Tratamento contra o Mal de Parkinson é estudado a partir da própolis vermelha
Possíveis propriedades neuroprotetoras contidas na seiva encontrada em plantas de manguezais são estudadas em pesquisa de iniciação científica que está em andamento na Unit
Uma pesquisa de iniciação científica desenvolvida na Universidade Tiradentes (Unit) está investigando possibilidades de tratamento contra o Mal de Parkinson, uma doença neurológica que afeta os movimentos físicos e funcionais de uma pessoa. Estas possibilidades podem estar em substâncias componentes da própolis vermelha, a seiva presente na dalbergia ecastophyllum, uma planta encontrada em áreas de manguezais e popularmente conhecida como “rabo-de-bugio” ou “marmelo-do-mangue.
Este estudo está sendo realizado pelo estudante Enzo Henrike Bitencourt de Morais, aluno do sexto período de Biomedicina da Unit, sob orientação da professora Margarete Zanardo Gomes, do Programa de Pós-Graduação em Saúde e Ambiente (PSA/Unit). Ele conta com uma bolsa de Iniciação em Desenvolvimento Tecnológico e Inovação, concedida pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), e seus trabalhos ocorrem no Laboratório de Morfologia e Patologia Experimental (LMPE), do Instituto de Tecnologia e Pesquisa (ITP), com a participação da equipe da pesquisadora Juliana Cordeiro Cardoso.
O projeto de iniciação tecnológica, que deve ser concluído no primeiro semestre de 2025. envolve a avaliação do efeito neuroprotetor de bioativos do extrato hidroetanólico de própolis vermelha, bem como o efeito neurorregenerativo de nanocompósitos da substância sobre lesões medulares. A principal hipótese é de que a própolis seja um possível agente neuroprotetor, capaz de impedir a ocorrência de lesões encefálicas ou medulares por doenças ou distúrbios.
“O objetivo é buscar um tratamento para o Parkinson, visto que atualmente o tratamento dessa doença é somente paliativo, não evitando a progressão da mesma. O tema foi escolhido por essa necessidade de busca de um tratamento focado nas causas da doença”, diz Enzo, ao contar que já tinha um interesse prévio pelo funcionamento do sistema nervoso humano, “graças à complexa natureza do sistema e das doenças neurodegenerativas”.
Os potenciais farmacológicos da própolis vermelha são temas de outras pesquisas que também estão em andamento no grupo de pesquisa do PSA/Unit, com testes em modelos experimentais de lesão medular, Parkinson, câncer e cicatrização, entre outros. Segundo a professora Margarete Zanardo, o projeto de Enzo também compõe parte de uma dissertação de mestrado e de uma tese de doutorado, as quais buscam um maior aprofundamento quanto aos mecanismos de ação do extrato no sistema nervoso central.
“Na pesquisa, é proposto também um método inovador para a extração de compostos bioativos da própolis vermelha, de forma que a formulação a ser testada seja rica em flavonóides”, adianta ela, acrescentando que “a própolis vermelha é um produto característico da região Nordeste e estudos que esclareçam seus benefícios podem aumentar o valor agregado deste produto e ajudar a promover o desenvolvimento da região”.
Esta não foi a primeira vez que o estudante de Biomedicina participou de projetos de iniciação científica e tecnológica na Unit. Entre 2022 e 2023, ele atuou em uma pesquisa sobre o uso da quimioinformática para busca de novos compostos para o tratamento da doença de Parkinson via alfa-sinucleína (uma das proteínas presentes nos neurônios). “É interessante notar como o programa de iniciação científica e tecnológica da Unit promove a ampliação da capacidade crítica e das habilidades técnicas dos jovens cientistas”, destacou Zanardo.