Estudos aprimoram materiais e técnicas para tratamento de águas poluídas
Pesquisas de iniciação científica realizadas na Unit desenvolvem reatores e eletrodos para a decomposição de substâncias presentes usadas como pesticidas e antibióticos, mas que acabam poluindo as águas
A estudante Maria Fernanda Borges Araújo, do curso de Engenharia Mecatrônica da Unit, que participou dos projetos de pesquisa de iniciação científica - Foto: Divulgação
Pesquisas de iniciação científica desenvolvidas na Universidade Tiradentes (Unit) buscam aperfeiçoar materiais e técnicas para processos de tratamento de água, visando a decomposição de substâncias que não são biodegradáveis, como as presentes em agrotóxicos e medicamentos. Este é o objetivo dos projetos desenvolvidos pela estudante Maria Fernanda Borges Araújo, do curso de Engenharia Mecatrônica, com orientação de professores do Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Processos (PEP/Unit).
Os estudos se concentram na linha de pesquisas sobre a degradação de compostos poluentes presente em águas residuais, através do processo de oxidação eletroquímica e com uso de reatores microfluídicos, dispositivos que processam reações químicas em seus canais. Em uma das pesquisas, concluída recentemente, foi desenvolvido um reator microfluídico por impressão 3D para fazer a degradação eletroquímica do tiaclopride, uma substância utilizada em lavouras como pesticida. Outra, que ainda está em andamento, estuda a automação de um novo reator para aplicação em eletroquímica ambiental, trabalhando igualmente na degradação de compostos.
“Muitos compostos orgânicos não são biodegradáveis e se acumulam na natureza, e causam mal para saúde humana e também para o meio ambiente. Por conta desses compostos não-biodegradáveis e tóxicos, corremos o risco de torná-la imprópria para o uso se não agirmos acerca deste assunto”, justifica Fernanda, explicando que o objetivo dos estudos é aprimorar as tecnologias e materiais para o tratamento de água. “Os métodos convencionais de tratamento de água não são suficientes para corpos de águas residuais específicas, como águas hospitalares ou águas da agricultura que tem pesticidas e agrotóxicos no geral”, acrescenta.
Um dos novos métodos buscou a síntese de um ânodo que foi aplicado em um reator microfluídico para a degradação da ciprofloxacina (substância presente em antibióticos). Esse experimento usou como base substâncias como titânio, antimônio, dióxido de estanho e PVA (acetato de polivinila). “Para degradar um composto por oxidação eletroquímica, você utiliza um cátodo e um ânodo, que vão quebrar essas moléculas através da aplicação de um potencial elétrico (DDP). A linha de pesquisa que eu trabalho no laboratório foca na melhoria de propriedades desses ânodos, alterando os métodos de sínteses, os tipos de metal que vão ser usados e etc”, detalha Fernanda.
Segundo a estudante da Unit, o objetivo das pesquisas é tornar os tratamentos de água mais eficientes, baratos e aplicáveis em grande escala. Um exemplo dado por ela foi justamente o deste terceiro projeto, que buscou o aumento do tempo de vida útil deste ânodo, obtido através de materiais mais baratos e acessíveis. “Também buscamos sintetizar materiais que sejam acessíveis economicamente, para tornar essa tecnologia de tratamento de água mais acessível. Não é só sobre o meio ambiente, é também sobre o econômico”, destaca.
Os três projetos de iniciação científica foram desenvolvidos junto ao Laboratório de Eletroquímica e Nanotecnologia (LEN), do Instituto de Tecnologia e Pesquisa (ITP) e tiveram orientação da professora-doutora Katlin Barrios Eguiluz e do professor-doutor Giancarlo Salazar Banda, ambos do PEP/Unit.