Metade dos brasileiros acima de 60 anos tem hipertensão, alerta cardiologista
No Dia Nacional de Prevenção e Combate à Hipertensão Arterial, especialista chama atenção para prevenção, hábitos alimentares e diagnóstico precoce

Metade da população brasileira acima dos 60 anos convive com a hipertensão arterial, segundo estimativas médicas. A condição, conhecida como “pressão alta”, é silenciosa e perigosa — e está diretamente relacionada às doenças que mais matam no país, como infarto, AVC (Acidente Vascular Cerebral), insuficiência renal e cardíaca.
Para o médico cardiologista Augusto Césare, que também é coordenador do curso de Medicina da Ages de Irecê, parte integrante da Inspirali, melhor ecossistema de educação em saúde do país a hipertensão geralmente tem aparecimento lento, e o paciente demora a perceber os sinais. “Mas quando perguntamos sobre sintomas como dor de cabeça matinal, tontura e cansaço, eles costumam se lembrar”, explica.
O especialista lembra que fatores genéticos influenciam, mas o estilo de vida moderno tem papel decisivo no avanço da doença. “Nosso estilo de vida ocidental, com alto consumo de sal, embutidos, enlatados, além de sedentarismo, obesidade e estresse, contribui diretamente para o aumento dos casos de hipertensão”, afirma.
A pressão alta, na maioria dos casos, não tem cura, mas tem controle — e o tratamento pode mudar completamente o rumo da vida de uma pessoa. “A meta não é apenas controlar, mas normalizar os níveis de pressão. Começamos com mudanças no estilo de vida e, geralmente, associamos medicamentos. O problema é que só 20 a 30% dos pacientes conseguem manter a pressão sob controle”, relata Césare.
O diagnóstico deve ser feito de forma criteriosa, com aferição da pressão em repouso e exames complementares, como a Monitorização Ambulatorial da Pressão Arterial (MAPA). Visitas periódicas ao médico a partir dos 30 anos e atenção redobrada para quem tem histórico familiar são medidas fundamentais de prevenção.
Impacto mortal, mas evitável
Apesar dos dados apontarem 1,8 mortes diretas a cada 10 mil pacientes hipertensos no Brasil, a hipertensão está presente como causa associada em uma quantidade muito maior de óbitos. “É um fator adjuvante importante em diversas doenças. A presença da hipertensão é muito frequente em necrópsias. Seu impacto na saúde pública é imenso”, pontua o cardiologista.
Além disso, a hipertensão é comum entre pacientes que precisam de hemodiálise ou que sofrem com sequelas vasculares severas. “Investir em prevenção, diagnóstico precoce e acesso a medicamentos mais potentes pode reduzir drasticamente não só a mortalidade, mas também o sofrimento causado por essas doenças”, completa.
Celebrado no dia 26 de abril, Dia Nacional de Prevenção e Combate à Hipertensão Arterial busca alertar a população para os riscos da doença e reforçar a importância de hábitos saudáveis.
“A melhor forma de combater a hipertensão é com informação e atenção aos sinais. Diagnóstico precoce, alimentação equilibrada, atividade física e o abandono de vícios como o cigarro são essenciais. A hipertensão não avisa quando chega — por isso, precisamos estar sempre um passo à frente”, finaliza Césare.