Produtores rurais festejam os cinco anos da Feira da Agricultura Familiar
Edição comemorativa da Feira ocorreu nesta quinta-feira, 28, reunindo produtores de 23 famílias de agricultores.
Produtores rurais festejam os cinco anos da Feira da Agricultura Familiar (Foto: Seidh/SE)
Com apenas 14 anos, Élida Rosa teve suas primeiras experiências como produtora rural, quando sua mãe a levava para a roça, incentivando-a mexer com a terra. Natural do município de Capela, a agricultora conquistou experiência com o ofício que lhe foi passado pelos pais. Casou, formou família e hoje mora no povoado Rio das Pedras, em Itabaiana, onde cultiva alimentos para vender na Feira da Agricultura Familiar - há cinco anos. Nesta quinta-feira, 28, ela e produtores de outras 23 famílias participaram da edição comemorativa da meia década da Feira.
Além de comprar produtos orgânicos e fresquinhos, durante o evento, a comunidade em geral também teve acesso gratuito ao cálculo do índice de massa corpórea (IMC); testes rápidos de diabetes e verificação de pressão arterial. A ação foi coordenada pelo Departamento de Segurança Alimentar e Nutricional (DSAN) da Seidh e realizada em parceria com a Fundação Estadual da Saúde (Funesa/SES) para celebrar o projeto, que beneficia consumidores e produtores sergipanos que, como Élida, tem uma trajetória de luta, abraçando as oportunidades com dedicação.
“Aqui eu conquistei meu sustento. Quando eu e minha família fizemos a escolha de comercializar produtos orgânicos, passamos por fases difíceis e pensamos até em desistir. Passamos anos na tentativa de conseguir nos firmar, pois íamos vender e voltávamos com muita mercadoria. Quando o projeto da Feira surgiu, ficamos inseguros, sem saber se daria certo. É um processo lento, mas persistimos e hoje eu posso garantir que valeu à pena. A Seidh é a nossa referência; o nosso mercado”, contou Élida.
Ainda de acordo com a agricultora, o projeto gerou laços de amizade, devido à fidelização dos clientes e o sentimento de coleguismo entre os produtores que comercializam na Feira. “Tenho orgulho e gosto muito do que faço. Meu filho me ajuda e teve a ideia de fazer um grupo no whatsapp com os nossos fregueses. Criamos uma convivência de irmãos, sem aquela competitividade negativa. Temos consideração com os nossos colegas e trabalhamos juntos para atender da melhor forma. Eu não tinha noção do que era isso. É uma grande felicidade”, ressaltou.
Freguesa da Feira há aproximadamente um ano, Sueli Regis sempre buscou consumir produtos naturais e afirma estar atenta à certificação da Organização de Controle Social (OCS), necessária para agricultores orgânicos. “Procuro adquirir alimentos naturais. Como a feira é quinzenal, sinto bastante, pois preciso repor os alimentos e, aqui, já estou acostumada. Compro em diversas barracas e já construí esse vínculo familiar. Quando quero algum produto, entro em contato, inclusive em nosso grupo de whatsapp, onde podemos fazer pedidos. Além disso, tem as barracas de pé de moleque, beiju, doces caseiros, salgados, sucos”, disse.
Outra personagem de destaque na Feira é dona Dalva Rodrigues, que desde criança vivenciou a agricultura familiar em Estância e já participa do projeto há três anos. “Já ajudava meus pais aos sete anos. Hoje, vendo em Estância e aqui em Aracaju. A feira me trouxe renda e, assim, consegui ajudar meu filho e minha nora com os estudos”, afirmou a produtora rural que, juntamente com os demais produtores, participou de um café da manhã comemorativo, oferecido pela equipe do DSAN.
Na ocasião, representando a secretária de Estado da Inclusão Social, Marta Leão, a assistente social Luizélia Souza parabenizou e incentivou os agricultores. “A secretária tem esse projeto como um xodó, pois ela tem a ciência de que, além de cultivar alimentos saudáveis, vocês fazem tudo com muito amor e dedicação. Desejo que esse projeto perdure e traga, a cada dia, mais sucesso, pois vocês merecem esse reconhecimento”, pontuou.
Sobre a Feira da Agricultura Familiar
Ao todo, o Governo de Sergipe já implantou, por meio da Seidh, 19 Feiras da Agricultura Familiar em 17 municípios sergipanos, beneficiando aproximadamente 500 agricultores em todo o estado. Destes, 250 já trabalham com produção orgânica livre de agrotóxicos. Os produtores de três municípios que estão em fase de transição [Poço Redondo, Japaratuba e Capela] aguardam a formação de Organização de Controle Social (OCS), através do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA). Somente na Feira realizada no pátio da Seidh são vendidos, em média, 450 quilos de alimentos orgânicos, quinzenalmente, com destaque para as hortaliças.
Lucileide Rodrigues, diretora do DSAN, destaca que o objetivo é evitar ações de atravessadores, além de contribuir com o escoamento de produtos, gerando renda para os camponeses. “O Governo de Sergipe disponibiliza balanças, caixas, barracas, fardamento, etc. Mensalmente também fazemos uma ação de educação alimentar para os participantes da Feira. É uma satisfação muito grande poder participar desse projeto que transformou a vida de vários trabalhadores rurais”.
Parceria
Em parceria com DSAN, a Fundação Estadual de Saúde (Funesa/SES) realizou testes rápidos de diabetes e verificou a pressão arterial da comunidade, enquanto o DSAN fez o cálculo do IMC. De acordo com a coordenadora da equipe de técnicos da Funesa, Liliane Trindade, a rotina é árdua, daí a importância de orientar a população, que muitas vezes tem hábitos alimentares prejudiciais à saúde.
“É um prazer fazer parte dessa ação. É uma parceria que assiste a população unindo o útil ao agradável, já que podemos orientar a comunidade que não tem o costume ou tempo de fazer esses exames. Parabenizo os agricultores, que cultivam e comercializam alimentos orgânicos para seu sustento, mas pensando nos benefícios de uma vida mais saudável, inclusive para eles. São guerreiros que merecem reconhecimento", pontuou.