Inovação e tecnologia são ferramentas para enfrentar desafios do setor de saúde
A adoção de tecnologias e novas práticas na gestão de clínicas e hospitais foi tema de um congresso promovido em Aracaju pelos cursos de saúde da Unit

A inteligência artificial e outras tecnologias modernas já se fazem presentes no dia-a-dia de parte significativa das clínicas, hospitais e unidades de saúde, configurando-um cenário que vai se intensificar no futuro. Esta é a principal discussão levantada durante o “Congresso Nacional Multidisciplinar de Inovação em Saúde: Da assistência à gestão”, promovido nesta semana em Aracaju pela Universidade Tiradentes (Unit).
O evento, que contou com mais de 700 participantes, entre profissionais e estudantes dos cursos da área de Saúde, trouxe como convidado o economista Fernando Andreatta Torelly, CEO e superintendente corporativo do Hospital do Coração (HCor), em São Paulo (SP). Ele abriu o evento com uma palestra sobre a importância da sinergia entre a ciência e a tecnologia para as melhores práticas assistenciais na saúde pública e privada. Um ponto abordado por ele foi a adoção de tecnologias e novas práticas na gestão de hospitais, unidades e serviços de saúde. Entre as principais, está a inteligência artificial.
“Hoje, você já tem equipamentos de ressonância magnética que capturam imagens muito mais rápidas. Tem sistemas que indicam para o médico qual exame que ele tem que analisar primeiro, porque existe uma suspeita de algo. Então a inteligência artificial está fazendo parte da vida de todo mundo. Um profissional de saúde tem que entender isso. As pessoas olham a inteligência artificial como a que tem todas as respostas, desde que tu saibas fazer as perguntas e entender que essa resposta está certa. A qualificação profissional tem que ser muito melhor para que a gente possa utilizar a inteligência artificial a nosso favor”, afirma Torelly.
O executivo gaúcho, que tem mais de 40 anos de experiência na gestão de grandes hospitais em São Paulo e Porto Alegre (RS), destacou também que o setor de saúde como um todo enfrenta uma série transformações e desafios na atualidade e a longo prazo, dentro de um cenário de recuperação após a os problemas que se desdobraram da pandemia da Covid-19.
“Nós temos questões como o envelhecimento populacional. Saímos de uma pandemia e tivemos que reinventar o sistema de saúde, para que todos os brasileiros possam ter direito a uma saúde de qualidade. Então, tem muitas práticas assistenciais, muitos modelos de gestão, a necessidade de profissionalizar as nossas instituições de saúde e principalmente de integrar toda a equipe multiprofissional com foco no paciente”, diz Fernando, advertindo que, a partir de fatores como a redução das chances de mortes por doença, as iniciativas de promoção dos bons hábitos de vida e a evolução da qualidade médica e da indústria farmacêutica, a expectativa de vida dos brasileiros vem aumentando consideravelmente, chegando hoje à marca dos 80 anos.
“A pergunta é: viver como? Ter acesso à saúde de qualidade como? Como nós vamos pagar a conta da saúde com qualidade num país que não gera riqueza?”, questiona o palestrante, referindo-se às grandes desigualdades enfrentadas hoje pela população brasileira no que diz respeito ao acesso à saúde. “Hoje, 25% têm plano de saúde e 75% dependem do Sistema Único de Saúde, que em alguns lugares é extremamente qualificado. Em outros, a maior pandemia que existe hoje é o tempo de espera entre o primeiro atendimento e uma consulta especializada ou uma cirurgia especializada”, afirma.
Para o CEO do HCor, um dos caminhos para enfrentar esses desafios é qualificar ainda mais a formação dos profissionais de saúde, em todas as suas áreas de atuação. “Os alunos que estão se formando hoje têm que entender para qual sociedade e qual mundo eles vão se formar. Nós precisamos desde já ter ações para que a gente possa ter promoção e prevenção à saúde. Nós não precisamos esperar as pessoas ficarem doentes para cuidar delas, mas sim que elas tenham o autocuidado como uma questão importante. Temos que também trabalhar para as nossas organizações de saúde serem cada vez mais eficientes e qualificadas e a formação profissional é tudo”, conclui Torelly, ressaltando que “a Unit tem uma contribuição absoluta para que todo mundo entenda que você tem que estar todo dia estudando e se qualificando, sob pena de você estar fora do mercado”.
Cursos integrados
O congresso da Unit promoveu ainda, no Campus Farolândia, uma ampla programação de minicursos, oficinas e palestras sobre o aperfeiçoamento dos serviços de saúde, através da inovação, da integração entre as áreas profissionais, da adoção de novas tecnologias e da melhoria na assistência e na gestão. O evento envolveu professores e alunos dos cursos de Biomedicina, Educação Física, Estética e Cosmética, Farmácia, Gastronomia, Nutrição e Psicologia, além do Mestrado e do Doutorado em Biociências e Saúde.
O professor Thiago Rodrigues Bjerk, que preside a comissão organizadora, explica que a ideia foi fazer um evento integrado entre os cursos da área de saúde, que já atuam de maneira integrada, dentro do conceito de multidisciplinaridade. “Hoje em dia, por exemplo, o tratamento dentário de um atleta tem que estar em dia, porque senão isso pode acarretar lesões musculares, e há estudos que mostram essa relação entre dentes e lesões. A saúde não é única e exclusivamente de uma área. A interação entre as áreas é extremamente importante para isso”, diz ele.
“Nós estamos focados em atender exatamente essa demanda de alunos que buscam conhecer um pouco mais a sua futura realidade enquanto profissional. Alunos que estão em todas as etapas do curso, para que a gente torne essa discussão rica, com um tema muito diversificado, e assim a gente promover principalmente a integração desses futuros profissionais, de uma forma na qual ele, tendo o que precisa dentro do ambiente de trabalho, se associar com outros profissionais”, acrescenta o vice-reitor da Unit, professor Jouberto Uchôa de Mendonça Júnior.