Jackson, João e política no início do ano
O governador reeleito, Jackson Barreto de Lima, começará, enfim, o seu próprio governo. Na manhã de hoje, teve início as solenidades de posse, com a celebração de missa em ação de graças, na Catedral Metropolitana de Aracaju. A posse oficial ocorrerá amanhã, como determina o calendário. Tudo bem para Jackson? Nem tanto. Ele amarga dificuldades para tocar a máquina administrativa, cada vez mais pesada. Está tendo dificuldades para pagar em dia a remuneração dos servidores públicos. O déficit previdenciário que ataca o governo federal ataca também muitos estados, como é o caso de Sergipe.
É possível que o serviço da dívida pública contraída por meio de empréstimos, ao longo dos anos, também force o orçamento público. Os projetos de lei que a Assembleia Legislativa aprovou há poucos dias poderão trazer um alento às finanças do Estado, mas será de pouca monta. JB entendeu que, ou tomava as rédeas do governo, ou a máquina administrativa o dissolveria politicamente. As medidas tomadas, ainda que paliativas, diante da necessidade de conter a sangria financeira, deverão, de início, dar dores de cabeça ao governador. Aliás, já estão dando. Os sindicatos já mostram contrariedades.
O governador precisou ter coragem para enfrentar a situação. Durante várias gestões foram sendo colocados penduricalhos nas folhas de pagamento. Concessões foram feitas. Direitos foram assegurados, sem que ninguém, governantes e servidores, se preocupassem com o futuro das responsabilidades do Estado. A bucha caiu nas mãos de JB. Ele tomou medidas impopulares. Mas alguém teria que tomar.
Jackson começará o seu governo com muitos problemas administrativos. Terá alguns abacaxis para descascar. O governo que ele ajudou a concluir, ou que concluiu, não era seu de nascença. O seu começará agora. Ele tem dito que, sem esquecer as outras áreas, a segurança pública, a saúde e a educação merecerão atenção especial. E devem merecer mesmo, pois a situação nas três áreas deixa muito a desejar. O governador deverá ser firme nessas áreas, contando com a colaboração de secretários (as) que não tenham medo de enfrentar desafios, que estejam prontos para mostrar resultados. E logo.
Não creio que é o momento de dizer “ou vai ou racha”. É, sim, o instante de dizer “tem que ir para não rachar”. Se Jackson tiver que deixar a vida pública a partir de 2018, como ele mesmo já anunciou (eu acho difícil que isso se concretize), ele deverá fazê-lo em boas circunstâncias, a fim de não comprometer a sua carreira política que conheceu, a bem dizer, altos e baixos, mas que, agora, está no ponto mais alto. Serão quatro anos difíceis? Eu gostaria de pensar que serão quatro anos de muito esforço, de muito trabalho. Porém, sem uma equipe eficiente e coesa em nome da governabilidade, as dificuldades só tenderão a aumentar. Jackson precisa dar uma sacudida, não só no primeiro escalão, mas também nos escalões intermediários, incluindo os próprios conselhos de administração e fiscais das entidades da Administração Pública indireta (autarquias, fundações, empresas públicas e sociedades de economia mista), que, muitas vezes, são formados, ao menos em parte, por apadrinhados políticos que não entendem nada do que devem fazer. Sempre foi assim, há décadas. É hora de mudar isso também.
Na Prefeitura de Aracaju, comentários dão conta de mudanças no secretariado. Levando-se em conta certos e-mails trocados entre alguns secretários municipais, meses atrás, e dos quais um vereador da base aliada do prefeito João Alves deu-me conhecimento, a situação na PMA não é das mais salutares. O que eu li nesses e-mails chega a ser estarrecedor. Alguns secretários não se entendem e, nalguns casos, há uma tentativa de quebra de braço. É difícil imaginar João Alves administrar alheio a situações assim. Que venham as mudanças. Se vierem. Uma coisa é mais do que certa: o vice-prefeito José Carlos Machado sente-se incomodado com certas situações que ocorrem na administração da capital. E segundo alguns analistas políticos, João precisa acordar. Depois da reeleição da senadora Maria do Carmo e depois de cuidar da própria saúde em São Paulo, espera-se que ele acorde mesmo. Claro, que se acordado ele não estiver.
Com relação ao Ranking do Progresso 2014, publicado pela quarta vez, a revista Veja deu destaque ao senador Eduardo Amorim, na edição desta semana, listando-o no 1º lugar entre todos os senadores. Bom para ele, que deverá encarnar a liderança maior da oposição ao governo do estado, o que, diga-se de passagem, ele não soube fazer em 2014, inclusive durante a campanha eleitoral. O seu marketing foi muito “chochinho” e foi sobejamente engolido pelo marketing de JB. Outros fatores, evidentemente, como o próprio desempenho pessoal do governador reeleito, levaram Amorim à derrota nas urnas, logo no primeiro turno, na tentativa de ocupar a chefia do Executivo estadual.
No mesmo Ranking da Veja, entre os nossos deputados federais o melhor colocado foi Mendonça Prado, que não se reelegeu, e que ficou na 31ª colocação geral. No ano passado, Laércio Oliveira faturou o 3º lugar geral.
Quanto à Assembleia Legislativa, esta vive dias de... De que mesmo? Sei lá!
Publicado no Jornal da Cidade, edição de 31/12/2014. Publicação neste site autorizada pelo autor.
(*) Advogado, professor da UFS, membro da ASL e do IHGSE
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