Aracaju (SE), 18 de abril de 2025
POR: Daiana Barasa
Fonte: Agência de Notícias Naiá
Em: 10/04/2025 às 09:51
Pub.: 10 de abril de 2025

Empresas de olho no futuro estão usando a IA para planejar a sucessão

Empresas de olho no futuro estão usando a IA para planejar a sucessão - Foto: Freepik

A sucessão empresarial sempre esteve entre os maiores desafios enfrentados pelas empresas familiares.

Passar o comando de uma geração para outra envolve muito mais do que transferência de cargo: exige visão estratégica, confiança, preparo técnico e emocional, além de um compromisso real com a continuidade do legado.

Com a chegada da inteligência artificial (IA), esse processo passou a ter uma nova camada de complexidade — e também de oportunidade.

Hoje, a IA não apenas transforma o modo como os negócios operam, mas redefine as competências esperadas dos novos líderes.

Com ampla experiência no ambiente corporativo, atuando como Advisor à frente da MORCONE, auxiliando e orientando empresas, especialmente empresas familiares brasileiras a se estruturarem para chegar aos 100 anos, Carlos Moreira aborda sobre a influência da IA na sucessão empresarial para uma transição bem-sucedida.

IA na sucessão empresarial – Uma nova etapa na maturidade das empresas familiares

Nos últimos anos, as empresas familiares brasileiras vêm mostrando avanços importantes em inovação.

Uma pesquisa realizada pela EY apontou que essas organizações, historicamente associadas a estruturas mais tradicionais, estão entre as mais avançadas do mundo na implementação de inteligência artificial — à frente, inclusive, da média global.

Já o relatório Family Business Index, também da EY aponta que as empresas familiares no Brasil estão migrando para um modelo mais profissionalizado e tecnológico. Isso indica que a sucessão deixou de ser apenas uma transição de comando e passou a ser uma transição de mentalidade: da cultura do “sempre foi assim” para a cultura da experimentação e do uso estratégico de dados.

IA como catalisadora da sucessão empresarial

A influência da IA na sucessão empresarial pode ser observada em três frentes principais:

Profissionalização e modernização da gestão

A IA contribui diretamente para a formalização de processos, o que é essencial para que o negócio sobreviva além da figura do fundador.

Sistemas inteligentes ajudam a mapear riscos, prever demandas, automatizar processos e oferecer suporte a decisões baseadas em dados. Isso permite que os sucessores assumam posições de liderança com maior embasamento, clareza e responsabilidade, reduzindo a dependência de decisões intuitivas.

Ampliação do papel estratégico da nova geração

A nova geração de líderes, que já cresce conectada à cultura digital, vê a IA não apenas como uma ferramenta, mas como parte integrante da estratégia empresarial.

O estudo NextGen 2024, da PwC, mostra que 64% dos sucessores de empresas familiares estão diretamente envolvidos na implementação de novas tecnologias — e a IA está entre as mais mencionadas. Esse movimento confere protagonismo aos herdeiros e estimula uma liderança mais orientada pela inovação.

Redução de ruídos na transição

A sucessão empresarial, muitas vezes, é marcada por divergências entre as gerações.

A IA, ao trazer dados objetivos para a discussão, reduz o peso de argumentos baseados apenas em experiência pessoal.

A capacidade de prever cenários, simular resultados e acompanhar métricas de desempenho em tempo real favorece decisões mais racionais e menos suscetíveis a conflitos familiares.

Um ativo de continuidade, não uma ruptura

É comum que os fundadores encarem as novas tecnologias com certo receio, associando inovação à ruptura com o passado.

Mas a inteligência artificial não precisa significar um afastamento da cultura original da empresa, pelo contrário, ela pode ser utilizada para preservar o que há de mais valioso na organização, como os valores, a identidade e o modelo de relacionamento com clientes e fornecedores — mas com mais eficiência, alcance e agilidade.

