Aracaju (SE), 14 de maio de 2025
POR: Gabriel Damásio
Fonte: Asscom Unit, com informações da Agência Brasil
Em: 14/05/2025 às 09:14
Pub.: 14 de maio de 2025

Alta nos preços dos alimentos pressiona inflação e força aumento dos juros

Professor explica que as condições climáticas e fatores geopolíticos, a exemplo da guerra tarifária aberta pelos EUA, ajudaram a encarecer os alimentos, o que fez a inflação de 12 meses fechar em 5,53% no mês de abril, bem acima da meta de 3%

A alta da inflação foi puxada principalmente pelo aumento dos preços dos produtos de Alimentação e Bebidas, que são quase 20% dos produtos e serviços pesquisados pelo IPCA - Foto: Tânia Rêgo/Arquivo/Agência Brasil

A alta dos preços dos alimentos foi o principal fator que vem interferindo nos índices de inflação do Brasil, que podem fechar acima da meta anual determinada pelo Banco Central. De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), que é o indicador oficial da inflação, fechou o mês de abril em 0,43%, menor que os 0,56% apontados em março e os 1,31% de fevereiro. 

O resultado indica desaceleração, mas, se comparados os períodos de 12 meses consecutivos, o IPCA somou 5,53%, sendo o maior desde fevereiro de 2023 (5,6%) e estando bem da meta de inflação de 3% estipulada pelo Conselho Monetário Nacional (CMN), mesmo com a tolerância de 1,5 ponto percentual para mais ou para menos. Essa alta foi puxada principalmente pelos preços dos produtos do grupo Alimentação e Bebidas, que teve alta de 0,82% durante o período. Outros dois grupos, o de Saúde e Cuidados Pessoais e o de Vestuário, tiveram altas respectivas de 1,18% e 1,02%.

De acordo com o economista e professor Rodrigo Rocha, dos cursos de Administração, Ciências Contábeis e pós-graduação Lato Sensu da Universidade Tiradentes (Unit), os resultados indicam um encarecimento no custo de vida médio do brasileiro. “Este índice, que mede a variação de preços de uma cesta teórica de consumo familiar, teve como principais vilões o aumento nos preços de alimentos e medicamentos, sinalizando uma pressão inflacionária significativa no período. O setor alimentício, devido ao seu peso na cesta do IPCA, foi o que mais contribuiu para o índice geral, mesmo quando sua alta não é a maior em termos percentuais”, diz ele, citando indiretamente que os alimentos respondem por quase 20% dos produtos e serviços pesquisados pelo IPCA.

Rodrigo destaca que a alta dos alimentos deve-se a fatores como condições climáticas desfavoráveis, problemas na oferta, custos de produção elevados e flutuações no mercado internacional. o que afetou principalmente produtos como batata-inglesa, tomate e café moído, que sofreram aumentos consideráveis. Além disso, fatores geopolíticos ajudaram a pressionar indiretamente a alta dos preços medidos pelo IPCA, como a disputa tarifária travada pelos EUA contra outros países, o aumento da dívida pública e o descontrole nos gastos governamentais.

“A imposição de tarifas e barreiras comerciais tende a encarecer insumos importados e gerar volatilidade nas commodities, afetando o custo dos alimentos. Contudo, os dados de abril não apontam este como o principal motor da inflação, mas sim como um potencial agravante. O endividamento e a percepção de risco fiscal levam à desvalorização do real, elevando o dólar e, por consequência, o preço de produtos importados e insumos. Essa instabilidade fiscal também mina a confiança dos agentes econômicos, pressionando os preços”, detalha o professor. 

Os dados corroboram com uma percepção popular bastante expressada no cotidiano das ruas: a de que “está tudo mais caro e o dinheiro não está dando pra nada”. Rocha destaca que o aumento dos preços de itens essenciais reduziu a renda disponível e o poder de compra das famílias, especialmente das classes D e E, nas quais 80% do orçamento é destinado a gastos básicos, o que intensifica o sentimento de perda de qualidade de vida. “As ações do governo, portanto, são essenciais para uma economia sustentável, evitando um ciclo vicioso de baixo crescimento e inflação elevada”, destaca.

Cenário incerto e juros altos

Esse cenário de pressões sobre alimentos e serviços, bem como as incertezas fiscais, as possíveis medidas econômicas que ainda podem ser adotadas pelo presidente norte-americano Donald Trump e a volatilidade no mercado internacional pelo que ele já decretou, principalmente o chamado “tarifaço” para produtos importados, cria a expectativa de que a inflação permaneça alta pelo resto do ano. O economista avalia que, embora o segundo semestre possa trazer alguma desaceleração, isso dependerá fortemente das medidas para controle dos gastos públicos e da evolução do cenário internacional. 

Uma destas medidas envolve os juros básicos da economia. No último dia 7, o Comitê de Política Monetária do Banco Central (Copom) aumentou a taxa Selic pela sexta vez consecutiva, deixando-a em 14,75% ao ano. E para a próxima reunião, não há nenhum indicativo de alta ou de redução. O Copom disse em um comunicado oficial que “o cenário de elevada incerteza, aliado ao estágio avançado do ciclo de ajuste e seus impactos acumulados ainda por serem observados, demanda cautela adicional na atuação da política monetária e flexibilidade para incorporar os dados que impactem a dinâmica de inflação”.

Na visão do professor, a política monetária de restrição adotada pelo BC tem o objetivo de conter a inflação mas prejudica duplamente o investimento, pois desestimula o consumo e dificulta o acesso ao crédito, tornando-o mais caro. “Além dos problemas já apresentados, isso ainda aumenta o custo da dívida pública. Sem um ajuste fiscal que consiga equilibrar todas estas variáveis, essa medida pode ser insuficiente e agravar o cenário econômico”, diz ele, acrescentando que até mesmo os indicadores econômicos positivos alcançados pelo governo em 2024, como o crescimento de 3,4% no Produto Interno Bruto (PIB) e a redução do índice de desemprego para 6,4%, “podem pressionar a inflação se a demanda superar a oferta”.


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