A Torre e a PMA - Primeira licitação para a coleta do lixo? Nada disso - Os três blocos de JAF
Política, Etc. & Tal :: Por José Lima Santana
José Lima Santana(*) - jlsantana@bol.com.br
As manifestações do último domingo contra Dilma parecem ter sido menores em relação às manifestações de maio. De qualquer forma, são manifestações que, desde a redemocratização, só foram vistas contra Collor e Dilma. O governo continua sangrando. É preciso estancar a hemorragia. Não que Dilma venha a cair. Não há motivo jurídico aparente para tanto. Ao menos, por enquanto. Não que haja um golpe em marcha. Não há. O que há são desejos e comentários. Pólvora molhada. Nada mais. Todavia, o governo não pode ficar encurralado. Ou seja, é a fragilidade do próprio governo que dá combustível aos desejos e comentários em favor da “queda” de Dilma. Segure a onda aí, Dilma. Pegue o boi pelos chifres. Ou o boi lhe pega.
Os governistas em cama macia
É o que eles pensam. Basta uma tentativa de ajuntamento, de conciliação, e tudo vai bem. As manifestações não abalaram os alicerces do Palácio do Planalto. A calmaria é esperada para setembro. A poeira baixa. Dilma segue em frente. Tudo certo como dois e dois são cinco.
Jackson Barreto no estaleiro, Belivaldo no comando
JB afastou-se para cuidar da saúde. Cirurgia. Questão ortopédica. Enquanto isso, Belivaldo Chagas, que tem sido um baita companheiro de Jackson, auxiliando-o de forma decisiva, tocará a administração estadual. Sintonia entre JB e o “Galeguinho” se Simão Dias. A governança agradece.
Jair Araújo na Fazenda, tarefa difícil pela frente
O ex-presidente do BANESE assumiu a Secretaria da Fazenda de Aracaju com a missão de ajustar as finanças. Já anunciou que poderão ocorrer cortes na despesa pública municipal Era para que isso tivesse ocorrido há muito tempo. O prefeito não quis? O que aconteceu, então, que a administração aracajuana chegou à berlinda, devendo um montão de dinheiro, na praça?
A Torre e a PMA
O imbróglio entre a empresa Torre e a Prefeitura Municipal de Aracaju não deverá ter um final feliz. Ao menos, quando se dá atenção às palavras do prefeito João Alves Filho, proferidas na última sexta-feira. Para João, a Torre estaria “chantageando a Prefeitura”. Sei não... Se for verdade que a PMA deve alguns milhões à empresa contratada e esta interrompe a prestação dos serviços, onde está a chantagem? É bem verdade que, ao que tudo indica, a Torre suspendeu a coleta do lixo sem avisar à PMA. A contratada estaria errada por não ter seguido os passos que deveria seguir. Afinal, o estatuto licitatório não prevê que a contratada possa a seu talante suspender a prestação do serviço sem prévia comunicação. Nisso, errou a empresa. Como errou a PMA em não honrar seus compromissos financeiros.
Primeira licitação para a coleta do lixo? Nada disso.
O prefeito João Alves disse que vai fazer a primeira licitação para a coleta do lixo de Aracaju. Ledo engano. Se não houve uma licitação anterior, e disso eu não tenho conhecimento, a primeira licitação para a coleta do lixo da capital sergipana foi realizada em 1993. A Lei 8.666 foi publicada em junho de 1993 e, em agosto, o prefeito Jackson Barreto nomeou uma nova Comissão Especial de Licitação da EMSURB, pois tinha nomeado outra anterior, cujos trabalhos não fluíram. A nova Comissão era composta por mim, como presidente, pelo engenheiro Fernando (da própria EMSURB) e pela advogada Lucimar (da EMURB, mas cedida à EMSURB).