A IA também tem se mostrado útil na preservação do capital intelectual das empresas.

Ferramentas de IA generativa, por exemplo, podem organizar décadas de conhecimento acumulado, transformando relatórios, históricos e registros em informações úteis para as futuras lideranças. Isso evita a perda de conhecimento prático durante a transição e ajuda os sucessores a tomarem decisões mais informadas.

A importância da governança no uso da IA

O uso estratégico da inteligência artificial demanda mais do que investimentos em tecnologia. É essencial que haja uma estrutura de governança clara, com papéis bem definidos, políticas de uso de dados e um plano de desenvolvimento contínuo da equipe.

A sucessão empresarial torna-se mais eficaz quando há um alinhamento entre os objetivos da família, as necessidades do negócio e as novas possibilidades tecnológicas.

Empresas que investem na formação dos sucessores, tanto do ponto de vista técnico quanto comportamental, estão mais preparadas para absorver as transformações promovidas pela IA. Nesse sentido, programas de capacitação em análise de dados, liderança digital e cultura de inovação já fazem parte do cotidiano de muitas empresas familiares de médio e grande porte.

IA como diferencial competitivo na nova geração de empresas familiares

A incorporação da IA nos processos sucessórios representa, acima de tudo, uma mudança no papel que as empresas familiares podem desempenhar no cenário empresarial.

Não se trata mais apenas de conservar o que foi construído, mas de utilizar ferramentas inteligentes para ampliar o impacto do negócio e se adaptar às novas exigências do mercado.

Além de aumentar a produtividade e otimizar decisões, a IA oferece a essas empresas a oportunidade de liderar a transformação digital com autenticidade — sem perder sua essência. Isso as torna mais resilientes, inovadoras e preparadas para atuar em um ambiente de negócios cada vez mais incerto e competitivo.

Sucessão, inovação e o papel estratégico do conselho consultivo

A sucessão empresarial está longe de ser um processo puramente técnico. Ela envolve confiança, propósito e visão de futuro.

A inteligência artificial, quando utilizada com responsabilidade e estratégia, pode ser uma aliada poderosa para tornar essa transição mais estruturada, eficiente e orientada por resultados.

Nesse cenário, o conselho consultivo ganha o destaque. Composto por profissionais experientes e imparciais, esse órgão tem a capacidade de orientar a família empresária na tomada de decisões estratégicas, avaliar o impacto das tecnologias emergentes e garantir que a inovação, incluindo o uso da IA, seja conduzida de forma alinhada à cultura e aos objetivos do negócio.

Além disso, o conselho consultivo atua como mediador entre as gerações, reduzindo tensões, promovendo a escuta ativa e contribuindo para a formação de líderes mais preparados para os desafios do futuro.

Em um ambiente em constante transformação, contar com um grupo qualificado para orientar o uso ético e eficaz da inteligência artificial é mais do que uma vantagem competitiva, é uma necessidade.

Para as empresas familiares que desejam não apenas sobreviver, mas prosperar nas próximas décadas, a combinação entre tradição e inovação deixou de ser uma escolha, passou a ser uma exigência.

Sendo assim:

A IA, nesse contexto, não substitui o legado: ela potencializa sua continuidade.


Carlos Moreira - Há mais de 37 anos atuando em diversas empresas nacionais e multinacionais como Manager, CEO (Diretor Presidente), CFO (Diretor Financeiro e Controladoria), CCO (Diretor Comercial e de Marketing). e Conselheiro Administrativo.


Tenha o Click Sergipe na palma da sua mão! Clique AQUI e confira as últimas notícias publicadas.

Conheça Sergipe: confira dados geográficos e econômicos de todos os municípios sergipanos

Conheça os melhores destinos em sergipe - Pontos Turísticos

WhatsApp

Entre e receba as notícias do dia

Matérias em destaque

Click Sergipe - O mundo num só Click

Apresentação