Seguindo em frente :: Por José Lima Santana
José Lima Santana*
A Arquidiocese de Aracaju vive momentos de expectativa por conta das mudanças de alguns párocos que chegaram ao tempo de sair de uma para outra Paróquia, como é costume em todas as Dioceses e Arquidioceses. A expectativa também gira em torno das composições dos colegiados arquidiocesanos e, talvez, de outras alterações no âmbito da Cúria, ou de algumas manutenções, a depender do que Dom Josafá Menezes da Silva julgar oportuno.
O momento é de compreensão e de colaboração com o Arcebispo, que precisa ter a liberdade, pois competência canônica ele tem, para deliberar o que achar conveniente, no sentido de mudanças ou não.
Eu já disse em artigos anteriores, inclusive no de três semanas atrás, aqui mesmo no Correio de Sergipe, que é preciso deixar o passado no passado, no sentido de que há um novo Ordinário, e que a sua visão pastoral e administrativa deverá ser implementada, cabendo a nós do clero, com paciência, prudência e perseverança, ajudá-lo em sua missão. Enfim, a Arquidiocese é de todos os clérigos e leigos (as), com direitos e deveres.
Se buscarmos convergências, embora possamos divergir em determinados pontos, como é comum a quem tem o livre arbítrio, haveremos de nos somar àquele que o Papa Francisco nos enviou. Basta cada um fazer a sua parte com proficiência.
Nesse sentido, chamo a atenção para um fato ocorrido em Paris, em 1968, o ano em que a força da juventude varreu o mundo com novas ideias, choques e agitações. Pois bem. Diante das greves generalizadas em França, naquele período, começando com a greve dos estudantes, Paris estava coberta de lixo (como ocorreu em Aracaju, ao menos em duas ou três mudanças da gestão municipal). Começaria a alta temporada do turismo. Sem garis para limpar a cidade, o prefeito fez um apelo à população. No domingo seguinte, os parisienses pegaram suas vassouras e pás, varreram a frente de suas casas, na largura das respectivas testadas, até o meio da rua, recolhendo o lixo. Os do outro lado das ruas fizeram a mesma coisa. Logo, em menos de uma hora Paris foi varrida. Ou seja, cada um fez apenas a parte que lhe competia.
É exatamente isso que precisamos fazer, para auxiliar o Arcebispo em sua empreitada, que não é fácil, por muitas razões, mas poderá tornar-se amena se todos nós estivermos dispostos a colaborar, quem puder mais, mais; quem puder menos, menos. O importante é fazer o que disse Exupéry no livro Terra dos Homens: “Ser homem é precisamente ser responsável; é sentindo, colocando a sua pedra, que se contribui para a construção do mundo”. Que as nossas pedras jamais sejam de tropeço – e bem sei que não o serão –, mas pedras para bem construir.
Nenhum Bispo haverá de agradar a cem por cento do seu clero ou do laicato. Nenhum, salvo um milagre. Como nenhum dirigente, em qualquer atividade pública ou privada, agrada a todos. Isso é patente. Todavia, com esforço, as coisas andam, harmonizam-se.
Já sofremos demais nos últimos tempos. Basta! Chega de apreensões! Repito o que já afirmei antes: não importa se Dom Josafá, pelo tempo que terá entre nós, a partir de agora, exatos nove anos de episcopado, será um Arcebispo de transição. O que valerá mesmo é o que ele poderá construir com todos nós, para o bem da Arquidiocese, valendo dizer, do clero e dos fiéis, que o Senhor lhe confiou.
Algumas dificuldades certamente Dom Josafá poderá encontrar, afinal ele tem uma Arquidiocese com 114 Paróquias, incluindo as Capelanias, e um clero com quase 140 padres diocesanos, além dos religiosos, chegando a pouco mais de 160. É muito para um Arcebispo. Ele precisará, se for o que lhe haverá de convir, de um Bispo-auxiliar, como todos os Arcebispos anteriores tiveram, menos Dom João, uma das muitas razões pelas quais ele, por assim dizer, sucumbiu, adoeceu. Foram muitas, sim, as razões, algumas emanadas dele mesmo, ou a ele “impostas”.
Não podemos perder a oportunidade de recuperar algo que perdemos nos últimos anos: o bem-estar de todos nós, muito embora saibamos que nunca haverá de faltar necessidades a suprir ou dificuldades a vencer. Que o Santo Espírito nos ajude a continuar trabalhando, unidos a ele, o Arcebispo.