Cannabis medicinal reverte sintomas de Alzheimer, aponta estudo
Segundo médica Mirene Morais, resultado é animador, e reforça conclusões de outras pesquisas.
Mirene Morais - Foto: Jadilson Simões | Alese
Um estudo científico conduzido pela Universidade Federal da Integração Latino-Americana (Unila) observou uma reversão de sintomas de Alzheimer em um idoso brasileiro de 78 anos, a partir do uso de Cannabis medicinal. De acordo com o trabalho, depois de 22 meses de acompanhamento, o paciente apresentou melhoras no humor, sono e memória, com o quadro clínico em estabilidade. Para a médica Mirene Morais, certificada internacionalmente em medicina canábica, os resultados da pesquisa demonstram uma alternativa poderosa para o tratamento da doença, já apontada em uma vasta literatura científica sobre o tema.
“Outras pesquisas que utilizaram Cannabis medicinal para o tratamento de Alzheimer tiveram conclusões similares às do estudo de cientistas da Unila, o que é extremamente positivo, pois reforça o uso médico da planta como um aliado importante para combater essa patologia. No Brasil, segundo dados do Ministério da Saúde, são 1,2 milhão de pessoas vivendo com a doença no Brasil, que atinge principalmente os idosos. Anualmente, são 100 mil novos casos diagnosticados”, afirmou a profissional de saúde, ressaltando que a Cannabis medicinal pode ser uma nova esperança para essa parcela da população.
O estudo da Unila acompanha o idoso desde 2017, quando apresentava um grau moderado de Alzheimer. No início da avaliação, ele fazia uso diário de 500 microgramas de um extrato de Cannabis composto por tetrahidrocanabinol (THC) e canabinol (CBD), componentes presentes na planta, com maior nível de THC. “Agora, ele toma gotas do extrato todos os dias antes de dormir. Uma das vantagens da Cannabis medicinal é a prescrição médica personalizada, que acompanha de perto os efeitos positivos e negativos de um medicamento no paciente a fim de administrar os produtos e dosagens mais adequadas”, explicou Mirene.
A pesquisa também acompanhou outros 28 pacientes diagnosticados com Alzheimer, em nível leve e moderado, a partir do segundo semestre de 2021. O estudo ofereceu uma certa dosagem de óleo medicinal de Cannabis a metade do grupo, e à outra ofereceu placebo, uma substância sem efeito no corpo. “O que o trabalho encontrou foi que os pacientes que fizeram uso de substâncias da planta durante o período de seis meses apresentaram quadro clínico estável, em relação àqueles que tomaram o placebo”, disse a médica.
Tratamento adicional
Mirene Morais destacou que a utilização de Cannabis medicinal para tratar Alzheimer não deve substituir, de pronto, procedimentos tradicionais. De acordo com ela, o uso medicinal da planta para qualquer doença deve sempre ser avaliado por um médico qualificado junto ao paciente, “de maneira a avaliar todos aspectos do quadro clínico e histórico do paciente para tomar a melhor decisão de que tratamento deve ser utilizado”. A médica explicou que, em muitos casos, “a medicina canábica se coloca como um tipo de terapia adjuvante, contribuindo para o tratamento primário”.