Como a Lei estava fresquinha, eu solicitei por ofício ao Conselheiro Carlos Alberto Sobral que mandasse fazer uma avaliação do edital a ser publicado. A técnica Isabel Góis (hoje aposentada), minha ex-colega, pois eu fui auxiliar de controle externo do TCE, concursado em 1977, fez a devida análise e sugeriu alguns ajustes. Da licitação, na modalidade concorrência, realizada em outubro, participaram quatro concorrentes: a ENTERPA, de São Paulo, duas outras empresas paulistas e a Torre, que acabou vencendo com um valor mais de 20% menor do que a proposta da segunda colocada, a ENTERPA. Não tivemos nenhum recurso administrativo nem ação judicial. De lá para cá, não sei se houve novas licitações. A Torre vem sendo mantida como contratada sem licitação? Acho difícil. Mas, tudo é possível.
Os três blocos de João Alves
Após a posse de Murilo Mellins na Academia Sergipana de Letras, ocorrida na última sexta-feira, à noite, alguém que está à frente de uma Secretaria Municipal, na capital, disse-me que queria ler o que eu escrevi sobre os três blocos nos quais se dividiria o conjunto dos secretários de João Alves Filho, como foi publicado aqui no ClickSergipe, no último dia 5. Ora, quem me disse isso foi um secretário, que teria ouvido da própria pessoa que quer ler o que eu escrevi. Ou seja, foi uma conversa entre dois atuais secretários da PMA. Eu, hein? Já, já eu direi os nomes. A mão está coçando e o computador está esperando.
E por falar em Murilo Mellins...
Depois de uma eleição polêmica, na qual Murilo Mellins foi derrotado por apenas um voto de diferença, voto este tido como duvidoso por alguns acadêmicos, anos atrás, ensejando, inclusive, uma ação judicial impetrada pelo postulante derrotado contra o resultado daquela eleição, eis que, este ano, Mellins, grande memorialista de Aracaju, venceu nova eleição com uma diferença esmagadora de votos. Murilo Mellins substituiu a acadêmica Lígia Pina. Bem-vindo à Casa das Letras, amigo!
A perda de Gizelda Morais
No último sábado, foi sepultada a acadêmica e professora aposentada da UFS, Gizelda Morais, um dos nomes mais consagrados da literatura sergipana. Dedicada ao verso e à prosa, Gizelda construiu uma carreira literária que ultrapassou as fronteiras do Brasil. Além disso, era uma pessoa de fino trato e uma colega superatenciosa. Uma lacuna enorme para as letras sergipanas e brasileiras. O seu nome, contudo, haverá de ser sempre lembrado. A sua obra lhe credencia a tanto. Adeus, amiga!
Enquanto isso, a vez de Saracura?
Há bons nomes para ingressar na Academia Sergipana de Letras. Alguns desses nomes, todavia, não querem nem ouvir falar na ASL. Alegam certos motivos que, ao menos em parte, desmereceriam, na visão deles, a Casa das Letras. Em alguns aspectos, dizem certos críticos, é possível que tenham razão.
Um dos nomes credenciados para tomar assento entre os chamados “imortais” é o de Antônio Francisco de Jesus, também conhecido como Antonio Saracura. Itabaianense, membro da Academia de Letras da sua cidade e do Movimento de Apoio Cultural Antônio Garcia Filho, da ASL, começou a escrever tardiamente, mas é detentor de uma obra já solidificada. Publicou: “Os Tabaréus do Sítio Saracura”, (romance, 2008, 2010, 2012, 2014), “Meninos que não queriam ser Padres”, (romance, 2011), “Minha Querida Aracaju Aflita” (2011, livro de crônicas, distinguido pela Secretaria de Cultura de Sergipe, com o prêmio Mario Cabral de Crônicas, em 2010) e “Tambores da Terra Vermelha” (contos, 2013). No prelo (previsão para publicar em outubro), “Os Ferreiros” (também contos).
Neste bom escritor eu votaria de bom grado. Espero que ele se candidate. Agora. É voto declarado. O meu.
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(*) Advogado. Mestre em Direito. Professor do Curso de Direito da UFS. Membro da Academia Sergipana de Letras e do IHGSE.
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