Entenda como uma alimentação saudável impacta diretamente na saúde mental
Pesquisas mostram que uma alimentação baseada em produtos ultraprocessados, ricos em açúcar e aditivos, pode estar ligada ao aumento de casos de ansiedade e depressão.
A relação entre dieta e saúde mental vem ganhando atenção crescente nas discussões sobre qualidade de vida. Estudos recentes indicam que os alimentos consumidos afetam não apenas o corpo, mas também o equilíbrio emocional. Dados da Organização Mundial da Saúde (OMS) apontam que cerca de 280 milhões de pessoas no mundo convivem com a depressão, e o consumo de produtos ultraprocessados é um dos fatores que podem agravar essa condição. Isso leva à reflexão: como a nutrição social analisa a influência da alimentação no bem-estar emocional?
Surya Escobar, nutricionista e preceptora do curso de Nutrição da Universidade Tiradentes (Unit), afirma que a nutrição social entende o bem-estar mental como parte de um sistema mais amplo. “Ter segurança alimentar é essencial para o bem-estar geral. Isso significa acesso a alimentos em quantidade e qualidade suficientes, sem comprometer áreas como moradia ou lazer. É importante destacar que há uma relação direta entre o consumo de ultraprocessados e transtornos como depressão e ansiedade”, afirma Surya.
Ela também destaca que distúrbios alimentares, como anorexia e bulimia, ilustram claramente o impacto que uma relação problemática com a alimentação pode ter na saúde mental. Porém, uma dieta balanceada pode funcionar como uma estratégia preventiva. “O consumo de alimentos frescos e minimamente processados é crucial para o bem-estar integral. Estudos mostram que alimentos ultraprocessados, ricos em açúcares e aditivos químicos, estão relacionados a doenças mentais. Isso é particularmente relevante durante a infância e adolescência, períodos essenciais para o desenvolvimento da identidade”, explica.
Planejamento e mudanças no cotidiano
A rotina atribulada é um dos principais desafios para quem deseja adotar uma alimentação que beneficie a saúde mental. “O planejamento alimentar é um aliado fundamental. Preparar refeições em maior quantidade e congelar, carregar frutas e castanhas para lanches, além de evitar ultraprocessados, são estratégias eficazes. Uma boa alimentação pode melhorar a disposição, incentivando a prática de exercícios físicos. Esse ciclo, por sua vez, contribui para noites de sono mais reparadoras, o que impacta positivamente o bem-estar geral”, detalha a nutricionista.
O estilo de vida moderno e fatores sociais também influenciam a relação das pessoas com os alimentos. “Nas últimas décadas, houve uma grande transformação no estilo de vida, com a proliferação de alimentos industrializados práticos, mas de baixo valor nutricional. Aplicativos facilitam o acesso a fast foods, tornando hábitos prejudiciais cada vez mais comuns. Escapar dessa realidade não é tarefa fácil”, observa Surya.
Ela também chama atenção para a relação distorcida entre alimentação e estética. “Apesar da abundância de informações, muitas pessoas desenvolvem uma relação difícil com a comida. Há um foco exagerado em nutrientes isolados, enquanto o alimento em si é negligenciado. Além disso, a busca por padrões estéticos, como o emagrecimento a qualquer custo, frequentemente supera a preocupação com a saúde. Essa obsessão leva as pessoas a adotar práticas insustentáveis, o que explica os alarmantes índices de obesidade e sobrepeso que enfrentamos atualmente”, alerta.
Políticas públicas como solução
Para reverter esse cenário, Surya destaca a importância de iniciativas estruturais. “Revisar o estilo de vida contemporâneo, regulamentar a produção industrial de alimentos e investir em ações preventivas de saúde são medidas fundamentais. Garantir melhores condições de trabalho e mais tempo livre é crucial para que as pessoas possam dar prioridade à própria saúde”, conclui a nutricionista.