O cafezinho tá caro! O que aconteceu? :: Por Marcio Rocha
Marcio Rocha*

Nos últimos meses, o preço do café no Brasil registrou um aumento expressivo, resultado de uma combinação de fatores que afetaram tanto a oferta quanto a demanda do produto. Entre os principais motivos estão condições climáticas adversas, aumento dos custos de produção, crescimento da demanda global, especialmente da China, e desafios logísticos.
No que se refere à oferta, o Brasil, maior produtor mundial de café, enfrentou condições climáticas extremas que impactaram negativamente a produção. Em 2021, geadas severas atingiram as plantações de café arábica, dizimando cerca de 20% da safra. Nos anos seguintes, a ocorrência dos fenômenos El Niño e La Niña trouxe períodos prolongados de estiagem e chuvas excessivas, respectivamente, prejudicando a recuperação das lavouras. Esses eventos climáticos adversos resultaram em uma oferta reduzida de café de alta qualidade, pressionando os preços para cima.
Além disso, os custos de produção aumentaram significativamente. Os preços dos insumos agrícolas, como fertilizantes e defensivos, permaneceram elevados devido à instabilidade geopolítica global e à valorização do dólar. A logística também se tornou mais onerosa, com o aumento dos fretes e a falta de infraestrutura adequada para escoar a produção, elevando os custos totais para os produtores.
No âmbito da demanda, observou-se um crescimento expressivo no consumo de café em mercados emergentes, especialmente na China. A cultura do café, antes restrita a nichos urbanos, popularizou-se entre os jovens chineses, levando grandes redes de cafeterias a expandirem suas operações no país. Esse aumento na demanda chinesa por grãos de alta qualidade elevou os preços internacionais e impactou o mercado interno brasileiro.
A inflação geral da economia também desempenhou um papel importante. Com os custos de produção e logística em alta, os produtores repassaram parte desses aumentos aos consumidores finais. O café, que já é um produto sensível a variações de preço, tornou-se ainda mais caro nas prateleiras dos supermercados e nas xícaras dos brasileiros. Esses fatores combinados contribuíram para a escalada dos preços do café nos últimos meses, afetando tanto o mercado interno quanto as exportações brasileiras.
*Marcio Rocha é jornalista formado pela UNIT, radialista formado pela UFS e economista formado pela Estácio, especialista em jornalismo econômico e empresarial, especialista em Empreendedorismo pela Universitat de Barcelona, MBA em Assessoria Executiva pela Uninter, com experiência de 23 anos na comunicação sergipana, em rádio, impresso, televisão, online e assessoria de imprensa.