Imunologista brasileira fala sobre possibilidades de tratamento da pneumonia
A pesquisadora Luciana Tavares, que atua na Harvard Medical School (Estados Unidos), abordou o assunto em palestra do Ciclo de Internacionalização voltado a para alunos dos cursos de saúde da Unit.
A imunologista Luciana Pádua Tavares, pesquisadora e pós-doutoranda da Harvard Medical School, falou aos alunos dos cursos da área de saúde do Grupo Tiradentes - Foto: Asscom Unit
A pneumonia permanece como uma das mais presentes e desafiadoras doenças respiratórias em todo o mundo. Este foi o tema tratado nesta quinta-feira, 21, durante o segundo evento do Ciclo de Palestras de Internacionalização 2023, promovido pela Universidade Tiradentes (Unit). A convidada foi a imunologista brasileira Luciana Pádua Tavares, pesquisadora e pós-doutoranda da Harvard Medical School, em Boston (Estados Unidos). Ela falou diretamente da cidade americana, onde mora e trabalha, em palestra aberta para todos os cursos de saúde das unidades de ensino do Grupo Tiradentes em Sergipe, Pernambuco e polos e Ensino à Distância.
Na palestra, intitulada "Pneumonia: como ‘resolver’ esse problema?", a brasileira fez uma ampla explicação sobre o funcionamento dos pulmões e sistema respiratório, quem são e como atuam os vírus, bactérias e fungos causadores da doença, as atuais possibilidades de tratamento e o que está sendo estudado para melhorar as estratégias de controle e resolução da doença. Uma das pesquisas na qual Luciana atua em Harvard aponta uma possível correlação entre o aumento de casos de pneumonia à incidência de internações por influenza ou de pandemias como a gripe espanhola, a ‘gripe suína’ e a própria Covid-19.
Outra pesquisa apura se as inflamações pulmonares podem ser controladas a partir de substâncias que ativam as células do corpo que combatem as bactérias e restauram o tecido pulmonar. Essas substâncias são os chamados “mediadores pró-resolutivos” e podem ser derivadas do ômega-3, encontrado em suplementos ou alimentos como salmão, abacate e outros que produzem o HDL, também chamado de “colesterol bom”. A imunologista, que tem outro pós-doutorado na área pelo Instituto Pasteur, de Lille (França), cita estudos que já foram feitos com suplementação da substância, inclusive em humanos.
“A gente observa que quando faz uma bolha na pele, os voluntários que não tomaram ômega-3 têm uma bolha muito maior, mais inflamada e com mais dificuldade de resolução e reparo. Isso ainda precisamos entender isso um pouquinho, mas o ômega-3 é super essencial não só para a resolução [de processos inflamatórios}, mas também para outras funções do organismo”, explica ela, que também incentivou estudantes das áreas de saúde a pesquisarem e explorarem outras possibilidades. “Ainda não se sabe quanto de ômega-3 precisamos tomar ou comer. Fica um chamado para o pessoal de Nutrição, porque é uma área interessante e ainda defasada de interação entre dietas e sistema imunológico”, provoca ela.
Contato com o exterior
A palestra foi mediada pela também pesquisadora Patrícia Severino, que é professora do Programa de Pós-graduação em Biotecnologia Industrial (PBI/Unit) e coordena o Laboratório de Nanotecnologia e Nanomedicina (LNMed), do Instituto de Tecnologia e Pesquisa (ITP). Para ela, que também é pós-doutora pela Harvard Medical School, a pneumonia preocupa a comunidade científica por ter um alto índice de mortalidade em todo o mundo, tanto entre crianças, adultos e idosos, o que e motiva uma série de pesquisas com novas possibilidades de prevenção e cura.
“A Luciana está trazendo inovações e tratamentos que estão sendo desenvolvidos nos Estados Unidos, com novas terapias e novas drogas para serem utilizadas. Por ela ser pesquisadora, ela tem acesso a muita tecnologia e muito financiamento para pesquisas que aqui no Brasil nós não temos. Trazê-la faz com que nós tenhamos parceria, que abramos oportunidades aos nossos alunos e que se agregue mais conhecimento aos professores”, disse Patrícia.
O Ciclo de Palestras de Internacionalização é promovido pela Gerência de Relações Internacionais da Unit, voltadas a estudantes e colaboradores de todo o Grupo Tiradentes, com transmissões em tempo real via internet. Os convidados são professores e pesquisadores estrangeiros ou brasileiros que atuam no exterior, apresentando estudos e pesquisas em andamento sobre temas de repercussão em toda a sociedade. “ É uma forma de expandir a internacionalização e democratizar o acesso ao conhecimento”, define a assessora de Relações Internacionais da Unit, Stephanie Donald.