Exercícios na água ganham destaque por aliar saúde, segurança e bem-estar
Atividades como hidroginástica e natação oferecem baixo impacto e fortalecem músculos, mas a prática segura exige avaliação médica, hidratação e orientação profissional

Em condomínios e clubes, os ambientes mais concorridos e valorizados são os que contêm piscinas. Além de refrescar e relaxar o corpo nos dias mais quentes, elas são convidativas para a prática de esportes e exercícios físicos que são bem recomendados por profissionais de saúde e educação física, devido aos benefícios proporcionados ao corpo pelo ambiente aquático. Os principais são a natação, a hidroginástica e esportes adaptados, como o vôlei e o pólo aquático, mas há algumas práticas, como o pilates e o yoga, que também ganharam suas versões para piscinas.
Os benefícios ao corpo são atribuídos a características específicas das piscinas e de outros ambientes de água, como praias, lagoas e rios. A principal delas é a flutuabilidade, força que empurra o corpo para cima quando ele está submerso, diminuindo o peso corporal e reduzindo o impacto nas articulações, tendões e coluna. “O baixo impacto articular proporcionado pela flutuabilidade da água reduz o peso corporal sobre articulações, tendões e ossos. Isso permite realizar movimentos que seriam dolorosos ou difíceis em terra firme, proporcionando mais conforto para pessoas com lesões, artrite, obesidade, idosos ou aqueles em reabilitação”, afirma o professor João Eliakim dos Santos Araújo, do curso de Educação Física da Universidade Tiradentes (Unit).
Outro aspecto é a resistência exercida pela água, muito maior do que a do ar. de acotdo com Eliakim, isso faz com que o corpo imerso na água encontre resistência em todas as direções, fazendo com que qualquer movimento exija mais esforço, e que os músculos trabalhem constantemente para vencer essa resistência. “Isso ativa não apenas os músculos mais utilizados, mas também grupos musculares que muitas vezes não são trabalhados em exercícios fora da água. O movimento lento e controlado fortalece os músculos com menor risco de lesão, e o esforço é autoajustável, ou seja, quanto mais rápido o movimento, maior a resistência enfrentada, o que resulta em fortalecimento muscular, melhora da coordenação e tonificação”, diz ele.
Além disso, a pressão exercida pela água sobre o corpo submerso, chamada de “pressão hidrostática”, comprime suavemente os vasos sanguíneos, fazendo o sangue retornar ao coração e melhorando a circulação sanguínea. Isso ajuda a reduzir edemas e inchaços, favorecendo não apenas a recuperação muscular, mas também uma frequência cardíaca mais baixa para a mesma carga de trabalho, além de melhorar a respiração. Esta sensação geral de bem-estar é melhor proporcionada quando a água está na temperatura ideal, em torno de 28°C a 30°C.
O professor destaca ainda que os estímulos neuromusculares causados pela instabilidade da água desafiam constantemente o corpo e o forçam a tentar manter o equilíbrio, ativando e desenvolvendo músculos estabilizadores, principalmente nas pernas e no core, área do corpo que abrange o abdômen, a lombar, os glúteos e parte das coxas. Segundo ele, isso melhora o equilíbrio, a postura e a consciência corporal, além de prevenir quedas e aprimorar a coordenação motora e o controle neuromuscular. Especificamente para esse objetivo, um dos exercícios indicados é o Hidro Pilates (ou Pilates Aquático), que adapta os exercícios do pilates para o ambiente aquático, trabalhando postura, equilíbrio, força do core e respiração.
Cuidados a serem tomados
Apesar de todos esses benefícios, o professor da Unit cita alguns pontos de atenção que precisam ser considerados para garantir a eficácia e a segurança dos exercícios e esportes aquáticos. O principal é a avaliação médica prévia antes de iniciar a prática. Pessoas com problemas cardíacos, respiratórios, labirintite, epilepsia ou gestantes podem ter restrições específicas, que se forem ignoradas, podem levar a crises, quedas, afogamentos ou outras emergências durante a atividade.
Também é essencial buscar a orientação de um profissional habilitado em Educação Física ou Fisioterapia, pois a falta de acompanhamento e orientação adequada aumenta o risco de exercícios mal executados ou inadequados para as necessidades individuais, gerando dores musculares, tensões e até o agravamento de lesões já existentes. Tais lesões, em músculos e articulações, podem surgir se não for feito o aquecimento e o alongamento antes dos exercícios.
“Iniciar o treino sem preparar o corpo adequadamente compromete tanto a segurança quanto o desempenho. Assim, é altamente recomendável realizar sempre um aquecimento leve dentro da água, com movimentos leves, caminhadas dentro da água e mobilizações dos braços e pernas. Ao final da sessão, relaxamento com alongamentos para ajudar na recuperação muscular e na prevenção de dores”, orienta Eliakim, ao destacar a importância de respeitar os limites do corpo e respeitar seus sinais. “Dores, fadiga excessiva ou desconfortos devem ser sinal de alerta. O corpo precisa de tempo para se adaptar, especialmente no início ou em períodos de retorno à prática”, considera.
O praticante também deve respeitar a profundidade da água e escolher o nível mais adequado e seguro para não comprometer o exercício. Exercitar-se em uma profundidade muito rasa ou muito funda para o tipo de exercício proposto pode causar postura incorreta, desequilíbrio, esforço desnecessário ou até risco de afogamento. O uso de acessórios, como boias, pranchas, “macarrões” ou nadadeiras (“pés-de-pato”), pode ser um ótimo recurso para aumentar a resistência, melhorar o equilíbrio ou facilitar alguns exercícios, mas devem ser usados corretamente e escolhidos de acordo com os objetivos e necessidades.
A hidratação é outro ponto de atenção, já que o ambiente aquático pode disfarçar a sensação de sede. “O corpo continua perdendo líquidos através do suor, mesmo dentro da água. Isso pode levar à desidratação, tontura e queda no rendimento físico. Para prevenir esses efeitos, é necessário manter-se hidratado, bebendo água antes, durante e depois da atividade, mesmo sem sentir sede”, diz Eliakim, orientando ainda que o praticante não abandone totalmente os exercícios em terra, fora da água. “Embora a água ofereça inúmeros benefícios, a ausência de impacto pode diminuir o estímulo para a formação óssea, o que é relevante na prevenção da osteoporose. Esse efeito depende da intensidade e do tipo de exercício. Por isso, muitas vezes, exercícios em terra são recomendados em conjunto para estimular a densidade óssea”, justifica.