Frequência de ansiedade generalizada pode virar transtorno de pânico
Um assunto que vem ganhando destaque nos consultórios psicológicos, organismos de saúde, na mídia e nas famílias: o transtorno de ansiedade. Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), o número de pessoas com transtornos de ansiedade era de 264 milhões em 2015, um aumento de 14,9% em relação a 2005. A prevalência na população é de 3,6%. O Brasil é recordista mundial em prevalência de transtornos de ansiedade, com incidência de 9,3%, ou seja, 18,6 milhões de brasileiros sofrem com o problema.

Psicólogo e Referência Técnica da Atenção Psicossocial da Secretaria de Estado da Saúde (SES), Demétrio Sérgio dos Reis (Foto: SES/SE)
Segundo o psicólogo, é a frequência dessa ansiedade generalizada que pode levar ao transtorno de pânico e a causa do problema está basicamente no modo de vida atual. “As pessoas estão sempre buscando por algo, emocional ou material e, se a trajetória para alcançar o objeto desejado encontrar situações de tensão, isso pode desencadear um processo de ansiedade generalizada”, explicou.
Acontecimentos – positivos e negativos – importantes da vida podem deflagrar o surgimento da ansiedade, principalmente quando os indivíduos enfrentam experiências difíceis e aversivas no cotidiano. Estes acontecimentos propiciam alterações físicas, comportamentais e cognitivas (pensamentos), que o indivíduo experimenta quando está ansioso.
Os sintomas da ansiedade generalizada são psicofisiológicos como palpitações, tremores, sudorese (suor excessivo), respiração curta e medo de algo real ou imaginário. De acordo com Demétrio dos Reis, a ansiedade generalizada está mais relacionada com situações futuras. “É importante observar que a ansiedade generalizada gera mudanças de comportamento, que limita a capacidade relacional das pessoas. Então, é preciso ficar atenta aos sinais”, reforçou.
E como cuidar da ansiedade generalizada, da preocupação exagerada sobre uma situação do cotidiano? Para o Referência Técnica o recomendável quando a pessoa percebe os sintomas é fazer exercícios de relaxamento e respiratórios, bem como buscar ajuda terapêutica com um psicólogo.
Pensei que ia morrer
A profissional liberal J.O.A. é vítima de ansiedade generalizada. O processo foi desencadeado em 2012, depois de um forte aborrecimento no trabalho. “Quando saí da empresa fui com amigos pra uma lanchonete para conversar e desabafar um pouco. Logo depois que chegamos comecei a passar mal. Pedimos a conta e fui para casa e não sei como consegui dirigir até minha casa porque estava passado muito mal. Sentia palpitações, tremores nas mãos e estava suando. Era uma sensação de morte”, conta a garota.
A jovem iniciou um tratamento psiquiátrico imediatamente, com uso de medicamentos tarja preta e logo depois deu início ao acompanhamento psicológico. “Atualmente uso medicação mais leve e me sinto muito melhor. Aconselho a quem estiver passando por este tipo de problema que busque ajuda. É importante”, orientou.