Conselho consultivo vira peça-chave no planejamento financeiro estratégico de empresas
O planejamento financeiro vai muito além de cortar gastos, é escolher onde crescer com inteligência.
Essa frase resume o desafio enfrentado por empresas que buscam não apenas sobreviver, mas prosperar em um ambiente de negócios cada vez mais competitivo e dinâmico.
Nesse contexto, o conselho consultivo surge como um aliado estratégico fundamental para alinhar o orçamento à estratégia da empresa e fomentar escolhas financeiras mais inteligentes.
Com ampla experiência no ambiente corporativo, atuando como Advisor à frente da MORCONE, auxiliando e orientando empresas, especialmente empresas familiares brasileiras a se estruturarem para chegar aos 100 anos, abordo sobre a influência do conselho consultivo no planejamento financeiro levando empresas às melhores decisões sobre investimentos e crescimento de longo prazo.
Planejamento financeiro com foco estratégico é imprescindível
O planejamento financeiro pensado de maneira tradicional se concentra em previsões de receita e controle de despesas. Mas para negócios que desejam se posicionar de forma estratégica no mercado, isso não é suficiente.
Um planejamento financeiro com visão estratégica vai além da planilha: ele está intimamente ligado à visão de futuro da empresa, aos seus diferenciais competitivos e aos recursos que precisam ser priorizados para sustentar o crescimento.
Uma das primeiras etapas do planejamento financeiro empresarial deve ser justamente o entendimento profundo do negócio e do mercado em que ele está inserido. Sem essa compreensão, o risco é alocar recursos em iniciativas desalinhadas com os objetivos maiores da empresa.
Principais contribuições do conselho consultivo no planejamento financeiro estratégico bem-sucedido
O conselho consultivo, composto por profissionais experientes, é o responsável por oferecer orientação estratégica às lideranças e à alta gestão da empresa.
A influência do conselho consultivo está ligada ao seu papel de provocar reflexão, ampliar horizontes e apoiar os gestores na tomada de decisão em diversas frentes.
Segundo o Instituto Brasileiro de Governança Corporativa (IBGC), cabe ao conselho assegurar que a empresa detenha os recursos humanos, intelectuais, financeiros e materiais adequados à execução da estratégia. Isso inclui:
- Acompanhar indicadores;
- Avaliar a viabilidade de novos projetos;
- Contribuir com uma visão externa valiosa, muitas vezes ausente do dia a dia da gestão.
Alinhamento entre orçamento e estratégia
O conselho consultivo no planejamento financeiro estratégico auxilia a gestão da empresa a visualizar amplamente e a alocar recursos com o máximo de aproveitamento.
Em vez de tratar o orçamento apenas como um instrumento de controle, a empresa passa a enxergá-lo como um recurso de crescimento estratégico.
Onde investir para crescer? Qual é o momento ideal para redirecionar capital? Que iniciativas geram valor de longo prazo, mesmo com retorno mais lento?
Essas perguntas, discutidas com apoio do conselho consultivo, ajudam a empresa a sair do modo reativo e construir um modelo de crescimento mais sólido. O conselho atua como um catalisador, incentivando a empresa a ter disciplina financeira sem abrir mão da inovação.
Tomada de decisão baseada em dados
Outro diferencial do planejamento financeiro com o apoio do conselho consultivo é a análise mais qualificada dos dados.
Com experiências diversas, os conselheiros ajudam a interpretar indicadores de desempenho com maior profundidade e identificar padrões que muitas vezes passam despercebidos. Isso leva a uma tomada de decisão mais racional, fundamentada e orientada ao médio e longo prazo.
Um bom exemplo está na análise de cenários. Enquanto a gestão operacional está voltada para o “agora”, o conselho pode apoiar a empresa na criação de diferentes projeções futuras, avaliando os riscos e oportunidades de cada uma e sugerindo ajustes de rota mais rápidos quando necessário.
Do controle à inovação
Uma das grandes contribuições do conselho consultivo também é mostrar que planejamento financeiro não é um freio, mas um acelerador de boas ideias.
Ao lado da liderança, os conselheiros ajudam a identificar investimentos prioritários, sugerem cortes inteligentes e avaliam o custo de oportunidade de não investir em determinadas frentes. Isso dá ao negócio maior clareza para inovar com responsabilidade.
Um exemplo prático é o da indústria gaúcha Fruki Bebidas, que instituiu um conselho consultivo para apoiar seu processo de profissionalização e expansão.
Com o suporte dos conselheiros, a empresa passou a ter maior disciplina orçamentária, direcionando recursos para inovação em embalagens e ampliação de mercado.
O conselho também ajudou na avaliação de cenários de aquisição e expansão da fábrica, alinhando cada movimento aos objetivos estratégicos de longo prazo.
Na prática, isso pode significar desde direcionar parte do orçamento para pesquisa e desenvolvimento até criar reservas para aquisições estratégicas. Tudo depende dos objetivos de longo prazo e da capacidade da empresa de transformar recursos em valor real.
Implementando um conselho consultivo com foco em finanças
Para a eficiência da atuação do conselho consultivo no planejamento financeiro, é fundamental que o conselho tenha uma composição diversificada e conhecimento em gestão financeira e estratégia. Também é importante estabelecer uma agenda de reuniões consistente e objetivos claros de acompanhamento.
Empresas familiares e PMEs que estão em fase de crescimento são as que mais se beneficiam dessa estrutura. Nessas empresas, o conselho consultivo muitas vezes é o primeiro passo rumo a uma governança mais profissional, capaz de preparar o negócio para novas fases e desafios.
Um exemplo notável é o da catarinense Imec Supermercados, uma empresa familiar que passou a contar com um conselho consultivo estruturado para profissionalizar sua gestão.
A partir da atuação do conselho, a Imec reestruturou seu planejamento estratégico, redesenhou sua estrutura de capital e implementou práticas mais rigorosas de acompanhamento orçamentário. Isso permitiu à empresa acelerar sua expansão, diversificar canais de venda e fortalecer seu posicionamento no mercado regional de varejo alimentar.
Esses exemplos reforçam que o conselho consultivo não é um luxo reservado às grandes corporações, mas uma ferramenta acessível e altamente eficaz para empresas que desejam crescer de forma inteligente e sustentável.
Planejar financeiramente com visão estratégica é mais do que uma boa prática, é uma necessidade em mercados de alta competitividade.
E o conselho consultivo, com sua visão externa, experiência e capacidade de provocação construtiva, é uma das ferramentas mais eficazes para garantir que o orçamento seja um reflexo coerente da estratégia do negócio.
Em vez de perguntar apenas “onde podemos cortar gastos?”, empresas com conselhos atuantes aprendem a questionar “onde faz sentido crescer?”.
Essa mudança de mentalidade é o que separa empresas que apenas sobrevivem daquelas que constroem futuro com consistência.
Carlos Moreira - Há mais de 37 anos atuando em diversas empresas nacionais e multinacionais como Manager, CEO (Diretor Presidente), CFO (Diretor Financeiro e Controladoria), CCO (Diretor Comercial e de Marketing). e Conselheiro Administrativo.