Por que os alimentos estão ficando tão caros? :: Por Marcio Rocha
Marcio Rocha (Foto: Arquivo Pessoal)
Empresas não trabalham com objetivo de cobrarem caro dos consumidores as suas compras, quem pratica isso não sobrevive no mercado. As empresas trabalham com preços de equilíbrio para que possam se manter, obter sua margem de lucro para reinvestir nos negócios, e isso é afetado pelos custos de produção que promovem a precificação dos bens consumidos, sejam eles quais forem. Ou seja, o preço do produto alto não é um objetivo da empresa, mas o resultado de uma série de fatores que implica na construção da margem ideal para venda ao consumidor. Então o que está fazendo com que determinados alimentos estejam custando tão caro? Vamos descomplicar a economia! Usaremos alguns exemplos para mostrar como o mercado está se comportando e levando um pouco a mais de nossos bolsos para a compra.
O arroz, por exemplo, é um produto que sofre diretamente a influência do câmbio do real com o dólar. A valorização da moeda americana diante da nossa afeta de forma direta o preço da produção do grão, que é exportado, além de consumido no mercado nacional. O dólar aumentou quase metade do seu valor diante do real nos últimos seis meses e isso interfere no preço final de produção. Como arroz, soja, açúcar, entre outros produtos agrícolas são a base de nossa economia para exportação, isso faz com que os produtores consigam mais recursos vendendo o produto para o mercado externo. A China, que é um dos maiores consumidores dos grãos brasileiros, para alimentar sua população, aumentou o volume de compra da produção brasileira, assim como outros países que dependem dos produtos agrícolas nacionais. Produtos como esse são denominados commodities e sua cotação é regulada pelo mercado internacional. Vender para o mercado internacional está mais lucrativo e isso reflete na elevação de investimentos na produção, gerando novas oportunidades de negócio e empregos no setor agropecuário. Não somente grãos, mas carnes, frango, frutas, entre outros tantos estão mais atrativos para serem comprados no Brasil, no momento.
Com isso, aumenta a escassez do produto no mercado interno, princípio básico de economia. E com menor oferta de alimentos do tipo no país, o preço também eleva no comércio nacional. Pois não pode se pensar na possibilidade de deixar de alimentar o mercado patrício, direcionando todo o resultado da produtividade para o exterior. Então, para haver o preço de equilíbrio, há a elevação de acordo com as perdas relativas se resolvesse mandar a produção para o mercado externo. Isso faz com que toda a cadeia de abastecimento sofra o impacto da elevação do preço na base produtiva, que se reflete no caminho até chegar às prateleiras dos supermercados e comércio varejista. Além disso, o momento não é de safra, o que também aumenta a escassez do produto e eleva seu preço.
O caso da soja é parecido, pois majoritariamente nossa produção está sendo enviada para o exterior, o que eleva os custos de feitura de muitos outros produtos que dependem da soja, como o leite, queijo, carnes e derivados. Com a redução na oferta do grão, que é uma das bases alimentícias do rebanho brasileiro, o custo para produzir tudo correlacionado também aumenta. Há uma tendência natural para que nos próximos meses, os preços tenham uma propensão à queda e isso irá ser sentido por nós consumidores em breve. Com a proximidade da nova safra de grãos, o preço de mercado tende a reduzir, mesmo que independa do dólar para isso. Afinal, o excesso de produto provoca a redução do preço para o aumento do consumo.