Longevidade só pode ser alcançada através da cultura empresarial
Grupo Moura, Gerdau, Votorantim, Grupo Jacto, estão entre as principais referências em longevidade empresarial, que representam uma parcela pequena de organizações que conseguem ultrapassar a terceira geração (apenas 7 em cada 100 empresas brasileiras).
Sua empresa está preparada para alcançar a marca dos 100 anos e ultrapassá-la? A resposta para essa pergunta está em como a cultura organizacional está construída e é mantida.
Com ampla experiência no ambiente corporativo, atuando como Advisor à frente da MORCONE, auxiliando e orientando empresas, especialmente empresas familiares brasileiras a se estruturarem para chegar aos 100 anos, Carlos Moreira aborda sobre a longevidade empresarial e como a cultura é essencial para alcançar este feito.
Longevidade está muito além do tempo da empresa no mercado
A longevidade empresarial é o tempo que uma empresa consegue se manter relevante no mercado e, para isso, é essencial adotar uma visão de longo prazo, repensar a estrutura de governança e estar sempre apta a mudar quando for preciso.
Mais do que se manter no mercado, a longevidade empresarial está ligada à capacidade de inovação e de adaptabilidade (resiliência), mesmo em cenários de grandes transformações econômicas, sociais e tecnológicas.
A resiliência ou a capacidade de se adaptar sem perder a essência ou até mesmo a antifragilidade, como a capacidade de mudar/evoluir junto às mudanças é o que leva grandes empresas a marcarem a história através das gerações.
Um bom exemplo disso é o do Banco do Brasil, fundado em 1808, que sobreviveu a guerras, transformações políticas e a crises econômicas e, ainda assim, manteve sua posição de destaque no setor financeiro.
A inovação é essencial não apenas para garantir a sobrevivência das empresas no mercado, mas também para impulsionar sua prosperidade ao longo dos anos. A incorporação de novas tecnologias e a criação de modelos de negócios disruptivos são fundamentais para que as maiores empresas brasileiras continuem a crescer e se destacar.
A longevidade empresarial enfrenta importantes desafios no cenário atual, dentre eles:
Mudanças tecnológicas – O que demanda das empresas que atualizem seus modelos operacionais com agilidade, com o exemplo da adoção do e-commerce por inúmeras empresas tradicionais na época da Covid-19 e lockdown.
Novas gerações de consumidores – O comportamento de consumo muda ao longo das gerações e consumidores estão cada vez mais focados em aspectos que vão além dos produtos, se interessando em como as marcas que consomem se posicionam frente a temas como meio ambiente e sociedade.
Práticas ESG – A longevidade empresarial também está intimamente ligada às práticas ESG (Ambiental, Social e Governança). Um bom exemplo de empresa brasileira é o da Gerdau, centenária no setor de aço e que é exemplo de adaptabilidade ao adotar medidas ESG para a redução de emissões de carbono e economia circular.
Cultura como importante pilar da longevidade empresarial
Conjunto de valores, crenças, normas e práticas, a cultura organizacional é mais do que um informativo interno para toda a empresa, pois reflete nas interações internas e externas da organização, sendo uma importante base estratégica para o alcance da sustentabilidade empresarial.
A continuidade de uma empresa, com destaque para as empresas familiares brasileiras, depende principalmente da transição de liderança bem-sucedida e uma cultura organizacional fortalecida atua como um direcionador no planejamento sucessório, promovendo entre os líderes a compreensão e a vivência dos valores que são fundamentais à empresa.
As maiores empresas familiares do Brasil são referência em cultura organizacional fortalecida e coerência quanto aos valores professados pela empresa, como é o caso da Votorantim, que desde 1918 aposta em uma cultura sólida que tem sido crucial para transições de liderança consistentes mesmo diante de estratégias de expansão e de diversificação de setores.
Uma cultura forte é imprescindível, sobretudo, em cenários de crise, pois atua como um referencial para que a empresa se mantenha estável e apta a seguir os melhores e mais seguros caminhos no mercado.
Uma vez que a empresa possui valores sólidos, consegue manter suas equipes engajadas e, ainda que diante de desafios, sai mais fortalecida do que antes.
Conselho consultivo é o principal direcionador para a longevidade entre as empresas brasileiras
Para uma governança corporativa sólida e orientações estratégicas para o alcance dos objetivos de longo prazo, o conselho consultivo é imprescindível.
É o apoio estratégico da liderança organizacional que garantirá, acima de tudo, que os valores e a cultura organizacional sejam preservados.
Para alcançar a longevidade empresarial, o conselho consultivo é um órgão essencial, pois:
Garante a continuidade dos valores culturais entre as transições – pois promove o alinhamento das decisões com os valores dos fundadores, preservando aspectos culturais que diferenciam a empresa em seu mercado de atuação.
Traz perspectivas externas – o conselho consultivo oferece uma visão ampla e atualizada do mercado, ajudando a empresa na identificação das principais tendências e possíveis falhas culturais no negócio que possam prejudicar seu futuro.
Atua na promoção da sucessão familiar e de conflitos internos – o conselho atua como mediador imprescindível, chamando as lideranças para o foco, a fim de que não perca o foco da estabilidade e longevidade na tomada de decisões.
Exemplo: Em um caso de uma empresa que tenha três gerações envolvidas em sua gestão, o conselho consultivo poderá intervir para facilitar a escolha do sucessor mais habilitado, de maneira que a decisão não esteja baseada em disputas pessoas, mas sim, nos melhores interesses da organização.
Dentre as empresas nacionais mais bem-sucedidas, a Natura é um bom exemplo da importância da contribuição do conselho consultivo para alinhar decisões estratégicas com as práticas culturais e valores do negócio. Em momentos de expansão, o conselho consultivo ajudou a empresa no equilíbrio de suas operações globais, sem que isso comprometesse seus princípios inegociáveis.
Para alcançar a longevidade empresarial, o conselho consultivo e a cultura empresarial são fatores indissociáveis, sendo o primeiro indispensável para que se mantenha a integridade cultural do negócio.
Um dos maiores desafios para alcançar a longevidade está em encontrar o equilíbrio entre a inovação e a tradição/história da empresa, sendo assim, o conselho atua como um pilar estratégico que contribui para a sustentabilidade e relevância do negócio ao longo das gerações.
Quando a empresa tem um conselho consultivo eficaz, não apenas sobrevive, mas constrói um legado duradouro que atravessa gerações e se torna exemplo de sucesso no mercado. Sua empresa está preparada para o futuro?
Carlos Moreira - Há mais de 37 anos atuando em diversas empresas nacionais e multinacionais como Manager, CEO (Diretor Presidente), CFO (Diretor Financeiro e Controladoria), CCO (Diretor Comercial e de Marketing). e Conselheiro Administrativo.