Breno Garibalde: "Aracaju não pensa a mobilidade e os acidentes são consequência disso”
Durante a sessão plenária desta terça-feira, 12, na Câmara de Aracaju, o vereador Breno Garibalde chamou atenção para o que considera um dos maiores gargalos estruturais da capital: a forma como a mobilidade urbana vem sendo planejada e executada ao longo dos anos. Segundo ele, o modelo adotado não só limita a integração e acessibilidade da cidade, como também está diretamente ligado ao aumento de acidentes de trânsito.
“O modo que Aracaju vem crescendo tem gerado problemas gravíssimos na mobilidade urbana. A gente foca sempre no transporte público, mas a mobilidade começa na calçada de casa. Se não temos calçadas estruturais, as pessoas não são estimuladas a andar a pé ou de bicicleta, acabam optando por motos, que são meios de transporte mais baratos e consequentemente os acidentes aumentam”, afirmou.
De acordo com dados citados pelo parlamentar, a Superintendência Municipal de Transportes e Trânsito (SMTT) registrou um aumento de 20% nos acidentes na capital. Já o Hospital de Urgências de Sergipe (Huse) aponta que 80% dos casos de traumas atendidos têm origem em acidentes de motocicleta.
Para Breno, essa realidade é consequência de um modelo urbano ultrapassado que privilegia o transporte motorizado, ignora a mobilidade ativa e contribui para problemas ambientais, já que o transporte urbano responde por 20% das emissões de gases do efeito estufa. “Isso não é desenvolvimento. Precisamos parar de pensar a cidade só como expansão e começar a projetá-la para as pessoas.”, ressaltou o vereador.
Bairro Marivan
Ainda em sua fala, Breno pontuou a falta de infraestrutura em regiões como a Zona de Expansão e o bairro Marivan, aprovado pela casa legislativa em 2018, apesar do veto do então prefeito Edvaldo Nogueira. Breno relatou que a comunidade não possui sequer uma Unidade Básica de Saúde (UBS) própria, dependendo da UBS Celso Daniel, no Santa Maria, que já sofre com superlotação.
“Condomínios e mais condomínios chegam à região, trazendo milhares de novos moradores para um bairro que não tem o mínimo de infraestrutura. O posto de saúde vizinho já não dá conta da demanda atual, e ainda absorve a população que continua chegando ao Marivan. Esse é o modelo de cidade que vamos deixar ser construído? Não!”, enfatizou.
Para ele, a situação do Marivan é reflexo de uma falta de planejamento mais amplo, que não considera a cidade como um sistema integrado. “A cidade é uma grande engrenagem. Se não pensamos nela como um todo, só empurramos os problemas para frente”, completou.
Breno concluiu seu discurso defendendo a revisão do Plano Diretor e que essa ferramenta seja utilizada para romper com o modelo de desenvolvimento que, segundo ele, tem produzido bairros carentes de infraestrutura, incentivado deslocamentos longos e sobrecarregado serviços públicos. “Até quando vamos pensar a cidade sem pensar nas pessoas? É urgente mudar a forma como planejamos e desenvolvemos Aracaju”, finalizou.