Aracaju (SE), 26 de novembro de 2024
POR: Roberta Barreto
Fonte: Assessoria de Imprensa
Em: 01/11/2022 às 14:46
Pub.: 01 de novembro de 2022

Psicóloga fala sobre como encarar o luto e a morte sem tabu

Psicóloga Marcela Teti, coordenadora do curso de Psicologia da Faculdade São Luís de França - Foto: Assessoria de Imprensa

Psicóloga Marcela Teti, coordenadora do curso de Psicologia da Faculdade São Luís de França - Foto: Assessoria de Imprensa

Falar sobre a morte na nossa cultura é um desafio. E nesse período que antecede o Dia de Finados, o sentimento da saudade de quem já perdeu um ente querido costuma aflorar. Para falar sobre como é possível encarar o luto sem tabu, conversamos com a coordenadora do curso de Psicologia da Faculdade São Luís de França, a psicóloga Marcela Teti.

De acordo com a psicóloga, uma forma de encarar a morte e o luto sem tabu é entender que a morte é natural, assim como qualquer outro fenômeno da vida é sinônimo de vida. “A morte não é o oposto da vida, a morte é uma evidência da vida, sua afirmação contínua. Não existem dois lados da mesma moeda, mas somente um lado e a morte está do lado da vida”, explicou.

A morte, portanto, é algo que irá acontecer inevitavelmente. Talvez o melhor a se fazer a partir disso é preparar para este fato, como nos preparamos para ficar adultos, para amadurecer, podemos nos preparar para o luto. Para Marcela Teti, podemos nos antecipar a este evento e garantir algumas coisas em vida, tais como manter bons relacionamentos com as pessoas, segurança financeira e patrimonial, organizar um legado que beneficie as pessoas ao redor e outras que por ventura ocupem os espaços que você um dia ocupou.

“Se antecipar para construir uma história para além do seu corpo lhe poupa dos arrependimentos que pode vir a sentir no leito de morte. O luto sem tabu passa por encarar a morte como natural também. Entender que todos nós iremos um dia sentir saudades de quem nos deixa. Se você tiver alguma fé, certamente isso irá ajudar, pois a religião prolonga a sensação da vida após a morte, seja porque você acredita em alma ou reencarnação do espírito”, explicou.

A psicóloga também destaca que ficar triste ou “para baixo” depois da morte de um ente querido ou alguém de quem goste muito é normal. Tirar alguns dias de “folga” ou ficar com um “funcionamento lento” é muitas vezes necessário para processar a dor. “Solicitar ajuda a um psicoterapeuta pode ser positivo, pois o profissional irá ajudar a reconstruir a história que você tinha com quem se foi e certamente isso irá te trazer benefícios em curto e longo prazos”, ressaltou.

Luto X crianças
Os adultos sofrem mais com a morte do que as crianças, tenha certeza disso. As crianças vivem um mundo de fantasia onde muitas vezes o que é imaginário e real são a mesma coisa. Assim, uma pessoa pode sair do mundo dos vivos, mas para muitas crianças isso não significa deixar de falar, ver ou brincar com o indivíduo que se foi.

Segundo a professora da FSLF, a carga negativa da morte é trazida pelo adulto que sofre profundamente com a perda. “Para muitas crianças a morte é um fenômeno curioso, quase mágico. A morte não precisa ser encarada como proibida para menores, do mesmo modo que o conteúdo adulto que passa na TV. Pode ser tratada como algo que acontece de modo natural, visto que avós e pais morrem constantemente. No entanto é preciso coragem para tomar esta perspectiva e tratar do tema sem que seja uma ‘assombração’ ”, afirmou.

Falar deixa o tema mais leve
Falar da morte é saudável, discuti-la, debatê-la também. Para exemplificar, a profissional contou uma experiência que teve com alunos da instituição. “Certa vez, ao levar alunos da disciplina de Neuroanatomia para o laboratório de anatomia, nos levou a debater a morte. Alguns dos alunos ao entrar em contato com cadáveres e examiná-los, iniciaram uma conversa a partir de temas existencialistas. Colocaram para o coletivo que a morte é um evento irreversível, simples, fácil de acontecer a qualquer um. Alguns concluíram que acumular bens é um tema supérfluo visto que não levamos nada desta vida. Chegaram também a reflexão de que muitas vezes cismamos com tantas bobagens e picuinhas, mas que nenhuma delas será considerada ou irá pesar na hora de morrer. Falamos dos significados que as religiões atribuem à morte e cada um disse o que lhe dava sentido. Ao final, saímos mais leves do laboratório, sorrindo e consideramos que aquela foi a melhor aula do semestre. Falar do que temos medo não aproxima o evento da nossa vida. Precisamos parar de ter superstição sobre este e outros temas. Isso torna a nossa vida e morte mais leves, mais saudáveis”, concluiu.


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