Os 55 anos da Universidade Federal de Sergipe :: Por José Lima Santana
José Lima Santana - Foto: Arquivo Pessoal
No último dia 15, a Universidade Federal de Sergipe completou 55 anos de existência. São cinco décadas e meia de afirmação no concerto da educação superior nordestina e brasileira. 55 anos em que o seu crescimento se deu passo a passo, mas acentuou-se a olhos vistos a partir da segunda metade da década de 1990, embora precisamos reconhecer o trabalho de todos os seus reitores e, obviamente, de tantos quantos se dedicaram – e se dedicam – a construir uma Universidade que tem orgulhado quem dela fez ou faz parte, nos corpos docente, administrativo e discente.
O conceito da UFS tem crescido de forma excepcional dentro de Sergipe e além fronteira, reconhecida por diversas instituições que analisam o ensino superior no país. Instituições públicas ou privadas, inclusive do exterior.
Foi-se o dia em que a UFS estava circunscrita aos Campi de São Cristóvão, sua sede, e Aracaju, o da Saúde, no antigo Hospital Sanatório, situado no Bairro Santo Antônio. Aos poucos, a Universidade Federal de Sergipe lançou-se ao interior. Itabaiana, Laranjeiras, Lagarto e, por último, Nossa Senhora da Glória. A interiorização do ensino superior público em Sergipe é uma realidade incontestável.
A UFS nasceu em 1968, um dos anos mais duros do regime militar, ano do famigerado AI-5, que fez o regime dos coturnos endurecer, mergulhando o Brasil no mais longevo regime político antidemocrático que o país conheceu.
Os rigores do regime militar foram enfrentados com firmeza, inicialmente, pelo primeiro reitor, João Cardoso do Nascimento Júnior (1968-1972), que soube resistir na proteção a estudantes que deveriam, na visão desembestada do regime, ser expulsos da Universidade. Implantou vários cursos.
O segundo reitor, Luiz Bispo (1972-1976), adquiriu grande parte do terreno onde se localiza a sede da UFS, no Bairro Rosa Elze (São Cristóvão). Foi meu professor de Direito Constitucional. Em 1993, na segunda gestão de Jackson Barreto, na Prefeitura de Aracaju, fomos colegas de Secretariado, ele, como Procurador-geral e eu, como secretário de Administração.
Como terceiro reitor, a UFS teve José Aloísio de Campos (1976-1980), levando a efeito a construção do Campus-sede, que, mais tarde, receberia, merecidamente, o seu nome, e que foi inaugurado no fim de sua gestão. Foi reitor quando eu cursei Direito.
Gilson Cajueiro de Hollanda, o quarto reitor (1980-1984), impulsionou obras fundamentais para o crescimento acadêmico. Foi meu professor de Introdução à Ciência das Finanças. Na época, ele era auditor do Tribunal de Contas do Estado, quando, em 1977, eu ali ingressei, concursado, como auxiliar de controle externo.
O quinto reitor, Eduardo Antônio Conde Garcia (1984-1988), cientista e acadêmico, a ele deve-se o trabalho inicial de preservação do sítio arqueológico de Xingó, dentre outras importantes realizações, como a criação do Núcleo de Estudos Afro-Brasileiros (NEAB) e do Programa de Apoio às Atividades de Pesquisa etc.
O acadêmico Clodoaldo de Alencar Filho (1988-1992) foi o sexto reitor. Além de introduzir vários cursos, criou o Núcleo de Assuntos Internacionais e promoveu a transferência do ambulatório do Hospital de Cirurgia para o Hospital Universitário.
Luiz Hermínio de Aguiar Oliveira (1992-1996), o sétimo reitor, dentre suas realizações podem ser citadas a Fundação de Apoio à Pesquisa e Extensão de Sergipe – FAPESE, a sede do Colégio de Aplicação, o módulo do complexo poliesportivo etc. Informatizou a BICEN e instalou o Museu do Homem Sergipano, a ser recuperado.
José Fernandes de Lima (1996-2000 e 2000-2004), o oitavo reitor, conheceu dias difíceis no início da gestão, mas, trabalhou com afinco para alavancar a UFS, em vários setores. Realizou obras e primou pela ascensão da Universidade na área da pós-graduação. Foi o primeiro a reeleger-se. Na sua gestão, ingressei como professor na UFS.
O nono reitor, Josué Modesto dos Passos Subrinho (2004-2008 e 2008-2012), adotou como lema “Expandir para incluir”. E, deveras, expandiu a UFS, interiorizando-a, corajosamente. Pautou pelo crescimento, qualidade acadêmica, sustentabilidade e inclusão social, inclusive através do sistema de quotas. A UFS cresceu e foi preciso construir novos edifícios didáticos e administrativos.
Angelo Roberto Antoniolli (2012-2016 e 2016-2020), décimo reitor, deu sequência às obras e à interiorização da UFS. Inquieto e operoso, recorreu à bancada federal para angariar recursos, obtendo sucesso, além da incansável busca por recursos junto ao MEC. Muitos milhões de reais foram investidos. A UFS agigantou-se em obras e na qualidade acadêmica, no ensino, na extensão e na pesquisa. O reitor tinha uma sólida visão de pertencimento, que deve permear as ações de todos que integram a UFS.
Num momento de “esquisitice” político-institucional, embora com um reitor legalmente escolhido, em 2020, o governo federal interviu na UFS e nomeou como reitora pró-tempore, Liliádia da Silva Oliveira Barreto (fim de 2020 ao início de 2021).
Enfim, em março de 2021, o reitor Valter Joviniano de Santana Filho assumiu o que lhe era devido, tornando-se o mais jovem reitor da UFS. Tem batalhado para elevar, mais ainda, o tripé ensino, extensão e pesquisa, e, assim, consolidar a UFS, para além dos ranques nos quais já ela figura. Há muitos e novos caminhos a percorrer, que já estão sendo percorridos, dado ao dinamismo do reitor e de quem lhe auxilia diretamente, o vice-reitor, os pró-reitores e tantos outros, além do labor dos docentes, técnico-administrativos e terceirizados, servindo aos alunos e à sociedade.
Eis uma apertadíssima síntese dos 55 anos da UFS e da ação dos seus reitores. Eles fizeram muito mais.
Obs.: Parte dos dados foram tirados de: SOUZA, Josefa Eliana. História e Memória da Universidade Federal de Sergipe (1968-2012). Aracaju: Editora UFS, 2015.
*Padre (Paróquia Santa Dulce dos Pobres – Aruana - Aracaju), advogado, professor da UFS, membro da ASL, da ASLJ, da ASE, da ADL e do IHGSE.