Aracaju (SE), 30 de outubro de 2024
POR: Yasmin Déda
Fonte: ASN Sergipe
Em: 25/10/2024 às 15:38
Pub.: 25 de outubro de 2024

A gente faz: Sergipe agora faz parte da Rota da Avicultura Caipira

A cadeia produtiva receberá mais incentivos e qualificação

A gente faz: Sergipe agora faz parte da Rota da Avicultura Caipira - Foto: Jouis/ASN Sergipe

A gente faz: Sergipe agora faz parte da Rota da Avicultura Caipira - Foto: Jouis/ASN Sergipe

O veterinário Thiago Dias tinha a vontade de abrir o seu próprio negócio rural. Começou, então, com um espacinho, algumas poucas galinhas e um funcionário. Hoje, quatro anos depois, o produtor comanda a Granja Bicho do Mato, liderando 11 funcionários na criação de galinhas caipiras que possui no município sergipano de São Cristóvão e, assim como muitos produtores rurais, busca aprimorar seu negócio.

Thiago participou, no último dia 10 de outubro da 2ª Oficina Regional dos Polos da Avicultura Caipira do Nordeste, realizada no município de Simão Dias. Durante o evento foi lançado o segundo polo da Rota da Integração Nacional da Avicultura Caipira, coordenado pelo Ministério da Integração e do Desenvolvimento Regional (MIDR), com o objetivo de trazer mais desenvolvimento, renda e qualidade de vida para os produtores rurais do Nordeste.

De acordo com o professor Claudson Brito, do departamento de Zootecnia da Universidade Federal de Sergipe (UFS), a iniciativa chega a Sergipe para valorizar o trabalho dos produtores. “Tem a finalidade de transformar a avicultura caipira de Sergipe em uma atividade rentável para os pequenos e médios produtores rurais, ligados ou não a agricultura familiar. Agora será possível receber capacitação, assistência gerencial, acesso a novas técnicas de criação e linhas de financiamento. Ganha o produtor, por alcançar novos mercados, e a sociedade por receber um produto certificado e transformador”.

Sergipe é o segundo estado a fazer parte da rota, o primeiro foi a Paraíba, e receberá diversos incentivos para qualificação e profissionalização da cadeia da avicultura. O produtor Thiago viu nessa iniciativa uma grande oportunidade para regularizar a venda dos ovos que as suas galinhas produzem.

“Queremos muito adequar nossa empresa para qualificar ainda mais o nosso trabalho. Existe um gargalo muito grande nesse tipo de produção, pois é comum que haja a criação para consumo próprio no interior, ou as grandes empresas que são certificadas, mas a criação de galinha caipira do pequeno empresário também gera uma discussão muito rica. Fiquei muito feliz com a notícia sobre a Rota, pois vamos buscar mais capacitação e adequar nossas estruturas para fortalecermos nossos negócios”, explicou.

A Granja Bicho do Mato hoje conta com 10 mil galinhas que produzem 9 mil ovos diariamente e as vendas são realizadas por meio do WhatsApp e de um site criado para este fim. Não há vendas em grandes supermercados, devido à falta de registro dos ovos caipiras. Para conseguir esta regularização o produtor precisa atender a alguns critérios que demandam um investimento difícil de realizar com o capital do pequeno negócio: Thiago contou que um dos equipamentos, uma balança de pesar ovos, custa cerca de R$180 mil, algo fora do alcance do produtor.

O que a Rota propõe, de acordo com o Ministério do Desenvolvimento, é a estruturação desta cadeia produtiva, com produção de insumos, produção primária, agroindustrialização e comercialização; além disso, o fortalecimento do cooperativismo e do associativismo, para que alguns problemas, como o de aquisição de equipamentos relatado por Thiago, sejam resolvidos coletivamente.

O Sebrae e a Rota da Avicultura

Para Luís Nakanishi, gestor do Sebrae da cadeia de avicultura – parte do programa Agronordeste, a Rota da Avicultura Caipira é resultado da união de várias forças para o aprimoramento da atividade rural sergipana.

O projeto é fruto da parceria entre o Ministério da Integração, Sebrae, UFS, Empresa de Desenvolvimento Agropecuário de Sergipe (Emdagro), Secretaria de Estado da Agricultura, Desenvolvimento Agrário e da Pesca (Seagri), Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (Senar), associações e federações compostas por trabalhadores do setor.

“Essas instituições enxergaram o potencial dessa produção e a sua necessidade de estruturação. Algumas reuniões já foram iniciadas para que possamos traçar um diagnóstico sobre a criação de galinhas caipiras no estado. Como o Agronordeste já atua nessa cadeia, o Sebrae tem um papel essencial no processo. Após a avaliação da viabilidade do negócio em granjas pelo estado nós pretendemos operar na estrutura e qualificação, bem como orientar reformas e construções de locais próprios para classificação e embalagem dos ovos, por exemplo”, detalhou Nakanishi.

Professor Claudson complementa esse pensamento sobre os ganhos materiais do projeto: “materializar a Rota é dizer que Sergipe é pequeno em território, mas é grande em produtividade e possibilidades”.


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