Aracaju (SE), 02 de janeiro de 2025
POR: José Lima Santana
Fonte: José Lima Santana
Em: 30/12/2024 às 14:15
Pub.: 30 de dezembro de 2024

Entre o Natal e o Ano Novo :: Por José Lima Santana

José Lima Santana*

 

José Lima Santana (Foto: Arquivo Pessoal/José Lima Santana)
Problemas? Não nos faltam. Esperanças? Também não. Eis que chegamos a mais um fim de ano. Celebramos o Natal, sem, às vezes, mergulharmos no conhecimento histórico, espiritual e ético do Natal. Digo isso com relação aos cristãos, pois o Natal diz respeito a eles, e, enquanto comemoração, no 25 de dezembro, aos católicos, que identificaram a necessidade de “sepultar” uma festa pagã romana para dar lugar a uma celebração da cristandade, ou seja, substituindo, paulatinamente, a saturnália pelo nascimento de Jesus de Nazaré, nascido, segundo o Evangelho, em Belém de Judá, a terra de Davi, o rei por excelência de Israel. 
 
Fim de ano é um momento de reflexões, projeções, revisões e, claro, de novas esperanças, nos planos pessoal, familiar, laboral, político, social e econômico, enfim, sob os mais diversos aspectos. O que projetamos, se pudermos, para 2025? Na Igreja Católica, o Jubileu da Esperança. Na política internacional, as guerras que continuam matando dezenas de milhares de inocentes: guerra entre Rússia e Ucrânia, entre Israel e palestinos, conflitos armados em várias partes da África, armamento voraz da Coréia do Norte pela Rússia, sobressaltos entre a China Continental e Formosa, um bandido que, na Venezuela, perdeu a reeleição, mas mantem-se no poder de forma desavergonhada e por aí vai.
 
Na nossa tenebrosa política interna continua a polarização entre petistas e bolsonaristas, que não nos dará nenhum resultado positivo, para lá ou para cá. O governo de Lula perdido, em parte, na via econômica (dólar em alta, setores produtivos insatisfeitos, especialmente o agronegócio apegado ao governo passado), mas não só nesta, embora haja ganhos, como o baixo desemprego a inflação sob controle, e a oposição empurrando o país para um caos ainda maior, apostando no “quanto pior, melhor”. Não temos muitos seres humanos públicos altruístas. São raros. Raríssimos. Na maioria, formam um bando de celerados. Triste, muito triste.  
O que, então, poderemos esperar para 2025, ano vesperal da próxima eleição federal, que contará com um aumento na farra descarada com o dinheiro do povo, para custear a eleição de quem pouco está ligando para o povo, porém, sim, para determinados grupos, que, duplamente, se locupletam do dinheiro público, em detrimento dos mais carentes, daqueles que precisam da atenção governamental, em obras e serviços? Nada de bom, pelo andar da carruagem. Aliás, carruagem emperrada. E parte da carga que leva, surrupiada. Falo dos orçamentos, tanto federal, quando estaduais e municipais. Há um contínuo descalabro administrativo neste país, que beira à sem-vergonhice.
 
Otimismo ou pessimismo em relação ao ano que está vindo? O clima está mais para o pessimismo. Todavia, como cristão, não fundamentalista, mas lúcido, ainda mantenho viva a esperança de que algo poderá fazer mudar a situação interna e externa. Como? Não sei, ao certo. Mas, espero que uma luz no fim do túnel, ou melhor, no fim de muitos túneis, possa nos clarear. 
 
Tempo de reflexão, entre o Natal e o Ano Novo. Refletir sobre a vida que passa e que não devemos deixar que nos leve, simplesmente por nos levar. Ao contrário, nós devemos, por assim dizer, “domar” a vida, a nossa vida em particular. Quanto à vida pública, àquilo que interessa a todos nós, indistintamente, resta-nos esperar a consciência de cada um e de cada uma, no momento de termos que decidir os nossos destinos. Até agora, nem sempre temos alcançado o devido êxito. 
 
Ainda somos viscerais. Pensamos com o fígado. Ou com o umbigo. Mais das vezes, sem o uso da inteligência. Quanto agimos racionalmente, o fazemos pensando no todo, no coletivo, pois somos parte dele. Contudo, quando apenas a emoção nos impele a agir, a bagaceira pode estar pronta. E assim, o mundo sofre. O Brasil padece. E nós ficamos a ver navios. Nem isso. Os navios têm passado ao longo da nossa costa. Na beira-mar da nossa existência passam as embarcações miúdas, as tó-tó-tós. Bem pensando, não passamos de um país de tó-tó-tós. Um estado, uma cidade... Enfim, precisamos deixar de ser apenas meras tó-tó-tós. 

*Padre (Paróquia Santa Dulce dos Pobres – Aruana - Aracaju), advogado, professor da UFS, membro da ASL, da ASLJ, da ASE, da ADL e do IHGSE.


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