Aracaju (SE), 04 de dezembro de 2024
POR: Assessoria Seidh/SE
Fonte: Assessoria Seidh/SE
Pub.: 15 de julho de 2016

Comissão da Verdade ouve Ancelmo Gois e Tina Correia nesta segunda, 18

Rodada de julho inclui, ainda, o depoimento do secretário de Governo, Benedito de Figueiredo.

Comisso da Verdade ouve Ancelmo Gois e Tina Correia nesta segunda, 18 (Foto: Divulgao/Assessoria Seidh/SE)

Comisso da Verdade ouve Ancelmo Gois e Tina Correia nesta segunda, 18 (Foto: Divulgao/Assessoria Seidh/SE)


Na próxima segunda-feira, 18 de julho, a Comissão Estadual da Verdade – Paulo Barbosa de Araújo vai ouvir o depoimento do prestigiado jornalista Ancelmo Gois e da sua companheira, a escritora sergipana Janete Correia de Melo – a Tina Correia, vítimas do regime militar que prendeu, torturou e cerceou direitos de milhares de cidadãos em todo o Brasil. O casal foi fortemente perseguido pela repressão e será ouvido a partir das 08h, no Auditório do Museu da Gente Sergipana, localizado na Avenida Ivo do Prado nº 398, Centro de Aracaju.

Natural do município de Frei Paulo, Ancelmo nasceu em 1948 e deu inicio à sua vida política no movimento estudantil. Era secundarista quando foi instaurado o golpe de 1964 e, aos 15 anos, já trabalhava na Gazeta de Sergipe, onde viu muitos jornalistas serem presos pelos agentes da repressão. Em 1968, após o AI-5 ser decretado, Ancelmo também foi preso e levado para o 28º BC por participar de passeatas contra a ditadura militar. Lá, ele permaneceu por pouco tempo e não foi torturado, mas daí em diante o curso da sua vida mudaria significativamente. À época, ela já era militante do PCB (Partido Comunista do Brasil) quando saiu da prisão e o partido lhe ofereceu uma temporada de estudos na União Soviética, para onde foi clandestinamente e, da mesma forma, retornou ao Brasil em 1970, protegido pela KGB.

Já Tina, que aparece em diversos documentos analisados pela Comissão Estadual da Verdade, foi presa durante o 30º Congresso da UNE (União Nacional dos Estudantes), realizado na Fazenda Mucuru em Ibiúna, no Estado de São Paulo, em 12 de outubro de 1968. No congresso, que naquele ano acontecia de forma clandestina, cerca de mil estudantes foram presos pela Polícia Militar de Sorocaba e Ibiúna e pelo Departamento de Ordem Política e Social (Dops). Todos os presos políticos foram levados para o presídio de Tiradentes e depois transferidos para o Carandiru.

Junto a Tina também foram presos em Ibiúna os estudantes sergipanos Antônio Vieira da Costa; Elze Maria dos Santos; João Augusto Gama da Silva; João Bosco Rolemberg Cortes; José Alves do Nascimento; José Jacob Dias Polito; Laura Maria Tourinho Ribeiro; Wellington Mangueira e Benedito de Figueiredo, hoje secretário de Estado de Governo, que também será ouvido nesta semana, pela Comissão da Verdade. Para a professora Andréa Depieri, membro da Comissão, os depoimentos são fundamentais “para remontar a história do regime militar recente em Sergipe e contribuir para a análise e compreensão dos mecanismos de funcionamento de repressão”.

Sessões
Neste mês de julho, as sessões públicas para oitiva das vítimas da ditadura acontecem entre os dias 18 e 21.  Após a oitiva do jornalista Ancelmo Gois e de sua companheira Janete Correa de Melo, será ouvido na terça-feira, 19, o secretário Benedito de Figueiredo. Na quarta-feira, 20, e na quinta, 21, serão acolhidos os depoimentos de Maria Auxiliadora Rosal Campos e Clodualdo de Oliveira Lima, respectivamente. Com transmissão ao vivo pela TV Aperipê, as sessões são abertas ao público que quiser comparecer ao auditório do Museu da Gente Sergipana.

Comissão
Ligada à Secretaria de Estado da Mulher, Inclusão e Assistência Social, do Trabalho e dos Direitos Humanos (Seidh), a Comissão Estadual da Verdade – Paulo Barbosa de Araújo foi instituída pelo Governador Jackson Barreto, através do decreto nº 30.030, de 26/06/2015. Com sede atualmente localizada na Avenida Augusto Maynard nº 321, 2º andar, a Comissão busca levantar informações do regime militar relativas ao período de 1946 a 1988. Além das sessões públicas para oitiva de pessoas e familiares que sofreram os mais variados tipos de violações dos direitos humanos, a Comissão tem se empenhado no trabalho de pesquisa e recolhimento de documentos públicos junto ao Arquivo Nacional/Projeto Memórias Reveladas, com quem firmou parceria.


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