ao fígado e rins, alterações gastrointestinais crônicas, resistência bacteriana e comprometimento imunológico”, pontuou Allan, que também é professor do Centro Universitário Ages, integrante do maior e mais inovador ecossistema de qualidade do Brasil: o Ecossistema Ânima.
O professor enumerou os principais riscos da medicação de pets sem orientação de um médico veterinário:
Doses inadequadas: a administração de uma dose errada pode resultar em intoxicações graves ou, no caso de subdosagem, falha no tratamento, favorecendo a resistência de microrganismos.
Reações adversas: cada organismo responde de forma diferente aos medicamentos. Sem o acompanhamento de um médico veterinário, há o risco de reações alérgicas, problemas gastrointestinais, hepáticos, renais e até neurológicos.
Interações medicamentosas: alguns fármacos podem interagir negativamente entre si, potencializando efeitos tóxicos ou anulando a ação de um ou ambos os medicamentos.
Diagnóstico incorreto: muitas doenças apresentam sintomas semelhantes e a administração errada de medicamentos pode mascarar sinais clínicos, atrasar o diagnóstico correto e comprometer o tratamento adequado.
Danos ao fígado e rins: muitos medicamentos exigem metabolização hepática e excreção renal. Se usados de forma inadequada, podem desenvolver insuficiência hepática e renal progressiva.
Alterações gastrointestinais crônicas: medicamentos como anti-inflamatórios podem causar úlceras e gastrites severas.
Resistência bacteriana: o uso inadequado de antibióticos pode suscitar resistência, tornando infecções futuras mais difíceis de tratar.
Comprometimento imunológico: o uso prolongado ou indiscriminado de corticoides pode levar à imunossupressão e aumentar o risco de infecções oportunistas.
O professor da Ages completa, ainda, que certos medicamentos são especialmente perigosos para cães e gatos se administrados incorretamente, a exemplo dos anti-inflamatórios não esteroides (AINEs) humanos, antidepressivos, ansiolíticos, ivermectina e descongestionantes.
Confira:
Anti-inflamatórios não esteroides (AINEs) humanos: ibuprofeno, diclofenaco e naproxeno são altamente tóxicos para cães e gatos, podendo desencadear insuficiência renal e hemorragias gastrointestinais.
Antidepressivos e ansiolíticos humanos: podem causar convulsões, alterações cardíacas e intoxicações severas.
Ivermectina: em algumas raças de cães, como Collies e Pastores de Shetland, pode provocar neurotoxicidade grave.
Descongestionantes e antigripais: substâncias como pseudoefedrina podem levar a arritmias cardíacas fatais.
Rezende reforça que a orientação de um médico veterinário é essencial para garantir a saúde e o bem-estar dos animais de estimação. “Os medicamentos desenvolvidos para humanos não foram testados em cães e gatos quanto à sua segurança, metabolismo e eficácia, o que pode gerar problemas sérios. O fígado dos animais não metaboliza certos fármacos da mesma maneira que os humanos, aumentando o risco de intoxicação. Além disso, o peso e o metabolismo dos animais diferem dos humanos, e uma pequena dose pode ser letal. Muitas substâncias que são seguras para humanos podem ser mortais para os pets, resultando em reações adversas inesperadas”, finalizou o médico veterinário.